CUT e o neopeleguismo

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Gilvan Rocha
19/07/2013

 

Pelegos eram chamados os sindicalistas que se dedicavam a uma política de evitar atritos entre trabalhadores e o patronato. O peleguismo era um sindicalismo chapa-branca. Tornou-se muito presente no governo do senhor João Goulart, com quem estabelecia o mais íntimo diálogo. Com o golpe de Estado contrarrevolucionário, em 1964, o sindicalismo janguista foi desmontado e sob as sombras da ditadura instalou-se um sindicalismo desfigurado.

 

Já em 1978, inicia-se um processo grevista, particularmente no ABC paulista, que traz no seu bojo a proposta de um novo sindicalismo. A palavra de ordem era desmontar o peleguismo e afugentá-lo das hostes sindicais. Essa proposta teve repercussão no seio das classes trabalhadoras, o que ensejou a criação da Central Única dos Trabalhadores. Naquele momento, a criação da CUT representava um episódio alvissareiro. Pretendia-se haver sepultado o sindicalismo chapa-branca para, em seu lugar, colocar-se um sindicalismo à altura dos anseios legítimos das classes laboriais.

 

O andar da carruagem, porém, levou a que o irmão siamês da CUT, no caso o Partido dos Trabalhadores, conseguisse, em estreita aliança com o patronato, na chapa Lula da Silva e José Alencar, chegar à presidência da República em 2002.

 

Em uma aliança capital-trabalho um dos dois haveria de sobrepor-se e o que se teve foi a sobreposição dos interesses do capital sobre os do trabalho. Essa política de capitulação levada a cabo pelo PT e o PCdoB seria inexequível, caso a mudança de foco do PT não fosse acompanhada de uma mudança similar na CUT. O governo petista necessitava de um sindicalismo chapa-branca, um sindicalismo governista pronto a resguardar os encaminhamentos do novo governo dentro dos interesses do sistema vigente.

 

Dessa forma, em lugar do velho peleguismo, instalou-se o neopeleguismo, hoje representando não só pela CUT, mas por outras centrais sindicais incluindo-se nesse vil papel a UNE e a UBES, tuteladas pelo PCdoB. Trata-se de uma situação adversa, e desconstruí-la é um dever de todos nós que pretendemos a superação do atual sistema socioeconômico e a construção de uma nova ordem econômica e social.

 

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com

 

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