Correio da Cidadania

No rigoroso inverno político em que nos encontramos, as tarefas da esquerda parecem ser: organização, aprofundamento teórico, formação de militantes. Sem, contudo, abandonar as ruas, conclamando a massa a lutar pelos seus direitos (ainda que saiba não ser ouvida), a fim de ganhar credibilidade perante ela.

O conflito de interesses entre os parlamentares favoráveis e contrários ao voto do relator Aldo Rebelo atingiu a própria base do governo, a ponto de termos assistido a uma ácida discussão sobre a matéria, no Plenário do Congresso, entre duas figuras-chave no esquema governista: o líder do governo, deputado Cândido Vacarezza, e o líder do PT, deputado Paulo Teixeira. No tempo de Lula, não acontecia, pois ele tinha autoridade para impedir que tal tipo de conflitos ultrapassasse o âmbito interno.

Não parece desarrazoado levantar a hipótese de que o tema foi o Pré-Sal. Importador de petróleo, os Estados Unidos têm o maior interesse em qualquer fonte de petróleo. O Pré-Sal situa-se a mais de duzentos quilômetros da costa - distância que o Brasil fixou unilateralmente e que os Estados Unidos já declararam não aceitar. Mesmo sem saber ao certo, precisamos estar sempre atentos, porque "o império não dorme".

Não há uma taxa inflacionária para toda a nação, mas índices para cada pessoa. Quando o governo anuncia que a inflação é de 5,3%, a desvalorização monetária dos ricos está superavaliada e a dos pobres subdimensionada. A conta: o gasto com alimentação no orçamento do rico é desprezível, já no do pobre representa mais de 70% do rendimento mensal. O que de fato houve foi a manutenção de uma grande concentração da renda nos oito anos de governo Lula.

Na verdade, enquanto não for aprovada a lei que estabelece o financiamento exclusivamente público de campanha, as eleições jamais serão democráticas; some-se a igualdade do horário gratuito de televisão, independentemente do tamanho das bancadas dos partidos. São as condições indispensáveis à plena democratização do país. Aparentemente, estamos longe dessa consciência.

O comportamento dos EUA não ofende apenas os muçulmanos. É uma afronta a todos nós, que vivemos em países militarmente fracos. Não se pode aceitar o fato de que a CIA ou o FBI busquem pessoas para prender ou para matar sem autorização do sistema repressivo legal do país. O que se fez no Paquistão deixa claro que nenhum país está isento dessa intervenção.

Independentemente das diferenças de orientação política e ideológica entre as presidentas da América do Sul, o fenômeno é auspicioso e está destinado a ter conseqüências importantes. A eleição dessas presidentas estimulará as mulheres a participar mais intensamente da política. Cabe agora aos partidos e organizações de esquerda aproveitar essa oportunidade para favorecer a inclusão de mulheres em suas direções e nas chapas para disputa de cargos eletivos.

No norte da África, multidões indignadas estão depondo seus governantes e nos países ricos da Europa trabalhadores tomam as ruas e enfrentam a polícia em protestos contra o regime. Na falta de partidos socialistas ativos e preparados para dirigir essa enorme energia contra alvos certos, o mais provável é que as agitações dêem lugar a regimes ainda mais repressivos do que os que a massa popular está combatendo.

Historiadores a serviço da classe dominante contam os fatos acontecidos a partir dos interesses dessa classe. Por isso, a história que narram é sempre a história dos presidentes, generais, grandes empresários – gente importante. Howard Zinn escreveu uma história completamente distinta. No seu livro "História do povo dos Estados Unidos", os fatos são narrados na perspectiva dos interesses populares.

 

Causam estranheza as vantagens que várias empresas oferecem aos promotores públicos de SP. São descontos, prazos prolongados e outras vantagens, todas injustificáveis. Estas, são noticiadas no informe oficial da Associação Paulista do Ministério Público, o que significa que dinheiro público está sendo utilizado para pagar propaganda privada.

O "Bolsa Banqueiro" é alimentado por várias fontes. Uma delas é o sistema de previdência social. O enorme volume de recursos arrecadado é depositado em bancos privados, sendo por estes aplicados a juros de distintas maneiras. Obviamente esse dinheiro pertence ao trabalhador e não ao INSS. Menos ainda aos bancos em que são depositados. Não se entende por que os sindicatos não acionam a justiça.

Com a crise econômica, em vez de depósitos bancários, os países árabes receberam milhões de bocas a alimentar. Não têm como fazê-lo enquanto forem dominados por minorias insensíveis às demandas populares. A prova cabal de que a rebelião foi motivada pela falta de condições de sobrevivência da massa é a permanência dela nas ruas, após a renúncia de Mubarak. Em relação às conseqüências da queda, não se pode ser tão categórico como em relação às causas da mesma.