A saúde muda no segundo governo Dilma?

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Paulo Spina e Heitor Pasquim
31/10/2014

 

A palavra mais banalizada nas eleições de 2014 foi “mudança”. Candidatos, orientados por marqueteiros, diziam ser eles mesmos a própria mudança. Candidata à reeleição, Dilma venceu dizendo: “Governo novo, ideias novas”. Mas foi apresentada alguma ideia nova para mudar a saúde? Na verdade, não.

 

As propostas para o segundo mandato de Dilma se propõem a ampliar programas e iniciativas já existentes na área da saúde. E os planos de saúde consideraram as propostas boas. Afinal, esses tubarões da saúde privada realizaram grandes doações durante a campanha presidencial e preferiram Dilma. Medidas impopulares como a privatização e transferências de recursos da saúde para a iniciativa privada foram mascaradas durante a campanha.

 

No segundo turno, Dilma dizia que era necessário defender as “conquistas”. Mas, na saúde, essas tais conquistas são difíceis de encontrar a olho nu. O investimento no SUS continua igual a ao da era FHC (em 2014, 4% do Orçamento Geral da União), a guerra contra as drogas continua recebendo afagos do governo com o Programa “Crack é possível vencer”, a privatização da saúde continua avançando, agora em direção à saúde indígena e às universidades públicas, e as deliberações das Conferências de Saúde seguem esquecidas.

 

Passadas as eleições, acabaram também as propagandas eleitorais e seus mundos encantados. Começam as apostas para ver quem ficará com o Ministério da Saúde. Alexandre Padilha sai na frente, mas Cid Gomes (PROS) está na disputa. O que não volta à cena são as mazelas na saúde brasileira, que não serão resolvidas, sequer lembradas, a não ser nas próximas eleições.

 

Os movimentos sociais, os trabalhadores, os estudantes, enfim, os lutadores da saúde sabem que o próximo período, com este novo governo velho, será de muitas lutas e, somente desta forma, teremos a possibilidade de uma mudança real. Mudança real na saúde significa sim impedir retrocessos e garantir avanços. Mas o ponto de vista não é a manutenção de aliados e doadores, tampouco a comparação de números entre governos mais ou menos neoliberais, senão a implementação da Reforma Sanitária e luta anti-manicomial.

 

Especificamente na cidade São Paulo, a campanha Dilma prometeu recursos para: três hospitais municipais em Parelheiros, Brasilândia e Penha - que são promessas não cumpridas de 2012, do então prefeito Kassab, agora aliado do PT – e para reabertura dos hospitais Sorocabana e Vasco da Gama. A realização destas promessas amenizaria o sufoco. Então, pode ter certeza, os paulistanos vão cobrar.

 

Mas isso só não basta. O recado popular para Dilma e para o Partido dos Trabalhadores é: basta de racionamento da saúde pública. O povo já perdeu a paciência. Para realmente mudar e para parar de mercantilizar a saúde, às ruas por Mais SUS!

 

Paulo Spina e Heitor Pasquim, trabalhadores do SUS na saúde mental, e militantes do Coletivo 1 de Maio do PSOL.

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