Dirceu, o democrata

0
0
0
s2sdefault
Gilvan Rocha
09/11/2013

 

 

Lemos, na Folha de S. Paulo, um artigo do ex-ministro Dirceu, tratando das biografias autorizadas ou não. Ele discorreu sobre a sua biografia não autorizada, apontando supostos erros e imprecisões. Disse que, mesmo assim, é contra a censura prévia para, em seguida, afirmar que lutou a vida toda pelas liberdades democráticas. Isso não é verdade, pois ele esteve por longos anos compactuando com a ditadura de um só partido em Cuba, sem protestar.

 

Consideramos que a democracia política foi uma conquista da humanidade. Essa conquista se deu por via das revoluções burguesas, particularmente, da Revolução Francesa. Voto universal e secreto, livre direito de opinião e organização, direito de ir e vir, direito das minorias e outras conquistas democráticas foram relevantes.

 

Marx, Engels e outros socialistas não negaram a democracia política no contexto do capitalismo, porém, propuseram a democracia social ou, como se costuma dizer, a socialdemocracia. Houve um momento na História em que se deu um grande embate entre duas forças políticas. De um lado, o totalitarismo representado pelo nazi-fascismo, como expressão extrema da contrarrevolução. Em contraposição, levantou-se o imperialismo democrático, representado pelos ingleses, norte-americanos e franceses. Diante desse fato, não restava aos socialistas outro caminho que não fosse o de apoiar a democracia política em oposição à supressão das liberdades, praticadas pelo nazi-fascismo.

 

A História produziu, também, outra forma de totalitarismo, praticada pelo stalinismo, usando, entretanto, o rótulo de socialista ou comunista, e todas as atrocidades cometidas por esse totalitarismo foram e são debitadas na conta da causa socialista, o que é injusto.

 

Aprendemos que, sempre que exista um confronto entre a democracia política e o totalitarismo, o caminho consequente, desde que não se tenha força para impor a democracia social, é estar ao lado das postulações democráticas.

 

O stalinismo totalitário esteve e está em um patamar abaixo da democracia política burguesa, assim como o fascismo islâmico está hoje, em relação aos chamados Estados Democráticos de Direito. Vale ressaltar, porém, que os chamados Estados Democráticos de Direito escondem a ditadura do capital sobre o trabalho sem, contudo, deixarem de ser, politicamente, democráticos.

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

0
0
0
s2sdefault