Correio da Cidadania

O enterro de MJ e os 19 anos sem Cazuza

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Hoje, 7 de julho de 2009, dia do enterro de Michael Jackson, é a data que aniversaria a morte de Cazuza. Dois artistas que transcendem às suas próprias pessoas. Dois iconoclastas das artes.

 

Dois artistas que, além da morte física, sofreram, sofrem e sofrerão tentativas vãs de desqualificá-los, de caluniá-los, de transformar as suas genialidades e legitimidades populares em algo menor, questionável.

 

A onda de moralismo que hoje se faz presente no mundo de forma avassaladora já atacava Cazuza, assim como a Michael Jackson, desde outros tempos. Não conseguiram se impor ou obscurecer o brilho próprio e natural destes dois magníficos e universais artistas. A morte destes ídolos é sempre um golpe nestas obscuras tendências, pois o povo vai às ruas, reverenciar a vida!

 

Um, o Cazuza, branco, egresso da classe abastada, um doidivanas urbano, nada conservador em suas atitudes e posicionamentos pessoais. O outro, Michael Jackson, negro que acabou bem sucedido na vida profissional que escolheu, que elevou ao estrelato a cultura negra. Talvez pessoalmente mais conservador do que o Cazuza, mas tão rico em arte revolucionária que fez com que sua música, dança e atitude artística, transpassasse todas as “fronteiras” culturais, fazendo com que todos os povos percebessem o essencial dessa arte.

 

Um, Cazuza, resgatando a iconoclastia do Rock, em consonância com a mais brasileira das músicas, no suave balanço da bossa nova e batuque do samba. O outro, resgatando o vigor da música negra, da atitude negra, no mundo dos brancos. “A inteligência negra no mundo dos brancos”; “um tormento na Terra”, como disseram alguns sobre ele.

 

E os dois rebolavam e faziam rebolar a todos, para desespero dos guardiões da moral e maus costumes. Para felicidade dos que não se acanham com a felicidade.

 

Foram perseguidos e vilipendiados pelo que tinham de melhor: a capacidade artística, a veia poética e o balanço musical. E um desdém imenso pelo que é formal.

 

Muitas mentiras e algumas verdades superlativizadas em importância foram usadas para atingi-los. Hoje vêm à tona as mentiras sobre a suposta (e já derrubada) pedofilia de Michael Jackson (e na própria voz do então menino que o denunciou, mal orientado pelos pais). Já Cazuza, drogadicto e liberado sexualmente que sempre se assumiu, mostrou que não nascera para ser exemplo, mas sim um Artista.

 

Ninguém conferiu mais auto-estima aos oprimidos raciais, sexuais, comportamentais e culturais do que estes dois. Um no Brasil, outro no mundo.

 

Mesmo dentro do meu persistente ateísmo agnóstico, não posso deixar de recorrer à imagem da chegada de Michael Jackson no Céu, recebido por Cazuza (desculpem-me os moralistas, mas é lá que estão se houver algo após a morte), de guitarra na mão, com tudo preparado para uma puta Jam Session de inauguração desta nova fase Pop do Céu.

 

Ao menos, quando eu aportar no outro lado, eles estarão bem ensaiadinhos. Viva Cazuza, viva Michael Jackson em nós!

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e sabe o que é bom pra tosse.

 

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Comentários   

0 #3 Leitura transversaRaymundo Araujo Filho 11-07-2009 07:38
Prezado Hidalgo

Acho que fizestes uma leitura transversa dos vários comentários que postei sobre o Irã.

Mesmo sabendo ser uma arriscada opinião (política sem riscos é coisa de Lullistas), afirmei e continuo afirmando, que não me anima fazer coro com os ditames dos EUA e Europa, seja para que assunto for.

Em nenhum momento afirmei, ou afirmo, que me identifico com a teocracia iraniana. E nem tampouco com o candidato que perdeu as eleições.

Meu apontamento é sobre O Que Fazer nesta situação. Será que apoiarias uma intervenção da Sétima Cavalaria, acompanhada da Sexta Frota, para restabelecer "Os Bons Costumes e a Democracia" no Irã?

De minha parte, penso que o Povo Iraniano avançará em busca de seu futuro. Os episódios da Luta de Classes de lá pertencem aos Iranianos e não aos EUA e seus aliados. Ou a qualquer bem intencionado, mas distante e ao sabor da gendarmeria do imperialismo, mesmo de forma involuntária.

Se for para moralizarmos o mundo através de intervenções, que se comece, então, pelos países governados por aliados dos EUA e que são tão obscuros e fundamentalistas quanto o atual presidente do Irã. Tenho uma enorme lista aqui comigo.

Há muito mais em jogo, nesta histeria midiática, do que a "restauração" da Democracia do Irã.

De minha parte, basta me chamares pelo meu nome. Este negócio de Dr. é supérfulo. Na Planície da Opinião Política, todos somos iguais e destituídos de títulos.
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0 #2 mal entendidohidalgo reis mores 08-07-2009 21:41
Muito bom o seu artigo;a comparação é sensível e inteligente.
Porém,há uma dúvida na minha cabeça:o Dr. é o mesmo que escreveu um artigo recente, exaltando a re-eleição no Irã?
Será a mesma pessoa que sauda MJ e Cazuza,e ao mesmo tempo, admira regime reacinário, fascista e teocrático? No Irã permitiriam um show de M Jackson e Barão Vermelho?
O Dr. tem certeza que sabe o que é bom pra tosse?!! Um abraço,
Hidalgo
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0 #1 Jussara 08-07-2009 19:36
Parabéns. Que bom que haja pessoas com a mente aberta como a sua!!! Concordo plenamente com você. Impossível não amar esses dois seres que vieram clarear o limbo em que vivemos...
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