Correio da Cidadania

Copa, Crise e Violência: é preciso outro projeto de país

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A menos de 60 dias da abertura  da Copa do Mundo do Brasil, o país vive situação peculiar, quase espantosa. O ufanismo e euforia popular que poderiam ser vislumbrados há alguns anos, diante da possibilidade de o acontecimento mais esperado no mundo futebolístico ocorrer em solo pátrio, não dão o menor sinal de vida. Muito pelo contrário. Sentimentos de revolta e descrença percorrem com forte evidência desde as classes mais desfavorecidas até as mais abastadas, ainda que a partir de motivações bem diversas.

 

Em meio a esses sentimentos, avança o cenário eleitoral. Mas não está claro o que vai ocorrer antes e durante a Copa; o perigo de apagões elétricos, de racionamento de água, de fiascos nas transmissões dos jogos ou problemas sérios nos estádios são parte do cardápio de incertezas no curto prazo.

 

O enorme stress da população brasileira é o episódio a ser registrado no atual e novo cenário que se abriu no Brasil. O país convive com uma saúde aos pedaços, e as epidemias de dengue estão aí novamente rondando o cotidiano das cidades. A educação mostra-se a cada dia mais sucateada. As manifestações explodem nas periferias e centros das maiores cidades, acompanhadas da barbárie policial. A corrupção invade as páginas dos noticiários. E a inflação está de volta, corroendo salários e diminuindo a sensação de bem estar da nova ‘classe média’.

 

Neste novo cenário aberto com as jornadas de junho de 2013, também inusitada é a violência com que a população está enfrentando as mazelas deste modelo de segregação social interminável que, até para as modernas arenas (antes eram estádios...) de futebol, está sendo levado. A cada semana surgem e se fortalecem ações de revolta. Bloqueio de avenidas, queima de ônibus, antes tão noticiados como atitudes afeitas a ‘grupelhos’ específicos e minoritários da sociedade, atingem agora um peso expressivo na ação de populares.

 

Não é, certamente, à toa que tem caído o apoio à candidatura da presidente Dilma, associada que está à degradação de condições sociais, gargalos econômicos, arrocho salarial. Apesar, no entanto, da queda na popularidade e nas avaliações positivas, o governo mantém respaldo, ancorado que está pelo desemprego baixo (mesmo que os índices baixos reflitam a queda de procura de emprego, ou seja, da PEA, a População Economicamente Ativa), pelas políticas assistencialistas e de transferência de renda, ou até mesmo pela percepção de se constituir no mal menor por parte de parcela razoável da população.

 

O que não se faz notar na atual conjuntura é uma articulação de fato entre o processo de esgotamento e violência da população com os movimentos sociais, com setores mais progressistas e à esquerda no espectro político, de forma a apontar para uma saída que coloque projeto que signifique uma ruptura com a desigualdade social histórica no país.

 

O difuso sentimento de que muita coisa está errada precisa ganhar uma forma consciente de outro projeto de país, onde ideias como igualdade social, soberania e democracia direta empolguem milhões de jovens que estão entrando na vida política, desconfiados e céticos com as ideias socialistas e de esquerda, por conta da empulhação corrupta que delas fizeram os governos do PT desde 2003.

 

Recuperar estas ideias e a esperança em outro tipo de sociedade é o desafio aos movimentos e partidos que não se renderam ao jogo da política e do poder dos grandes negócios.

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