Correio da Cidadania

Por que ser nacionalista?

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Depois de participar de um debate, uma jovem veio em minha direção e perguntou de supetão: “Por que ser nacionalista?” Respondi da melhor forma que pude, pois a articulação ficou comprometida pelo confronto com o inusitado. Depois, conscientizei-me que, para os jovens, com a dosagem diária de informações corrompidas pela mídia do capital, deve ser difícil entender que ser nacionalista é bom.

 

Gostaria de ser o cidadão de um mundo sem fronteiras, socialista, onde existiria uma única nação. Contudo, sei o quanto utópico este sonho é. Aos humanos, desde o nascimento, são impostas fronteiras e pátrias, mas eles são idênticos ao nascerem. O que torna as sociedades diferentes são as transmissões culturais e sociais ocorridas entre compatriotas durante a vida.

 

Uma sociedade pode privilegiar, pela sua história, cultura e sensibilidade, o individualismo e a competição, enquanto outra mais o coletivismo e a solidariedade. Estes são valores adquiridos através de gerações.

 

Fui destinado ao espaço Brasil e, mesmo não conhecendo a fundo outra cultura, agradeço ao acaso ou a Ele pela escolha. Podem ser citados Gilberto Freyre, Caio Prado Junior, Sergio Buarque de Hollanda, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Carlos Lessa e tantos outros para explicar a razão do meu contentamento, mas não é preciso. Enalteço, por exemplo, uma característica deste povo, que buscam negá-la: a solidariedade.

 

Sugiro a leitura do poema “Olhe aqui, Mr. Buster” de Vinicius de Moraes, no qual, de passagem, ele explica como é bom ser brasileiro. Gosto muito das suas últimas cinco frases:

 

Mas me diga uma coisa, Mr. Buster.

Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:

O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?

O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?

O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?

 

Creio que o poeta se enganou com relação ao time de futebol, mas o conceito transmitido por ele é perfeito. Sem recorrer ao poeta, poderia apelar para a música, a cozinha, o futebol, o Pré-Sal e tantas outras áreas de manifestação da brasilidade. Amo o jeito de ser deste povo, seus costumes e seus valores.

 

Como não há sociedade perfeita, existem mazelas na nossa também. A nossa grande mazela foi bem expressa por San Thiago Dantas: “No Brasil, o povo, enquanto povo, é melhor do que as elites, enquanto elites”. Uma parte da nossa elite econômica e política prefere se aliar ao capital internacional e a países estrangeiros para permitir a exploração do nosso povo, o que é facilitado pela sua total inocência com relação ao que se passa, graças à mídia tradicional brasileira. Mídia esta que, obviamente, está a serviço deste capital e destes países.

 

O capital vai buscar lucros e recursos naturais em todas as partes do mundo, mas leva as riquezas para onde estão seus donos. Assim, o fluxo de enormes riquezas tem sido das regiões periféricas para os países centrais. O controle por parte das populações dos subdesenvolvidos sobre este fluxo poderia ser modificado, se estas populações estivessem conscientes do que ocorre. Nestes instantes, elas estarão sendo nacionalistas. Enfim, ser nacionalista é buscar o bem para a sua sociedade.

 

Não me ufano pelo Brasil ser um dos cinco países do mundo com grande território, população e PIB, pois este fato não inibe o roubo das nossas riquezas. Porém, se o povo for realmente informado, não ludibriado, a sangria será estancada e o Brasil será um bom local para qualquer pessoa nascer. Nesta situação, me ufanaria do meu país.

 

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Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania.

Blog do autor: http://paulometri.blogspot.com.br

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