Correio da Cidadania

Mais um ataque à Venezuela

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A história dos Estados Unidos é uma eterna repetição de mentiras, roubos e invasões. E quem prova isso é o historiador estadunidense Howard Zinn no seu livro “A outra história dos Estados Unidos”. Não é sem razão que esse país se configura num império mundial. No geral, as guerras provocadas pelos seus governantes sempre têm como motivo algum desejo pessoal de poder e de acumulação de riqueza. Para manter a “fama de mau” que tanto afaga o ego de uma larga fatia de estadunidenses nada nunca é melhor do que uma boa guerra. São esses conflitos armados que os EUA inventam contra os outros países que mantêm os presidentes ou os partidos no poder.

Agora é a vez de Donald Trump. Ele precisa vencer as eleições e as coisas não estão muito boas internamente. A pandemia chegou com força num país que não tem uma base pública de atendimento de saúde. O resultado é essa infinidade de mortes. Não bastasse isso a violência endêmica das forças repressivas, principalmente contra os negros e latinos, tem feito com que essas comunidades se levantem em grandes protestos. Logo, urge uma “guerrinha” para que o povo estadunidense se una contra um inimigo comum. Os conflitos no Afeganistão e no Iraque já estão “normalizados”, então é chegada a hora de um novo “inimigo da democracia” ser derrubado em nome da liberdade. Pois esse inimigo é a Venezuela.

Os meios de comunicação de massa já vêm desde longo tempo preparando o terreno para essa nova guerra. Mostram a Venezuela como uma ditadura, ignorando totalmente o processo democrático/popular que rege o país desde 1998, quando da primeira eleição de Chávez. Para o mundo, a Venezuela é um lugar obscuro, comandado por um ditador e onde a população passa fome e vive sem liberdade. A mentira é repetida milhares de vezes e já é uma verdade para grande parte da população estadunidense que reza para que aquele pobre país seja libertado pelos mariners.

Contra a Venezuela já foram tentados vários tipos de golpes. Golpe armado, golpe branco, desabastecimento, roubo das riquezas que estão no exterior, guerra econômica, pagamento de recompensa pela cabeça do Maduro. Tudo. E a população tem resistido bravamente. No último mês, foi tentada uma invasão relâmpago, por um grupo de mercenários, para captura do presidente, desde uma praia perto de Caracas. Não deu certo. Pescadores locais abortaram a missão, capturando os mercenários. As milícias populares da Venezuela estão sempre em estado de alerta.

Perdida mais essa oportunidade de assassinato do presidente, agora os Estados Unidos decidiram enviar tropas para a Colômbia – estado vizinho – para, segundo eles, ajudar no combate às drogas. Ou seja, essa é a senha para “invasão de país”. Quem se lembra da guerra do Vietnã? Foi assim. Primeiro os EUA mandaram “consultores” para ajudar o Vietnã do Sul a combater as forças rebeldes. Depois, os tais consultores viraram generais de guerra contra o povo do norte.

Tudo isso porque John Kennedy tinha de conceder aos anticomunistas de seu governo e, depois, mais tarde, Lyndon Johnson, precisando se eleger, decidiu aprofundar a guerra para posar de defensor do mundo livre contra os malvados comunistas. Deu certo para Johnson, mas não para o país. Quase 60 mil jovens estadunidenses morreram no Vietnã e os Estados Unidos perderam a guerra.

A mesma velha lógica se expressa agora na Venezuela. O ex-presidente Álvaro Uribe, reconhecido como narcotraficante, diz em seu twitter: "São 53 militares que vêm como assessores, sem armas, não é uma força de combate, vêm ajudar a conceber uma melhor política antidrogas na Colômbia”. Seria cômico se não fosse trágico. Assessores antidrogas? Não. São militares altamente treinados em táticas de guerra que devem assessorar grupos mercenários em ataques à Venezuela.

Nunca se pode esquecer que os Estados Unidos instituiu uma recompensa em dinheiro – 15 milhões de dólares – pela cabeça de Maduro. Sim, isso é coisa que acontece agora, não é o velho Oeste não. Um país oferece recompensa pela cabeça de um presidente de outro país, livre e soberano, eleito democraticamente. E ninguém se incomoda com isso. E os tribunais internacionais ignoram o crime. Tudo parece ser normal. Ao que parece, a intenção de Trump é ter a cabeça de Maduro para expor ante a opinião pública dias antes das eleições e assim ser reconduzido ao governo para mais um mandato.

Tudo muito parecido com o que fez Lyndon Johnson nos anos 1960. Mas, a realidade do hoje é outra. Não há soldados apaixonados por seu país, há mercenários em busca de grana. E a Venezuela não é o Vietnã. Não haverá repetição de fatos, tudo pode acontecer. O que pode se repetir é a tática estadunidense, isso sim. Primeiro manda os “assessores” e depois, chegam as tropas, por conta de ataques que a Venezuela fará, obviamente falsos. E aí sim, poderá ser respaldada uma invasão militar mesmo.

Enfim, resta acompanhar a escalada estadunidense em mais esse ataque a Venezuela. E sempre é bom lembrar que o país bolivariano tem milícias populares formadas e alertas, além das Forças Armadas oficiais. Com tantos ataques feitos sistematicamente desde o início do governo Chávez, a Venezuela não está e não estará distraída.

Elaine Tavares

Elaine Tavares é jornalista e colaboradora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC

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