Correio da Cidadania

Drama ou tragédia?

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O drama (ou seria melhor dizer tragédia?) do país decorre de fatores estruturais e conjunturais.

 

Os primeiros são: a dependência econômica, que nos acompanha desde o nascedouro e a escravidão que enodoou o país por mais de trezentos anos. Ambos somaram-se para criar uma sociedade dividida, hierarquizada, autoritária e cruel.

 

Os fatores de ordem conjuntural estão ligados à crise econômica mundial. Isto pode ser explicado da seguinte maneira: os capitais dos países desenvolvidos, na falta de oportunidades de investimentos decorrente do quadro recessivo em que tais países se encontram, saem pelo mundo em busca de valorização financeira; como o Brasil pratica uma das taxas de juros mais altas do mundo, eles vêm para cá, inundando nossas bolsas de valores com divisas.

 

O acúmulo de divisas gera a folga orçamentária que permite ao governo financiar a farra do consumismo irresponsável. Com os subsídios do crédito fácil e dos juros baixos, passam a ter acesso a bens de prestígio grupos sociais que jamais tiveram esse acesso.

 

Isto lhes dá a confortável sensação de haverem ascendido de classe social. Pura ilusão, mas suficiente para que atribuam a Lula a mágica que lhes beneficiou.

 

Basta uma ligeira melhora no quadro recessivo dos países desenvolvidos para que os capitais “golondrinas” retornem aos seus países em menos de vinte e quatro horas. Ao Brasil restarão as falências, o desemprego e mais uma oportunidade de desenvolvimento perdida.

 

Objeta-se a este raciocínio com o fato de que o intercâmbio comercial do Brasil com a China responde mais pela bonança econômica do que os capitais estrangeiros aplicados em nossas bolsas.

 

A objeção aparenta ter alguma base, mas não resiste ao argumento de que, como qualquer economista sabe, a economia chinesa pode explodir a qualquer momento.

 

Nessa hora, ao Brasil restarão as falências, o desemprego e mais uma oportunidade de desenvolvimento perdida.

 

Que fazer diante de uma realidade política assim adversa?

 

Assim como o agricultor tem distintas tarefas no verão e no inverno, a esquerda tem tarefas diferentes nas distintas conjunturas em que deve agir.

 

No rigoroso inverno político em que nos encontramos, suas tarefas parecem ser: organização, aprofundamento teórico, formação de militantes. Sem, contudo, abandonar as ruas, conclamando a massa a lutar pelos seus direitos (ainda que saiba não ser ouvida), a fim de ganhar credibilidade perante ela.

Comentários   

0 #2 valeu a intenção da sementeze antonio 08-07-2011 12:00
Nestas horas lembro do Betinho e do Henfil se não ..., se não e no final valeu a intenção da semente. Estamos muito longe do Brasil somos intelectualmente e culturamente eurocentricos .
A pesquisa o conhecimento da nossa realidade dependente , periférica desumanizada até o extremo e as formas de agir tem que ser muito diferentes .
Descobrir , inventar é que desejo ao Correio da Cidadania nestes dias cinzentos depois da seca chegarão as chuvas Um abraço a tods
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0 #1 RE: Drama ou tragédia?rafael 01-07-2011 11:10
Ola,

Realmente esse ponto de vista tem fundamento. Mas o Brasil de hoje tem uma realidade diferenciada ou digamos privilegiada. Que favorece investimentos e ao desenvolvimento economico e social do pais. Acredito que o Brasil tem mais chances de entrar em uma crise por parte da pessima gestao publica financeira do que pela retirada de investimentos no pais. Gostaria de saber sua opniao sobre iss. Obrigado.
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