Correio da Cidadania

MST: apoiar o governo ou lutar pela terra?

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Em relação à luta pela reforma agrária, há muito tempo tenho afirmado, em meus artigos e trabalhos rurais, a necessidade do que chamo de urbanização do debate sobre a reforma agrária, sugerindo a inserção dos movimentos nas cidades, onde estão 60 a70% dos brasileiros, para que se façam discussões e atos e se dê visibilidade ao que se passa no campo, alvo de massiva propaganda enganosa da mídia e do governo.

 

Esta medida simples e que está em qualquer manual de militância básica dificultaria que, entre outras traições às suas propostas eleitorais, Lulla legalizasse os transgênicos, após ter declarado que “um país com esta agricultura familiar não precisa de transgênicos”, frente a dois mil agricultores, em encontro na cidade de Francisco Beltrão (Paraná), na campanha de 2002. O AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa) do Jean Marc e outros até hoje sonegam a filmagem deste emblemático comício de campanha Lulla, em clara promiscuidade institucional entre ONGs e governo. Estes dias, o mesmo MST recebeu com “extremo carinho” a presidenta tucana DiLLma Rousseff (perece que não aprendem ou que a manipulação é grande).

 

Mês passado a Secretaria de Agricultura da Bahia foi “ocupada” pelo MST. Após o governador ter doado 600kg de carne de segunda para alimentar o pessoal, a direção do MST reuniu-se com ele e declarou-se “satisfeita com as proposições do governador Jaques Wagner (Love).

 

Estimo que comecem a fazer o que tinham de estar fazendo, há muito. Na época que eu lançava esta necessidade, diziam que era muito arriscado “pois podia resvalar no Lulla-lá”...

 

Mas, algo está mal colocado nestas jornadas. Em seu comunicado o MST e demais entidades realmente colocam as principais reivindicações, praticamente um programa de governo.

 

Porém, fazer política exige as propostas e também o principal, qual seja, POSICIONAMENTO POLÍTICO. Sem isso, e com muita independência, nada se consegue.

 

Recentemente um companheiro, lutador pela reforma agrária, foi ameaçado de morte, pois denunciou uma falcatrua envolvendo o MST, o MDA e a Universidade Metodista em relação a jovens que NÃO são filhos de agricultores no PRONERA. A direção do MST calou-se. Mas terá de se pronunciar sobre a falcatrua por ação movida no Ministério Público.

 

Assim, o MST tem perseguido e excluído todos aqueles que fazem oposição política a este governo entreguista, pois o movimento se relaciona de forma promíscua com o governo, desde o tempo de Lulla.

 

A pergunta que faço é: o que vai fazer o MST nas cidades? Vai divulgar o seu programa em cima de qual ação política? Será que eles acreditam que o mero proselitismo programático vai fazer a cabeça de alguém? Ou que a iniciativa vai impressionar os agentes dos governos, muitos sendo chamados de “companheiros”?

 

Ou será que vai para as praças passar o filme O Veneno em sua mesa? Neste, o documentarista Silvio Tendler e o tal Fórum Contra os Venenos tentam nos convencer que o governo é vítima da Monsanto, no qual não há uma só crítica aos governos Lulla e DiLLma, ao contrário, dando a impressão que a ANVISA luta contra os venenos, quando o que se passa é o contrário, pois é parte do governo. O documentarista ainda diz em entrevista que “o governo DiLLma está muito no começo, para podermos criticar ou responsabilizar pelo que esta aí”, repetindo uma lengalenga. O Veneno em Sua Mesa e o adesismo na cabeça.

 

Se for para falar de política, sem falar dos políticos, podem ficar aí pelo campo, pois será inútil. Se vierem para divulgar a versão de que o governo é vítima, estou fora! Se for para iniciar a escalada para tornar a eleição de Lulla como “a salvação da lavoura” daqui a três anos, após “o mal necessário DiLLma Rousseff”, também estou fora.

