Tecnocracia

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Gilvan Rocha
07/11/2011

 

           

No governo exercido pelos militares para defender os interesses da burguesia, uma corrente liderada por Delfim Netto dizia que devia se afastar os políticos de carreira e instalar quadros aptos, técnica e cientificamente.

 

No olhar dessa gente, os problemas sociais deveriam ser tratados por pessoas aptas à tarefa específica pretendida. Exemplo: tem-se o problema da malha viária, então se busca alguém dotado de conhecimento especial para resolver essa questão. Fosse o problema de natureza agrária, buscar-se-ia outro alguém capaz de resolvê-lo. Com muito rigor seriam escolhidos verdadeiros “gênios” no trato das questões econômicas e financeiras.

           

Dessa maneira, atingir-se-iam dois objetivos: primeiro, se livrar dos politiqueiros; depois, pôr em lugar desses uma legião de técnicos e cientistas. Assim, estaria posta uma sólida tecnocracia dotada de competência, honestidade e dedicação, uma vez que tais tecnocratas escolhidos “livremente” pelas pontas das baionetas tinham “amor” e zelo à causa capitalista.     

 

Os “socialistas”, que propagavam um mundo capitalista decadente e um mundo socialista ascendente, ficaram sem discurso diante da queda do muro de Berlim. No vazio, floresceu o “marxismo legal” transitando pelas dependências das academias, recebendo seus pecúlios e privilégios.

           

Formaram-se grupos em torno da disputa por vantagens, mas raramente por razão de diferenças teóricas. Não escrevem eles para o vulgo, a quem abominam. Estão sempre voltados para os seus umbigos.

           

Assim, vem se comportando a velha esquerda, particularmente os trotskistas. Não lhe importa o acúmulo conquistado por alguém nas suas andanças, embates, leituras e polêmicas. O que importa é o nível de qualificação acadêmica.

 

O assunto é transporte? Busque-se entre os doutos e eles derramarão várias teorias que deveriam ser praticadas pelos diferentes governos. Não proclamam a necessidade de um novo sistema sócio-econômico.

 

Propõe apenas governos de perfis tecnocráticos, livres da gentalha dos políticos gatunos. Desta forma, os capitalistas ver-se-iam livres do alto custo que representam as propinas desembolsadas.

 

 

Gilvan Rocha é membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com/

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