Correio da Cidadania

O brasileiro leitor

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Desconfio dos números. Prezo apenas o que têm de sugestivo. Não quero esquecer o imponderável. Feita a breve ressalva, vale a pena comentar os números recentemente divulgados sobre o perfil do leitor brasileiro.

 

Trata-se da pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’, cujos detalhes cada qual analisará por conta própria, fazendo as interpretações que ache convenientes. Estão no site do Instituto Pró-Livro.

Para já, lembremos que o Brasil é realidade de vivos contrastes. Não apenas naturais. Outro dia, no Rio Grande do Sul, os termômetros chegavam a 3°C e na Bahia fazia sol, tinha gente ligando o ar-condicionado.

 

Frio, calor, riqueza, pobreza, educação, indigência, sentimos em pontos diferentes do mesmo país. Diferenças regionais, diferenças de acesso ao ensino de qualidade, diferenças quanto ao poder aquisitivo, diferenças de acesso ao livro fazem-nos calcular médias que ocultam o promissor e o calamitoso.

 

Que o brasileiro, hoje, leia em média 4,7 livros por ano é para comemorar ou lamentar? Comemorar, sem dúvida, na medida em que duplicamos nossa capacidade de leitura nos últimos dez anos. Estamos lendo mais. O lamentável é que esse "nós" não somos todos nós. Ainda...

 

Os leitores das grandes cidades lêem mais. As crianças e os jovens (estimulados pela escola ou pela família, apesar dos pesares) estão lendo mais. O brasileirinho entre 11 e 13 anos lê quase 9 livros por ano, puxando a média para cima. Os que possuem mais anos de estudo lêem mais. Leitura, aqui, significa leitura de livros, revistas, jornais e textos na internet.

 

A pesquisa mostra que o brasileiro está lendo mais, mas não compra muitos livros: 1,1 livro por ano. Compradores mesmo, aqueles que podem montar biblioteca em casa, são 36 milhões de pessoas: 6 exemplares por ano, um livro a cada dois meses.

 

Outro dado: não estamos habituados a dar livros de presente. Quando compramos, é para o prazer pessoal, por uma busca pessoal de conhecimento ou por necessidade (profissional ou escolar). Presentear uma criança com livros é ato subversivo dos mais urgentes!

 

Mais pesquisa: 13 milhões de pessoas não têm um livro sequer em casa e 7 milhões têm apenas um único livro (a Bíblia, talvez).

 

As mulheres lêem mais do que os homens. O que, com todo o respeito a Monteiro Lobato, nos obriga a reescrever sua famosa frase: "Um país se faz com mulheres, homens e livros".

 

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor – Web Site: http://www.perisse.com.br/

 

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Comentários   

0 #2 EstatísticasEduardo 09-06-2008 14:36
Olá Gabriel:

Concordo; as estatísticas não são totalmente confáveis. Veja o exemplo abaixo.

Numa certa cidade dos USA foi consato que 50% dos alfaiates eram tuberculosos.
Movimento-se meio mundo para dar m jeito nessa situação.
O resultado: na cidade só havia 2 alfaiates.
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0 #1 Leitura e livrosTereza 05-06-2008 11:14
Caro Professor
Adoro ler. Nao concebo umas ferias sem um bom livro. Nao consigo dormir sem ler ao menos algumas paginas. Leio sempre, porem, assim como a maioria dos brasileiros, nao posso comprar todos os livros que gostaria. Sao caros, muito caros. Existem sim, algumas edicoes de bolso, mais sao ainda poucos os titulos publicados. Sou professora universitaria, mae de 3 filhos, que tambem sao bons leitores, porem em funcao das diferentes faixas etarias, as demandas sao diversas, o que dificulta o cultivo do habito.
Por duas vezes, por razoes profissionais, vivi no exterior. Uma delas na Franca, onde existem, nao mais bibliotecas, mais sim mediatecas. Incriveis. La se pode ter acesso a livros, Cds, Dvds, em quantidade e variedade. Acho que deveria ser um projeto prioritario de algum governo: a criacao de bibliotecas (mediatecas seria pedir muito?, amplas, diversificadas, que atraiam nossos jovens. Mas, parce que isso e um desejo ainda longe de ser satisfeito.
Tereza
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