"Só no Forevis", novo disco do Raimundos, faz uma crítica irônica à mídia que costuma não dar tanta atenção à banda, usando como desculpa as músicas com alguns palavrões que eles compõem, mas que, por outro lado, exibe aquele já conhecido festival de traseiros à qualquer hora do dia. Eles deixaram claro em algumas entrevistas que a bronca deles não é contra pagodeiros e sertanejos. A capa do CD traz a imagem que os programas de TV querem que um artista novo tenha.

Mas não pense o leitor que o a banda também fez a música que esses programas querem. "Só no Forevis" (que foi produzido por Tom Capone) é a reunião do melhor que o Raimundos já compôs nos quatro discos anteriores. Segundo Rodolfo (vocalista), o fato da gravação desse disco ter sido feita no Brasil, perto dos amigos e da família (ao contrário do anterior, "Lapadas do Povo", gravado nos EUA), fez com que eles pudessem se preocupar única e exclusivamente com a música. As letras, como sempre, falam dos assuntos tradicionais da banda: mulher, situações cotidianas e alguma pitada de rebeldia juvenil. Como prometido há duas semanas, aqui vai uma descrição faixa a faixa desse ótimo álbum.

1. Só no Forevis — Pequena vinheta de abertura que dura cerca de trinta segundos. Trata-se da melodia de "Selim" (do disco de estréia), em ritmo de samba e cantada com todos aqueles "lá-lá-iás" do pagode. Participação de Marcelo D2.

2. Mato Véio — Punk rock cru e direto que fala sobre uma mulher perfeita, "de bunda grande, inteligente, que durma tarde e acorde tarde".

3. Carrão de Dois — Hardcore elevado à enésima potência, numa boa mistura de velocidade e melodia.

4. Fome do Cão — Uma pequena influência de forró reaparece depois de muito tempo. Uma das músicas mais pesadas do disco.

5. Mulher de Fases — Primeiro single a ser tocado pelas rádios e que já tem vídeo rolando na MTV. Informalmente conhecida como "melô da t.p.m.", a letra fala de uma mulher "complicada e perfeitinha" que, a cada hora, está com um humor diferente. Pela primeira vez, um arranjo de cordas numa música do Raimundos, misturado a um rock básico.

6. Alegria — No mesmo estilo de "Carrão de Dois", com letra raivosa. "Levanto os olhos pro céu e grito/’vem cá bom Deus, vingar Jesus’/o pobre aqui não vive, sobrevive/feridas que a revolta cria, eu sou o pus".

7. A Mais Pedida — Num som completamente "ramônico", com muito bom humor, Rodolfo fala da censura para menores em alguns dos shows da banda e de como o sucesso fabrica ídolos. "Meu cabelo é ruim/mas meu terno é de linho/vou ser seu Salgadinho/você vai gostar de mim/se eu tocar no seu radinho", diz o refrão. Participação especial da vocalista da banda, Penélope Charmosa.

8. Boca de Lata — Rap com participação especial do DJ Gonzalez, do Planet Hemp. A letra, como de costume, fala de mulher.

9. Me Lambe — Ska que narra a história de uma paixão por uma menor de 17 anos e toda a confusão que esse "romance" causaria. Ao lado de "Pompem", o ponto baixo do disco.

10. Pompem — Produzida por Carlos Eduardo Miranda, não faria falta no CD.

11. Deixa eu Falar — Rock pesado com letra defendendo a liberdade de expressão. Com participações especiais de Black Alien (Planet Hemp) e Alexandre (Nativus).

12. Aquela — Originalmente gravada pelo Little Quail & the Mad Birds em seu disco de estréia e que, injustamente, passou despercebida.

13. Língua Presa — Hardcore na velocidade da luz, com bom humor, cantado com "sotaque" de quem tem língua presa. Imagine alguém com língua presa cantando "rola altas paradas em Araraquara, em Caraguatatuba … porque nessa galera me chamam de língua presa, mas ninguém tem coragem de falar na minha cara".

14. Mulher de Fases (A Linda) — Versão country (?!) do primeiro single de "Só no Forevis".

(Sugestões, críticas e elogios para o e-mail: mundorock@zipmail.com.br)

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