Correio da Cidadania

De um jornalista amador

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É tanto esgoto sendo despejado pela grande mídia nos últimos dias que não sei bem por onde começar.

 

Mas não consigo esquecer o editorial da Globo lido por William Bonner na segunda-feira, fechando 20 minutos de cobertura sobre a morte do cinegrafista Santiago.

 

20 minutos de rumores não checados, perícia coordenada por uma repórter e uma deslavada pornografia emocional que culminou, finalmente, em uma exaltação editorializada do que Bonner chamou, repetidas vezes, de "jornalismo profissional".

 

E o papel fundamental desse ofício na manutenção e aperfeiçoamento da democracia.

 

Pois é...

 

O mesmo "jornalismo profissional" praticado pela Folha, Veja, Globonews... O mesmo "jornalismo profissional" que segue alardeando boatos como manchetes, omitindo contexto, incendiando reputações de políticos e ativistas sérios, criminalizando partidos de esquerda.

 

O mesmo "jornalismo profissional" que segue ignorando ou relegando à página 10 as execuções sumárias da PM, mesmo as realizadas depois da morte de Santiago. O mesmo "jornalismo profissional" que trata um advogado mais que suspeito como fonte, não como pauta. E que, de maneira direta e indireta, responsabiliza o "jornalismo amador" pela incitação à violência e, em última instância, aponta-o como coautor da morte do cinegrafista da Band.

 

O jogo é pesado, nunca tive dúvida. Mas, em um momento como esse, tento me colocar na cabeça dos tantos colegas e amigos, jornalistas profissionais, que entendem o absurdo, a sujeira, a ética podre de seus empregadores. Dos jornalistas profissionais que são pagos pelas mesmas pessoas que os rotulam como "jornalistas profissionais" na hora de vender mentiras e meias-verdades. Dos que entraram nessa profissão para ter um papel na manutenção e aperfeiçoamento da democracia. Dos jornalistas profissionais que estão vendo, dos bastidores, o ativismo sendo traduzido através de simplificações, que só alimentam a burrice ressentida que prospera nas redes.

 

Torço para que sejam uma força de resistência nas redações. Que não se rendam ao cinismo como forma de suportar a sordidez de seus publishers. E que considerem relembrar o sentido que há por trás da palavras "amador". Alguém que faz algo antes por amor, não por dinheiro.

 

Minha solidariedade total ao PSOL, Marcelo Freixo, Jean Wyllys, Renato Cinco e aos grandes políticos que insistem em relembrar que ser de esquerda é, antes de mais nada, ser humanista.

 

Meu repúdio completo aos muitos militantes do PT que estão aproveitando a ocasião para fazer eco a mentiras covardes para atacar seus rivais.

 

Meu asco a um governo que tem como chefe uma mulher que, na ditadura, foi presa e acusada injustamente de "terrorismo". E que hoje considera a possibilidade de imputar o mesmo crime à sua mera oposição em um cenário de medo e paranoia coletiva.

 

Muita paz e sanidade a todo mundo. É tudo o que posso esperar.

 

Bruno Torturra é jornalista

Comentários   

0 #1 RE: De um jornalista amadorRafael Moreira 19-02-2014 16:24
Cadê o Amarildo encontraram seus familiares estão esperando pelo corpo para poderem dar um enterro digno
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