Correio da Cidadania

Em solidariedade e apoio ao Movimento Secundaristas em Luta de Goiás

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Pessoalmente (sobretudo como professor aposentado de Filosofia da UFG) e em nome da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, uno-me a todos os movimentos populares, sindicatos, associações dos trabalhadores da educação e outras entidades da sociedade civil, para manifestar publicamente a minha irrestrita solidariedade e total apoio aos jovens estudantes do movimento Secundaristas em Luta, na defesa da Educação Pública de qualidade para todos e todas em Goiás (a exemplo do que aconteceu em São Paulo).

 

Das dezenove (até o dia 16) escolas estaduais (em Goiânia e no estado de Goiás) ocupadas pelo Movimento “Secundaristas em Luta”, visitei duas. Vendo com que garra os jovens estudantes secundaristas lutam, vendo com que amor prestam os mais diversos serviços na limpeza e na cozinha, vendo com que responsabilidade organizam as reuniões e vendo com que maturidade dão suas valiosas contribuições na discussão da Educação Pública, fiquei profundamente edificado.

 

Isso é motivo de muita esperança. Parabéns, jovens estudantes secundaristas! Continuem unidos na luta. A causa de vocês é justa. Vocês já são vitoriosos. Deus está do lado de vocês.

 

Em primeiro lugar, reafirmo tudo o que escrevi nos artigos “Não à ‘terceirização’ e ‘militarização’ da Educação Pública” (8 de julho) e “Chega de enganação do Povo” (15 de julho).

 

Nestes últimos tempos, o governo de Goiás, para suavizar ou minimizar o peso da palavra “terceirização” (privatização disfarçada, mesmo que parcial), usa o eufemismo “parceria com a iniciativa privada”, que são palavras aparentemente mais agradáveis. Graças a Deus, o povo não é bobo e sabe que a realidade é a mesma!

 

Em segundo lugar, pessoalmente e em nome da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, repudio veementemente:

 

1) A concepção de projeto político-pedagógico do governo de Goiás, que a meu ver é propositalmente equivocado. Um autêntico projeto político-pedagógico – que liberta, humaniza e educa (não “adestra”) – é necessariamente um projeto unificado e coordenado por uma equipe de educadores, educadores administrativos e educadores docentes. Todos(as) que trabalham nas Escolas Públicas devem ser educadores(as). É dever do Estado criar as condições objetivas para que possam sê-lo.

 

Não podemos permitir que – em nome de uma falsa eficiência administrativa – as Escolas Públicas sejam “invadidas” pela cultura do sistema capitalista neoliberal. O papa Francisco, grande crítico desse sistema, em seu discurso aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na Bolívia (em julho deste ano) disse que a cultura do sistema capitalista neoliberal se fundamenta em uma “economia de exclusão e desigualdade”, uma “economia idólatra”, uma economia que “mata”, que “exclui” e que “destrói a Mãe Terra”, e nos pede para dizer “NÃO” a essa economia.

 

“Alguns de vocês disseram: esse sistema não se aguenta mais. Temos que mudá-lo, temos que voltar a colocar a dignidade humana no centro, e que, sobre esse alicerce, se construam as estruturas sociais alternativas de que precisamos”, continua Francisco.

 

2) A maneira autoritária, ditatorial e fascista como o governo de Goiás pretende implantar as chamadas OSs nas Escolas Públicas. Cito um exemplo ilustrativo: os professores das Faculdades de Educação, estadual e federal, são contra a implantação das OSs nas Escolas Públicas, mas o parecer desses professores(as) para o governo de Goiás, não tem nenhuma importância. O que deve prevalecer é a vontade do governador. Em Goiás, parece que a ditadura civil-militar ainda não acabou.

 

3) A desvalorização dos trabalhadores(as) da educação estadual e do concurso público, que, como tudo indica, caso as OSs sejam implantadas nas Escolas Públicas, acabará aos poucos com as categorias educadoras.

 

Jovens estudantes do Movimento “Secundaristas em Luta”: continuem firmes na defesa da Educação Pública de qualidade para todos(as). Contem com a nossa solidariedade e o nosso apoio.

Leia também:

Não à ‘terceirização’ou à ‘militarização’ da Educação Pública (8 de julho)

Chega de enganação do Povo


Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e Teologia Moral (Assunção-SP), é professor aposentado da Filosofia da UFG.

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