Correio da Cidadania

Na Palestina, movimentos organizam série de protestos por reconhecimento na ONU

0
0
0
s2sdefault

 

Os comitês de resistência popular já decidiram como serão as manifestações de apoio à proposta de reconhecimento do Estado da Palestina, a ser levada à Assembleia Geral da ONU, em setembro, pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). Como haviam comentado nas últimas semanas, os comitês farão ações pacíficas, de acordo com a política de não violência adotada há mais de um século pelos movimentos sociais palestinos.

 

“Seguiremos o exemplo dos egípcios na Praça Tahir”, informou Abdallah Abu Rahmah, coordenador da ação na Palestina, em referência à mobilização popular que forçou a queda do ditador Hosni Mubarak. “Vamos nos reunir no centro das cidades e acampar até que a ONU vote o reconhecimento do nosso Estado, nas linhas anteriores a 1967.”

 

A ordem é evitar confrontos com o exército israelense. Por isso, estão previstas marchas em locais distantes dos postos de controle e das colônias judaicas. “Nosso objetivo é obter a vitória nas Nações Unidas, e não provocar um enfrentamento”, explica o coordenador. “Esperamos que os soldados entendam isso e não entrem nas cidades para atacar os manifestantes. Estamos exercendo um direito reconhecido pela legislação internacional”.

 

Essa revelação acaba com as especulações do governo israelense sobre as ações populares palestinas em setembro. Os serviços de segurança de Israel enviaram relatórios garantindo que as manifestações nos territórios ocupados seriam pacíficas, mas nem mesmo essa informação sossegou os sionistas. Eles gastaram 75 milhões de shekels (cerca de 21 milhões de dólares) na compra de armas e equipamentos para usar nos atos públicos de setembro. Na quarta-feira (17), o gabinete do primeiro ministro Benjamin Netanyahu anunciou uma reunião do Gabinete de Segurança, para discutir os possíveis cenários dentro dos territórios palestinos. “Eles se concentraram nas mobilizações populares que devem ocorrer na Cisjordânia”, informou uma fonte do governo.

 

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, de extrema direita, anunciou à mídia que setembro seria um mês “violento e sangrento, numa escala nunca vista”. "Quanto mais a ANP fala que só vai operar no campo democrático, mais eu vejo preparações para violência e derramamento de sangue", afirmou a repórteres no Parlamento israelense, em 7 de agosto.

 

As fontes de informação do ministro, porém, parecem ter falhado. Caso as autoridades responsáveis pela segurança em Israel mantenham sua promessa, setembro será tranqüilo. Elas declararam que somente agiriam caso os ativistas se aproximassem dos postos de controle e das estradas que levam às colônias, construídas por Israel em terras palestinas e consideradas ilegais pela Corte Internacional de Justiça, em parecer de 2007. A violência que o exército usou contra os pacifistas na Nakba e na Naksa, em maio e junho, provocou dezenas de mortos e centenas de feridos do lado palestino e foi condenada no mundo inteiro.

 

Ao lado dos palestinos, nas ações programadas para as 10 “cidades” ou regiões distritais dos territórios ocupados (Belém, Ramallah, Nablus, Jenin, Tubas/Salfit, Tulkaren, Qalqiliya, Hebron, Jericó e Gaza), estarão centenas de israelenses, tanto aqueles que há mais de seis anos acompanham as passeatas das sextas-feiras nas vilas da Cisjordânia como os que aderiram recentemente à causa palestina. Além disso, prevê-se uma grande manifestação em Tel Aviv, reunindo milhares de israelenses, em apoio ao Estado palestino dentro das fronteiras pré-1967 – quando Israel tomou Cisjordânia, Jerusalém e Gaza – e com a parte oriental de Jerusalém como capital.

 

Também serão realizadas ações pacíficas em várias cidades do mundo árabe, da Europa, dos Estados Unidos, da Austrália e da América Latina. Em São Paulo, um ato público está marcado para 20 de setembro na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, às 17h.

 

Baby Siqueira Abrão, de Ramallah, para o Brasil de Fato. 

0
0
0
s2sdefault