Correio da Cidadania

Abre-se perspectiva de união da esquerda contra acirramento conservador

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A apresentação e as justificativas para boa parte das medidas contidas no Programa de Aceleração do Crescimento do governo Lula, o PAC, não foram suficientemente sutis para contrarrestar o seu caráter publicitário e desestruturador para a classe trabalhadora. 

 

Estabelecimento de regras tendentes a reajustes irrisórios, para não dizer arrochantes, do salário mínimo, congelamento do salário do funcionalismo público, uma polêmica utilização dos recursos do FGTS, ao mesmo tempo em que se aceleram os projetos para incrementar as parcerias público-privadas e permanecem intocáveis os interesses e lucros do sistema financeiro, já não deixariam margem a dúvidas quanto às  prioridades do segundo mandato.

 

Acresçam-se fatos posteriores, tais como as tentativas de “regulamentar” o  direito de greve, a  mudança dos cálculos para correção da poupança, a tônica das negociações no recém criado Fórum da Previdência - e, mais recentemente,  as perspectivas de aprofundamento dos laços comerciais Brasil/EUA em torno ao etanol e, “last, but not least”, a promoção dos usineiros de “bandidos do agronegócio” a “heróis nacionais” -, e nem mesmo com muita boa vontade é possível acreditar no surgimento de algum ponto luminoso em favor daquilo que se tem convencionado chamar de “retomada do desenvolvimento”, ainda por cima com “justiça social”.

 

O colunista Fernando Silva bem retrata esse quadro ao mencionar que “o segundo mandato de Lula da Silva não começou com uma pancada única como foi em 2003 com a reforma previdenciária. Mas que ninguém se engane, o que estamos assistindo é muito pior e ainda mais perverso. Porque são muitas pancadas, ataques amplos, vários deles com profundas e danosas conseqüências de médio prazo e que não estão sendo sentidas de imediato pelos trabalhadores e o povo porque são feitos no varejo”.

 

A grande dificuldade no estabelecimento de um contraponto à atuação que, do lado do capital, vem uníssona  está atualmente na falta de coesão entre as várias centrais sindicais,  organizações populares e partidos de esquerda. Com agendas carregadas, cada um deles “organiza a ‘sua’ e a cumpre isoladamente. Como nenhum deles tem força suficiente para realizar grandes manifestações, o ano transcorre com dezenas de atos públicos que não têm o menor impacto nas políticas do governo e nas manobras da direita”.

 

O Encontro que reuniu centrais sindicais e movimentos populares combativos no dia 25 de março em São Paulo  poderá, nesse sentido,  ser um marco histórico importante para o avanço da luta popular. Mesmo diante da constatação de que a luta do povo deverá ainda resistir por muito tempo face ao poder da burguesia, não há quem consiga manter uma luta defensiva indefinidamente.

 

Veja as análises de Fernando Silva , Altamiro Borges e também o Editorial .

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