Correio da Cidadania

Rio ou Ria de Janeiro: velha, decrépita e injusta

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Aprendemos erradamente nos bancos escolares que os portugueses aqui chegando confundiram a Baía de Guanabara com a foz de um rio, e por isso o nome Rio de Janeiro. Hoje sabemos que Ria nada mais é do que Baía em português arcaico, corrigindo tal erro histórico sobre a origem do nome dado à ex-Cidade Maravilhosa. Ainda mais, pois, estando o Américo Vespúcio a bordo da nau da Expedição de Gonçalo Coelho, o maior cartógrafo da época, que não confundiria a foz de um rio, daquele tamanhão, com a “boca” de uma baía que se abre ao mar. Como vemos, muita coisa tem de ser colocada no lugar em relação à Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a ex-Cidade Maravilhosa.

 

Urde nos meios de comunicação nacionais e internacionais a exposição do Rio, alçando esta cidade ao patamar de um dos locais de maior procura turística no mundo, e não mais só no Brasil.

 

Isto se coaduna com o plano de transformar a cidade, que tem dentro de si e em seu entorno metropolitano cerca de 70% da população do estado do RJ, em uma cidade “off shore”, ou seja, que viva principalmente de mega-eventos “de dentro para fora”, que nada têm a ver com a cidade, com a vida dela, com o seu aprimoramento cultural e financeiro. Pois os resultados destas iniciativas vão para os bolsos de mega-empresários, que faturam alto pagando muito pouco aos trabalhadores e pelos aluguéis dos equipamentos urbanos que utilizam para instalarem seus projetos.

 

Assim, esta cidade sofre hoje, na data de seu 447° ano, um dos maiores assédios de sua história, que querem chamar de urbanístico, mas é apenas empresarial, promovendo modificações estruturais que, definitivamente, não favorecem a população em geral, mas somente os empresários donos de negócios rentáveis - além de seus governantes que ganham o agradecimento de quem agraciaram, já sabemos sob que formas.

 

Assim, no seu quase meio milênio de vida, a ex-Cidade Maravilhosa tem sido vítima de, por exemplo, remoções e mais remoções de populações pobres de áreas de interesse empresarial, como são as áreas próximas a Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, em um plano urbanístico tipicamente elitista, visando a ocupação empresarial de áreas que estão valorizadas artificialmente pela consecução de mega-eventos “off shore”, como são o Rock In Rio, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Encontro de Jovens Católicos, Jogos Mundiais Militares, Rio + 20, Jogos Pan-americanos. Entre outros que, por aqui, acontecem com freqüência tal que proporcionam a falsa impressão de grande atividade turística “normal, o que é uma mentira. É como se Paris e Nova York precisassem de eventos e mais eventos de mega-porte para atraírem turistas. Entenderam a diferença?

 

Aqui é o turismo “pega no tranco”, trazendo gente descompromissada com qualquer espírito de conservação de um patrimônio da humanidade, como dizem que esta cidade é - ao menos em algumas áreas com tal denominação.

 

Na verdade, eu ia escrever um artigo com o nome as rugas da Vanessa Redgrave. Acontece que acabei de ver um filme sobre as safadezas dos EUA, e dos países da Europa em geral, na questão da Bósnia, onde se estabeleceram as ONGs humanitárias, na verdade agentes da prostituição, seqüestro, escravização de moças e assassinatos de “rebeldes”. A grande atriz fez o papel de uma das pessoas que conseguiram denunciar e condenar alguns agentes, um deles ao menos, o mesmo que fechou contratos com Bush pai para a “reconstrução” do Iraque. O filme foi baseado em fato real.

 

Eu ia comentar que a Vanessa Redgrave estava soberba, com as suas rugas que definem a sua idade já não jovem, mas sim avançada, dando-lhe uma aparência digna, de uma idosa atuante e inteligente, que não rejeita histericamente o chegar da idade, como faz, por exemplo, a maior parte das atrizes, atores e apresentadoras(es) da TV. Notadamente as brasileiras, que desde a meia idade, quando não antes, passam a mostrar peitões e que tais siliconados, “bocas de tamanco”, por uso de Botox, deformando-lhes o corpo, talvez no mesmo sentido que suas mentes se deformaram, de tanta alienação que lhes é peculiar. Recomendo um espetáculo de fotos da grande diva Vanessa Redgrave, apenas escrevendo seu nome em portal de busca, e deliciando-se com mais de uma centena de fotos dela. Foi bonita demais na juventude e meia idade, e continua linda e digna na terceira idade.

