Correio da Cidadania

Triste ilusão

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Os índices de inflação apresentados ao público proporcionam uma informação muito limitada a respeito da realidade. Isto, por uma razão muito simples: não há uma taxa inflacionária para toda a nação, mas índices inflacionários para cada pessoa.

 

Por isso, quando o governo anuncia que a inflação é de 5,3%, a desvalorização monetária dos ricos está superavaliada e a dos pobres subdimensionada.

 

Faça a conta: o gasto com alimentação no orçamento da pessoa rica é desprezível, já no do pobre representa mais de 70% do seu rendimento mensal.

 

Por isso, quando o governo declara que a causa principal do aumento foram as elevações de preço dos alimentos, fica evidente que a inflação dos pobres foi bem maior do que isso.

 

Como afirmar que os mais pobres tiveram aumentos substanciais de renda, tanto assim que a maioria deles ascendeu aos padrões de consumo da classe média?

 

Indubitavelmente, diminuiu o número de pessoas que passam fome em algum período do ano, embora ainda sejam 35% da população; e é evidente que cerca de 30 milhões de famílias acederam a padrões de consumo típicos das famílias de classe média.

 

Triste melhoramento, contudo, pois consiste em unicamente impedir que pessoas mal nutridas deixem de passar alguns dias de fome aguda em algum período do ano e que faz pessoas da classe C acreditarem, por terem acesso a eletrodomésticos e serviços típicos do padrão de vida da classe média, que já fazem parte dessa categoria social.

 

O pobre, que leva um eletrodoméstico para casa ou que faz, pela primeira vez na vida, uma viagem de avião, não vê saída para a péssima educação que seu filho está recebendo na escola pública, ao risco que está correndo de esperar meses por um exame médico e anos por uma intervenção cirúrgica nos hospitais públicos.

 

Esses fatos comprovam a deterioração dos serviços de educação e saúde, provocada pela opção política do governo.

 

A propósito da distribuição de renda, o diretor do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas) acaba de esclarecer que as cifras não traduzem a realidade, porque se baseiam apenas na renda auferida do trabalho, desconsiderando a riqueza acumulada com os ganhos de capital por parte da burguesia brasileira.

 

Se essa relação for tomada em conta, verificar-se-á que, ao invés de redistribuição, o que de fato houve foi a manutenção de uma grande concentração da renda nos oito anos de governo Lula.

 

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