Correio da Cidadania

Lula conduz rota colonial pavimentada por Temer e Bolsonaro

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A aceleração dos leilões para exploração e produção do petróleo nos governos Temer e Bolsonaro, assim como a continuidade, com Lula, das políticas de preços relativamente altos dos combustíveis, de baixo investimento e alta distribuição de dividendos da Petrobrás, da baixa, provisória e já extinta taxação da exportação de petróleo cru e a não reversão das privatizações de refinarias e da distribuidora de combustíveis da estatal, são responsáveis pelo recorde da exportação de petróleo cru e importação de seus derivados para o Brasil. Trata-se de relação internacional do tipo colonial, onde se exporta produtos primários e importa produtos industrializados de maior valor agregado.

Exportação do petróleo cru e importação dos seus derivados

O Gráfico 1 apresenta a exportação média de petróleo cru brasileiro, em barris por dia, de 2000 até junho de 2023. [1]

Gráfico 1: Exportação média de petróleo cru do Brasil, em barris por dia

No Gráfico 1, para 2023, foi considerado o período de janeiro a junho, no qual a média de exportação diária alcançou o recorde histórico de cerca de 1,5 milhão de barris por dia. Elevação de três vezes em relação a 2006, ano da descoberta da reserva do pré-sal.

A possibilidade do uso do petróleo do pré-sal para o desenvolvimento brasileiro, com seu consumo no país, industrialização e agregação de valor, se transformou em mais um ciclo primário exportador, equivalente aos do pau-brasil, do açúcar, da mineração, do café, da borracha e do cacau.

O Gráfico 2 apresenta a participação relativa das petrolíferas privadas e estatais estrangeiras na exportação do petróleo cru brasileiro. [2]

Gráfico 2: Exportação relativa do petróleo brasileiro por petrolíferas privadas e estatais estrangeiras


No Gráfico 2, onde para 2023 foi considerado o período de janeiro a junho, se apresenta a crescente participação relativa das petrolíferas privadas e estatais estrangeiras na exportação do petróleo do Brasil. Se, em 2009, elas representavam menos de 10% do total exportado, em 2023, alcançam mais de 60%.

Nenhum país continental e populoso como o Brasil se desenvolveu pela exportação de petróleo cru ou outros produtos primários. A perspectiva de desenvolvimento é ainda menor quando a exportação é feita por petrolíferas estrangeiras, beneficiadas no processo.

Enquanto se exporta cada vez mais petróleo cru do Brasil, mais se importa de seus derivados de maior valor agregado.

O Gráfico 3 apresenta a importação média de derivados de petróleo, entre 2000 e 2023. [1]

Gráfico 3: Importação média de derivados de petróleo para o Brasil, em barris por dia


O Gráfico 3 apresenta o crescimento da importação de derivados desde 2005. Em 2023, de janeiro a junho, foram importados mais de 600 mil barris por dia de derivados, enquanto se exporta cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo cru.

O Gráfico 4 apresenta o custo histórico pela importação dos derivados, em milhões de dólares por ano. [1]

Gráfico 4: Dispêndio anual médio pela importação de derivados de petróleo para o Brasil, em milhões US$ (FOB) por ano

O Gráfico 4 apresenta o dispêndio projetado para 2023, a partir do custo com as importações entre janeiro e junho. Em 2000, o custo total com as importações de derivados foi de US$ 3,2 bilhões, em 2023 o custo projetado alcança quase US$ 20 bilhões.

Apesar do impacto negativo para a economia e a balança comercial brasileira, há quem obtenha lucro na atividade empresarial de importação de derivados de petróleo para o Brasil.

O Gráfico 5 exibe a participação relativa das importadoras e distribuidoras privadas na importação de derivados para o Brasil.

O Gráfico 5 evidencia que desde 2015 a participação relativa das importadoras e distribuidoras privadas se elevou muito. O aumento da lucratividade da cadeia de importação se consolidou a partir de outubro de 2016, quando a direção da Petrobrás adotou a inédita, arbitrária e antinacional política de Preços Paritários de Importação (PPI). Entre 2017 e junho de 2023, os agentes privados importaram entre 65% e 76% dos derivados de petróleo para o Brasil. [2]

Gráfico 5: Importação relativa dos derivados de petróleo por importadoras e distribuidoras privadas


A hegemonia dos importadores e distribuidores privados não foi ameaçada pela produção nacional, ou importação pela Petrobrás, nos primeiros seis meses do governo Lula, quando mantiveram 67,5% de participação na importação de mais de 600 mil barris por dia de derivados para o Brasil.

O Gráfico 6 apresenta a diferença média entre os preços para importação dos derivados para o Brasil e os preços de exportação do petróleo cru brasileiro. A diferença média dos preços é um sinal do maior valor agregado dos derivados, na comparação com o petróleo.

Gráfico 6: Diferença média entre os preços dos derivados importados e do petróleo exportado, em dólares por barril