Correio da Cidadania

O desespero do clone

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O ministro petista Gilberto Carvalho veio a público dizer que o xingamento da presidente Dilma no jogo do Brasil contra a Croácia, na abertura da Copa, no Itaquerão, e mostrado deliberadamente pela Rede Globo, não partiu só da “elite branca”, expressão cunhada por Cláudio Lembo, prócere da ditadura.

 

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o ministro disse que a avaliação de que a gestão petista é corrupta, difundida pela mídia, setores alto e médio da sociedade, chegou até a população pobre e pegou. O xingamento teria começado na ala VIP do estádio e se alastrado.

 

Mas o ministro não falou das alianças do PT e PCdoB com a direita, com Paulo Maluf, com José Sarney, Fernando Collor e cia, e que o governo petista levantou uma pedra sobre a própria cabeça.

 

Portanto, o problema é antigo e se desnuda agora por causa da crise capitalista no mundo, que começou a bater no Brasil.

 

Petistas e comunistas de logotipo procuram demonstrar aos seus pares que os tucanos são piores na corrupção e na política econômica. E são. Basta ver o rastro de mazelas e destruição que PSDB, Demo, PP - sucessores da Arena e PDS -, PMDB e cia deixaram pelo Brasil.

 

Mas PT e PSDB são faces da mesma moeda, partidos com origem na socialdemocracia, sendo que os tucanos abraçaram o ideário da direita – e bota direita nisso.

 

No entanto, o PT é clone disfarçado do PSDB, que procura se mostrar de esquerda. Não é, nem nas questões comportamentais. Tenta emendar e a sua emenda é pior do que o soneto capitalista. Um bom exemplo aconteceu no ano passado, na marcha de Jesus, que juntou jovens conservadores e adeptos da masturbação compulsiva em São Paulo, mas contra a união e relação íntima de pessoas do mesmo sexo, portanto, homofóbicos. Gilberto Carvalho foi até a manifestação, mas acabou expulso pelos partidários da homofobia.

 

No caso da religião, a situação do PT é mais grave, pois não sustenta sequer as bandeiras feministas e o direito de as mulheres decidirem se querem continuar ou não a gravidez.

 

Em relação às privatizações feitas pelos tucanos, os petistas e comunistas de logotipo não reestatizaram uma só empresa, além de seguirem com a privatização branca da Petrobrás: os leilões nos mananciais do pré-sal.

 

Na política econômica, o PT e PSDB defendem que a inflação precisa ser controlada com elevadas taxa de juros – Selic – do Banco Central. Defendem a farra do sistema financeiro e agradam ao “mercado”.

 

Por isso Paulo Maluf e seus partidários, aliados do PT, são os que mais desgastam os petistas, defendem a homofobia e outras bandeiras conservadoras, além de dizerem que a roubalheira nos tempos do malufismo foi um grão de areia em relação à que os governos Lula/Dilma fizeram e fazem.

 

A situação só não está mais grave porque o governo de petistas e de comunistas de logotipo conta com o apoio de gente de esquerda e que faz coro contra o pretenso golpe de direita, se Dilma não for reeleita.

 

Chegou-se mesmo a falar que Lula poderia ser opção mais à esquerda, apesar de o ex-sindicalista não articular saída pela esquerda e, sim, costurar o apoio de partidos como PP de Maluf e de empresários.

 

Lula não é de esquerda e isso ele mesmo já disse. Passou os oito anos dos seus dois governos ridicularizando a atuação dos grupos que pegaram em armas contra a ditadura.

 

Mas também não adianta criticar apenas pontualmente o governo, como fazem diversos agrupamentos da oposição de esquerda.

 

Precisamos criticar os movimentos combativos, transformados em ONGs pelos petistas e comunistas de logotipo, que apoiam o governo e atacam os comunistas consequentes por não apoiarem Lula/Dilma;

 

A política do governo petista fortalece o capitalismo, o imperialismo, é um blefe aos revolucionários, nociva à luta pelo socialismo e à conquista do poder operário e popular.

 

Sabemos que a contradição só será resolvida com o socialismo: com a democracia proletária, pela revolução socialista, vermelha, desde que os comunistas não rodopiem pelo doutrinarismo e militarismo, sabendo combinar a estratégia com a tática revolucionária. E nada de apoio crítico ao governo no segundo turno.

 

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Otto Filgueiras é jornalista e está lançando, pela editora Caio Prado Júnior, o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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