Correio da Cidadania

Privatização e internacionalização galopam ancoradas em discurso ilusionista

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Duas medidas atuais revelam a quanto andam os acertos (não explícitos para o povo) entre o PSDB (de FHC e Serra) e o PT (de Lula, do Dirceu, Zeca e tantos outros, antigos e arrependidos revolucionários - não falo de "Lula revolucionário", é claro): a) o anúncio de estudos sobre a realidade de empresas estatais do estado de São Paulo - dezoito - determinado por Serra (tucano e ex-socialista), visando abertura de processo para entregá-las ao capital privado; b) a privatização de estradas federais - concluída no dia 09/10/07 - e que transfere nosso patrimônio para uma empresa espanhola: "A empresa OHL ficou com cinco dos sete trechos de rodovias que foram leiloados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)", envolvendo as rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt (Folha de São Paulo, 10/10/07).

É sempre necessário recordar que "empresas estatais é sinônimo de dinheiro público investido" e que deveriam estar a servido do público e não do privado; que foram construídas com nosso dinheiro, porque o sistema dizia que os governantes tinham a responsabilidade de investir em empresas estratégicas, uma vez que o desenvolvimento da nação dependia dessas empresas de base.

Pois bem, o dinheiro do povo, arrecadado através de impostos e taxas, foi desviado do seu destino social (vejam o caso da CPMF, como simples exemplo) e redestinado para atender às "necessidades estratégicas" do capital. Depois de cumprir sua missão, permitindo o desenvolvimento extraordinário da indústria capitalista, quando deveria então dar retorno para o social, do qual foi desvirtuado, eis que nossos governantes, atendendo às determinações dos seus chefes, driblam a expectativa popular e transferem essas empresas públicas para os ladrões nacionais e internacionais, denominados ironicamente de iniciativa privada (ou capital privado). Não é por menos que Lula considera usineiros seus "heróis". Serra é mais prudente, pois não confessa seus crimes, assim não precisa dizer que "não sabia" ou que "não é verdade".

Quando das "privatarias" desenvolvidas pelos tucanos, pudemos presenciar, antes, o processo de desmonte das empresas estatais: a Cosipa, sob comando de FHC - durante o governo estadual de Montoro -, sofreu um extraordinário processo de inchaço, fato que propiciou, posteriormente, ao governador Covas a justificação para sua "privatariação"; o mesmo se deu com o Banespa; as estradas estaduais foram deixadas, em parte, sem a devida manutenção, e assim por diante, forjando-se realidades falsas a fim de justificar, perante a opinião pública, os crimes que se cometiam contra o patrimônio público, isto é, contra os bens do povo.

Lula não deixou por menos: abandonou as estradas de rodagem federais, deixando-as esburacadas, desviando recursos a elas destinados para fazer "superávit primário"; engambelou o povo durante sua reeleição dizendo que investeria rios de dinheiros para recuperá-las, e mais uma vez não cumpriu suas promessas, e agora as entrega para as privadas (empresas), que começarão a impor a segunda taxa rodoviária aos seus usuários: os pedágios, como fez o governo Covas-Alckmin.

 

Com isso, explorar-nos-ão por nada menos que vinte e cinco anos! Nesse rol de entregas estão a Amazônia, as terras que Lula quer destinar aos canaviais, a Previdência, os bancos que ainda restam, assim como a legalização das sementes transgênicas, enfim, uma lista enorme de transferências da coisa pública.

E o Serra, que em seus discretos encontros com Lula vem tramando contra o povo, quer entregar nada menos que 18 empresas públicas para a exploração privada - embora a construção continue a ser feita com o seu, o meu, o nosso sagrado e suado dinheirinho, dinheiro que faz muita falta em milhões de lares paulistas. A lista não é nada desprezível: a Nossa Caixa, a SABESP, a CESP, o Metrô... Imaginem que, finalmente, os abutres internacionais irão conseguir algo que vêm tentando há décadas: tornar a água, um elemento da natureza, vital para o povo, patrimônio universal e inalienável, em mera mercadoria. Quem não tiver dinheiro não poderá bebê-la. É a condenação à morte de milhões de seres humanos. E o povo continua, ingenuamente, elegendo seus algozes.

Lulismo-petismo e tucanato irmanados com o objetivo de implantar a barbárie no país, fazendo-nos regressar às tristes épocas do colonialismo servido pela escravidão. Depois, para enganar ainda mais o povo, vão fazer de conta que são antagonistas, continuarão a fazer um pseudo jogo de braço pra ver quem consegue ser mais sutil em suas meias-verdades e muitas mentiras e, assim, permanecer no poder por mais tempo. Claro, com o suporte político e financeiro do capital nacional e internacional, o grande vencedor desta tragédia.

 

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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