 

Em vez deste artigo sobre a diva, preferi este sobre a decrépita ex-Cidade Maravilhosa, cujos governantes gastam bilhões em reformas de fachada, mas que, no seu 447°, presentearam a cidade com:

 

  • Um aumento de mais de 60% nas passagens de barcas, transporte usado por dezenas de milhares de pessoas diariamente.
  • Um transporte sem classificação possível no metrô e rede ferroviária, também privatizados.
  • A menor atividade industrial dos últimos anos.
  • TODAS as praias, do Leme ao Pontal, e mais Flamengo e Botafogo, além de Ramos, totalmente poluídas, como teve de assumir o secretário do plástico, Carlos Minc.
  • A menor nota de avaliação do SUS, entre as capitais do sudeste brasileiro, a região mais rica.
  • A segurança nas mãos de bandidos fardados, como diariamente lemos na imprensa.
  • A maior taxa de subsídios para o transporte urbano de que se tem notícia; subsídios para os empresários, é lógico.
  • Um aumento vertiginoso e crescente do número de favelas.
  • A falência da rede pública de ensino.
  • Um trânsito caótico e violentíssimo.
  • Alto índice de poluição.

 

Querem mais? Venham para o Rio e ainda assistam na TV Globo que aqui todo mundo é feliz, é cordial e vivemos rindo de tudo, além do que “ser carioca é um estado de espírito” e, por isso, até a Ana Maria Braga se diz carioca, uma carioca... nascida em São Paulo (sem querer ofender os meus amigos e parentes paulistas, mas não sei se um baiano pode se dizer “paulista nascido na Bahia”, assim impunemente...).

 

Fico com o poemeto do artista popular Escaramuça, que diz:

 

O meu coração rural

Ri do Rio

De Janeiro a Janeiro

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário e carioca, DOA A QUEM DOER.

Comentários   

0 #2 Acalme-seDiego 06-03-2012 14:26
Acalme-se, vai dar tudo certo. A cidade será inaugurada em 2016, com pré-estréia em 2014 e tudo vai melhor, afinal, cariocas são malandros, cariocas são espertos... E o prefeito disse que o Rio de Janeiro é a cidade do futuro! Talvez tenha esquecido de dizer que é do pós-apocalíptico...
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0 #1 Errata e acréscimoRaymundo Araujo Filh 06-03-2012 10:27
Na verdade, o Rio tem o PIOR SUS (Sistema Único de Saúde) entre TDAS as cidades grandes do Brasil (acho que com mais de 300 mil habitantes. E aqui temos uma enorme rede de saúde federal (INCA, Pró Cardíaco, Hospital do Fundão, de Bonsucesso, Hospitais Universitários estaduais públicos (Pedro Ernesto)e privados (das universidades pagas), além da enfadonha FioCruz que, ao que parece, vive do nome, mas totalmente desinserida da vida da cidade, um mundo a parte, como comprova-se vendo a ausência deste Instituto no dia a dia da quase absoluta totalidade dos moradores da penha, Av. Brasil e entorno, que beiram os 1 Milhão de habitantes (dos chamados subúrbios da Leopoldina. Acho que ali na Fio Cruz, inclusive, só se fala inglês, ou para inglês ver.

Esqueci de mencionar o projeto Novo Porto do Rio, que coloca esta área da cidade que inclui da margem litorânea do Centro da Cidade até a Rodoviária, incluindo a gamboa e boa parte do próprio Centro do Rio. Ali, consta que é o início da Cidade, constituindo-se valiosa área do Rio antigo, como comprovam os achados nas escavações que já estão sendo feitas, com farto material sobre o período da escravidão.

A demolição da Perimetral (que se não é a sétima maravilha do mundo, cumpre hoje tarefa importante como via de escoamento Aterro - Av. Brasil e vice versa, pois a Linha Vermelha sozinha não dá conta e atende apenas a zona sul do Rio.

Outra área importante, em fase de total privatização é a glória com sua marina. O mega-já-sabemos-o-que Eike Batista X (e também minúsculo-já-sabemos-o-que) comprou e "reformou" o Hotel Glória, suprimindo-lhe tradicional teatro, em uma cidade que se diz vanguarda da cultura...Agora, ocupa-se de expulsar os que estão morando em uma ocupação urbana na Glória, que "atrapalham" os projetos de seu Eike Batista, ancorado (já-sabemos-como) no governador sergio cabral filho e no prefeito eduardo paes.

Como diria Gilberto, quando era Gil: Rio, Aquele abraço!!!!....
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