Em apoio aos Trabalhadores da Educação

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Frei Marcos Sassatelli
05/06/2014

 

Manifesto total apoio aos Trabalhadores da Rede Municipal de Ensino de Goiânia: servidores administrativos, auxiliares de atividades educativas e docentes. Todos e todas que lutam por uma Educação Pública de qualidade devem fazer o mesmo.

 

As reivindicações dos Trabalhadores da Educação são justas e a greve é um direito dos Trabalhadores. Chega de embromação! Não dá mais para aguentar tanto descaso para com a Educação Pública! É um verdadeiro caos!

 

Parabenizo o Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (SIMSED), que - por sua organização e prática democrática - demonstra ser um Sindicato autêntico, preocupado com a Educação Pública de qualidade e com os direitos dos Trabalhadores da Educação. Demonstra, também, ser um Sindicato não corporativista, mas atento aos desafios da sociedade e disposto a contribuir para com o “bem viver” do povo. Espero que continue sempre assim! Ser autêntico e não corporativista são as duas principais qualidades de um verdadeiro Sindicato de Trabalhadores.

 

Infelizmente, não posso dizer a mesma coisa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (SINTEGO), que - renegando a sua história - se tornou, há bastante tempo, um Sindicato atrelado a interesses partidários escusos e - pelo menos no caso de Goiânia - covardemente submisso à política governamental. Repudio sua prática pelega.

 

Basta lembrar o comportamento do SINTEGO na greve dos Trabalhadores da Educação do Município de Goiânia de 2013. Ele traiu os Trabalhadores da Educação. Mesmo na atual greve - decretada no dia 22 de maio -, o SINTEGO é completamente omisso.

 

Fiquei indignado com as últimas eleições realizadas no SINTEGO. Foram um espetáculo deprimente e repugnante. A maracutaia praticada pela atual diretoria foi de um descaramento inadmissível. Ela comportou-se como os antigos coronéis do interior que trocavam de cargo entre eles, para manter o domínio político sobre o povo.

 

Os Trabalhadores da Educação, que se sentirem lesados, devem recorrer à Justiça contra a vergonhosa manobra da atual diretoria do Sindicato, pedindo - se for o caso - a anulação do pleito e novas eleições gerais, verdadeiramente livres, ou, pelo menos, uma nova eleição na Regional de Rio Verde, cujas urnas foram impugnadas, invalidando os votos. Se, na Regional de Rio Verde, a eleição não atendeu - como diz a Comissão Eleitoral - ao Regimento interno do Sindicato, não foi certamente por culpa dos eleitores, mas por uma falha na própria organização da eleição. O direito dos eleitores de votar deve ser preservado. Que a justiça seja feita!

 

As ações dos Trabalhadores da Educação em greve - como a ocupação do Departamento de Gestão Pessoal (DGP) da Secretaria Municipal da Educação (SME), a grande manifestação do dia 3 de junho, às 14 horas, na Praça Cívica e outras - têm o apoio dos estudantes, dos servidores da Agência Municipal de Tránsito (AMT) - que também estão em greve -, de vários outros servidores e do povo em geral.

 

Repudio veementemente a prática autoritária da Secretaria Municipal da Educação e da Prefeitura de Goiânia, que não cumpre acordos, corta direitos, pretende criminalizar os grevistas e se nega a atender às justas reivindicações dos Trabalhadores da Educação. É essa uma prática que o PT (quando ainda era Partido dos Trabalhadores) sempre condenou. Agora que se tornou governo, faz a mesma coisa dos outros e até pior. Realmente não dá para entender!

 

Reparem que ironia. Parece deboche! Em março de 2008, o então ministro da Educação, Fernando Haddad, constatava: “Os professores ganham mal mesmo e o salário só aumenta em ano eleitoral". "É inadmissível que, em um país como o Brasil, 50% dos professores ganhem menos que o piso em tramitação no Congresso Nacional, que é de apenas R$ 950,00. Estamos lutando para aprovar uma lei que fixa esse piso, e metade ganha menos que isso”.

 

E ainda: “A educação pública de qualidade é uma obra da sociedade”. “O grande problema do Brasil é a desigualdade. Não aprendemos a ensinar a todos”. “50% dos nossos jovens - diz ele - têm nível de aprendizado igual ao de alunos de Israel - 23º maior Índice de Desenvolvimento Humano do mundo”. “Mas o abismo que separa os melhores e os piores nas escolas do país faz a média brasileira cair”. “Se a União não cumprir o seu papel, não vamos ter um sistema de qualidade” (Fernando Haddad. Sabatina promovida pela Folha de S.Paulo, na capital paulista, em 25 de março de 2008).

 

Por que, então, a União, os estados e os municípios - mesmo os governados pelo PT, como Goiânia - não cumprem o seu papel?  Já passou da hora! Por que continuam enrolando os Trabalhadores da Educação e o próprio povo? A educação pública de qualidade não deve ser prioridade absoluta do governo, em todos os níveis?

 

Mesmo tendo sido declarada ilegal pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), a greve é justa e merece total apoio. A justiça está acima da lei. Viva a luta dos Trabalhadores da Educação! Unidos, jamais serão vencidos!

 

Marcos Sassatelli, frade dominicano,  doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP), é professor aposentado de Filosofia da UFG.  E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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