Correio da Cidadania

Guerra da Ucrânia: a contraofensiva de Kiev

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Zelenskiy diz aos russos para fugirem de ofensiva ucraniana no sul – Money  Times
Mais de cento e oitenta dias de confrontação – desigual - entre Rússia e Ucrânia por causa de parcela significativa de território de país cuja soberania é na prática contestada pelo Kremlin, embora reconhecida pela comunidade internacional há trinta anos, ao cabo do processo de dissolução da União Soviética (URSS).

Há poucos dias, um atentado mortal dirigido, segundo os meios de comunicação, a Aleksander Dugin, terminou por atingir sua filha. Na última hora, ele teria decidido deslocar-se em outro veículo. A investigação ainda não revelou ao público nem o mandante, nem a motivação, conquanto se tente conectar o caso com a guerra.

O filósofo é considerado um dos defensores do ideário da grande nação russa, perspectiva através da qual vários territórios (entre eles o ucraniano) pertencentes a países soberanos deveriam retornar ao controle de Moscou.

Quanto ao andamento do conflito russo-ucraniano, a avaliação do restante da Europa sobre ele divide-se em resistir ao posicionamento do Kremlin como Londres – orientado pelo aliado Washington, rival histórico do governo agressor - ou em negociar como Paris com a finalidade de direcioná-lo para um necessário cessar-fogo.

Há dúvidas se o ingresso em breve da Finlândia ou da Suécia às fileiras da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) proporcionaria maior segurança aos demais países próximos geograficamente da Rússia.

Ou se isso seria observado como grande provocação ao governo de Vladimir Putin, intimorato até o momento à aplicação de severas sanções da coligação euroamericana, ao ter em vista a ausência imediata de negociações quer bilaterais, quer regionais.

De toda forma, o confronto assusta a sociedade europeia, desacostumada de combates incessantes no continente a datar de fins do século passado quando da ocasião de disputas constantes na área da antiga Iugoslávia por soberanias sobrepostas.

Até os dias de hoje, contingentes otanianos permanecem na conturbada região, com o propósito de garantir senão a paz, ao menos a estabilidade entre os diversos povos como sérvios, cosovares, croatas ou bósnios cujo convívio havia perdurado por décadas, a despeito do regime – monarquia ou comunismo.

Depois de semanas de espera, Kiev parece ter condições de revidar os ataques de Moscou com maior intensidade nas terras tomadas pelo invasor, embalado ele, por via de regra, por sofisticados armamentos oriundos de Washington.

A contraofensiva tem a expectativa de forçar o recuo dos combatentes moscovitas até o final de setembro, aguardado período de alteração climática; perante a questão temporal, a dúvida é se os efetivos kievitas aguentarão manter o ritmo pelos próximos dias.

Caso contrário, a movimentação das tropas e da equipagem de ambos pode sobremodo dificultar-se devido às chuvas contínuas diante da infraestrutura danificada por enfrentamentos nas últimas semanas.

Em ocorrendo isso, seria o sinal de que o conflito se estenderia por mais meses com ampliação da incerteza sobre fornecimento energético à Europa central, segurança nuclear na Ucrânia e, não menos importante, o destino da população ucraniana.

Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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