Correio da Cidadania

Por que Lula conversa tanto com a oposição?

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Primeiro foi o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), depois os tucanos José Serra e Tasso Jereissati, este último na condição de presidente nacional do PSDB. E, nesta semana, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto o senador Romeu Tuma (DEM-SP), que já está com um pé fora do seu atual partido e o outro no PTB, integrante da base aliada. A pergunta que fica é simples: o que de fato representam as conversas do presidente com ilustres figuras da oposição?

Há quem diga que Lula quer governar sem oposição neste segundo mandato, daí a boa vontade com tantos de seus ferozes adversários. Não é bem assim. O presidente não é um ingênuo e conhece  bem o jogo da disputa pelo poder. Aparentemente, ele está realizando dois movimentos simultâneos: por um lado, estabeleceu uma ponte para dialogar com os governadores oposicionistas de São Paulo e Minas Gerais, ambos tucanos e desde já pré-candidatos à Presidência em 2010. A intenção das conversas parece ser sobretudo uma tentativa de negociação séria em torno de assuntos de interesse comum (aprovação dos projetos do PAC, prorrogação da CPMF e da DRU, rolagem da dívida dos estados, entre outros temas). Lula tem muito poder e sua coalizão no governo é ampla, mas, para algumas votações, precisará dos votos tucanos, até para aplacar a sanha de seus aliados por cargos no segundo escalão.


O outro movimento político do presidente, de caráter bem distinto, se dá em relação aos neo-Democratas e antigos pefelistas. Lula opera com essa turma do jeito que sempre operou: semeando a discórdia para colher uma oposição mais fraca. Magalhães e Tuma não são propriamente figuras com voz de comando na atual configuração do Democratas. Pelo contrário: Magalhães está doente e em franca decadência após a derrota para Jaques Wagner (PT) na Bahia e Tuma já avisou que está de saída da legenda. Lula sabe que a oposição mais radical ao seu governo está justamente no Democratas e faz o que manda a cartilha: tenta enfraquecer o adversário.  Desta forma, o que de fato está em curso é uma tática bastante sagaz do presidente, com dois objetivos bastante distintos em relação a PSDB e  DEM.

 

Resta saber como ele vai agir com os seus oposicionsitas à esquerda, do PSOL e PSTU. Até agora, a atitude tem sido de simplesmente ignorá-los. Não deixa de ser uma tática.

 

 

Luiz Antônio Magalhães é editor de Política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br).

Blog do autor: www.blogentrelinhas.blogspot.com

 

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