Correio da Cidadania

A conjuntura política na reta final do primeiro turno

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É bom considerarmos os elementos desse jogo complexo que são as eleições brasileiras de 2018, no momento atual do Brasil e do mundo.

1.    Do presídio Lula mostra toda sua força. Quiseram eliminar a figura de Lula prendendo-o, condenando-o, impedindo sua candidatura e eleição. Entretanto, do presídio ele leva seu candidato ao segundo turno, tudo indicando que será o novo presidente. O que seus algozes não conseguiram compreender – e jamais conseguirão – que um preso político tem mais força que um candidato comum.
 
2.    A pulverização do PSDB e aliados. O preço do golpe é a destruição eleitoral do PSDB. Não sobrou Aécio – teve que descer da presidência para ser um deputado federal – Alckmin, Serra, ninguém. Com propostas voltadas exclusivamente para o mercado, o PSDB mostra que não tem projeto nenhum para o povo e é dissolvido pelo voto popular. A parcela mais civilizada do PSDB vai com o projeto mais inclusivo no segundo turno.

3.    A emergência do nazifascismo. O Brasil tem tradição autoritária desde seu nascimento. A escravização dos índios e dos negros faz com que esse país seja moldado até hoje pela mentalidade escravocrata, que também se traduziu nos coronéis, nos golpes militares, na aversão da burguesia ao povo brasileiro. Mas, agora, uma parte realmente nazifascista põe seu rosto às claras.

4.    A reação das mulheres. Esse levante feminino repercute no mundo inteiro. Talvez seja o maior movimento feminista da história da humanidade. Excluídas, ultrajadas, ofendidas, humilhadas por uma chapa presidencial militar, as mulheres reagem com orgulho e autoafirmação. As manifestações ocorrem por todo o mundo e tem apoio de mulheres famosas e comuns do mundo todo, até porque o nazifascismo é uma ameaça universal. Esse fato é novo e deverá permanecer na sociedade brasileira até que tenhamos condições mais iguais para todos os gêneros.

5.    Estão em jogo apenas dois projetos de país. Embora com nuances diferentes, estão em jogo apenas dois projetos de país, isto é, um mais inclusivo e outro excludente. O primeiro pensa o Brasil para todos, o segundo pensa o Brasil apenas para os já bem estabelecidos. Eles estarão em confronto direto no segundo turno.

6.    As igrejas como novos currais eleitorais. A metáfora do “rebanho de ovelhas comandadas por um pastor” nunca foi tão verdadeira, mas pelo avesso. Há informações seguras de que pastores recebem uma carta com os candidatos que deverão apoiar. Um bilionário pastor, que vive nos Estados Unidos, apoia claramente a chapa militar. É bom lembrar que as teocracias sempre foram a base das piores ditaduras. Há movimentos dentro da Igreja Católica com postura semelhante. Entretanto, outras igrejas, muitos bispos católicos, já disseram abertamente que esses homens não os representam. Até onde o povo obedece a esses pastores só as urnas dirão. Esse é um fator que está presente nessas eleições e estará por muito tempo ameaçando a sociedade brasileira.

7.    O triunfo da civilidade. Apesar de todos os percalços a maioria da sociedade brasileira aponta para um caminho de convivência civilizada, evitando a loucura e a barbárie. É hora de cada um que se pretende civilizado dar seu voto e apoiar ostensivamente a defesa de um Brasil para todos.


Roberto Malvezzi é agente pastoral na região do Semiárido.

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