Correio da Cidadania

Equador: chega a ajuda estadunidense

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Foto: General Laura Richardson – Comando Sul / Crédio: Defense Visual Information Distribution Service

De mentira em mentira os Estados Unidos seguem se adonando dos países latino-americanos. Em cada momento da história uma mentira diferente, mas, desgraçadamente, sempre sendo bem sucedidos nas suas manobras. Houve tempo em que os ataques eram militares diretos, depois passaram a invadir com o apoio das elites nacionais. Em outro momento os ataques eram econômicos, via FMI, ou armações com apoio da CIA, ou financiamento de entidades usadas para desestabilizar. É um universo.

Em 1999 iniciaram outra forma de ocupação, legalizada e “humanitária”. Foi a que ocorreu com o Plano Colômbia, quando ocuparam o país com a mentira singela de “vamos acabar com o narcotráfico”. Lembrando que a Colômbia vivia desde os anos 1960 uma luta interna com vários grupos revolucionários. Era preciso colocar lá dentro os “marines” para evitar que o país descambasse para o comunismo. Daí a campanha de “salvamento” do país via a ação dos soldados estadunidenses que, inclusive, sequer poderiam sofrer sanções jurídicas ou penais, com plenos poderes para agir contra os colombianos. E lá se vão mais de duas décadas de presença militar dentro da Colômbia, enquanto o narcotráfico cresceu, ficou mais poderoso, mais violento e mais lucrativo. Logo, a ação dos estadunidenses por lá não acabou com eles, pelo contrário, fortaleceu.

Agora, assistimos outra vez a mesma velha mentira aplicada ao Equador. Depois de um avanço significativo dos grupos de narcotraficantes no país em função do abandono dos sucessivos governos às demandas da população e a dolarização da economia, que torna muito mais fácil a lavagem de dinheiro, o governo recém-empossado de Daniel Noboa, um jovem que teve toda sua formação nos EUA, abre as portas para uma “invasão”.

O pedido de ajuda aos Estados Unidos veio por conta de um ataque orquestrado de várias bandas ligadas ao narcotráfico que causaram terror na população e uma espécie de caos no país. Sequestros de agentes públicos, rebeliões em presídios, assassinatos, tudo isso em três dias. Ações que muito bem podem ter sido organizadas e financiadas por “forças invisíveis”.

Pois há poucos dias desembarcou no Equador a comandante do Comando Sul, general Laura Richardson. Veio num avião ucraniano cheio de equipamentos para a segurança e uma “ajuda” de 93,4 milhões de dólares para começar uma assistência de segurança ao país, protegendo o Equador dos narcotraficantes. Além disso, negociou um acordo de cooperação militar para troca de informações entre os dois países e para ação contra o crime organizado. A general concedeu entrevista à mídia equatoriana ressaltando que esta ajuda inicial tem características humanitárias (olha a mentira aí). Serão quase cem milhões de dólares doados por amor ao povo equatoriano. Quem pode cair nesse conto?

Laura Richardson ressaltou que os EUA querem ajudar o Equador, bem como os países vizinhos, a salvar a democracia. Oi? Quem conhece a história sabe onde isso vai parar. Basta ver como os EUA salvaram a democracia no Afeganistão, no Iraque e agora na Palestina, só para lembrar dos últimos anos.

Quanto à ação para barrar o narcotráfico, se considerarmos o trabalho realizado na Colômbia desde há 25 anos, o que se pode esperar é um aumento dos grupos, da violência e do narcotráfico que, aliás, tem seu ponto final nos EUA. A história está aí para provar. Ou é muita incompetência, ou acabar com o narco não é o objetivo.

No caso do Equador, definitivamente começar um governo ajoelhado diante do império estadunidense não parece nada bom. Resta ver como os movimentos indígenas, camponeses e de trabalhadores urbanos vão reagir.

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Elaine Tavares

Elaine Tavares é jornalista e colaboradora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC

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