 

Assim, o MST não tem saída. Ou vai responder a estas perguntas ou ficará exposto ao ridículo de viajar quilômetros para fazer o papel de “oposição a favor”.

 

Desta maneira, estimo que os companheiros do MST, MAB, quilombolas e todos os movimentos que verdadeiramente almejam algo mais do que a adesão a governos e acordos pontuais se convençam de que nada conseguirão sem ir para a oposição, romper os vínculos com partidos (o PT tem 90% de adesões no MST), exonerar militantes dos movimentos de quaisquer governos, declarar ABSTENCIONISMO ELEITORAL já para o ano que vem e prometer a ocupação dos espaços urbanos DE FORMA PERMANENTE, usando todas as formas possíveis de ganho de visibilidade positiva na sociedade.

 

Sugiro que se parta para a ocupação de praças com pequenos plantios orgânicos e criações de pequenos animais, mudando o cenário urbano em ação planejada e respaldada. O slogan poderia ser algo do tipo “Se o governo não faz no campo, nós fazemos na cidade”. A radicalização deste processo poderia ser o MST trazendo TODOS os acampados para as cidades, a fim de radicalizarem na prática o que acontece quando não respaldamos a presença das pessoas no campo. “Não fez a Reforma Agrária, nós ocupamos as cidades”!

 

Fica aí o meu programa para o MST. Vir para a cidade com o cartaz “Nós votamos em DiLLma” não carece. Podem ficar nas beiras das estradas!

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e detesta fingimentos e mistificações, principalmente na política.

 

Comentários   

0 #11 A Direita agradece, mas não a mim...Raymundo Araujo Filh 30-08-2011 12:49
Sectarismo por sectarismo, fico com o meu. Com este governo cheio de apoios e prá lá de neo liberal (agora mesmo guido mantega destinou o excesso de arrecadação, não para a área social, mas para engordar o superávite primário, como garantia à banca cobradora dos juros da dívida).

Que e desculpe o Rodrigo, mas a direita agredece é ao governo e a quem o apóia.

Sobre correlação de forças, parece papo do wladimir pomar. Sempre respondo sugerindo que se lembrem exatamente no momento pós eleitoral de Lulla no primeiro mamdato. Ali ele poderia nos ter chamado para alterar esta correlação de força. Mas, já estava vendido, o bandido.

Outrossim, que vocês queiram se fingir de eswtadistas, é com vocês. eu sou um cidadão comum.
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0 #10 RE: MST: apoiar o governo ou lutar pela terra?Rodrigo 27-08-2011 17:01
Se este artigo estivesse em outra página com certeza diria que o autor se tratava de um desses analistas mediocres da rede Globo, tamanho o preconceito. Esse tipo de ação não colabora EM NADA na luta de classes. É tão prejudicial quanto o governismo, pois chega a ser infantil de tão sectário (esquerdista).
Não tenho problema nenhum de fazer a crítica a esse governo, que não é o governo dos trabalhadores, mas será que o "autor" do texto já ouviu falar de correlação de forças? Se já ouviu já parece não ter percebido que esse tipo de texto, que ataca só os trabalhadores e não fala nada da burguesia, só colabora com a direita, e pior ainda que é como força auxiliar.
Tá na hora desses "Intelectuais" largarem o teclado vermelho e começarem alguma coisa de útil pra classe trabalhadora.
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0 #9 Às Migalhas, então!Raymundo Araujo Filh 27-08-2011 12:01
1) Hoje temos os primeiros "resultados" da "pressão popular nas ruas" e da conversa dos representantes dos Mov. Sociais, sendo os pela luta pela terra, aqui representados genericamente pelo MST .

- Ora! Ao menos recebemos atenção e uma proposta! Diria alguém ávido resolver a questão brasileira com promessas pontuais e irrisórias do governo, e ainda com o aviso aristocrático que “chegamos ao limite de nossas possibilidades”, dito pelo Gilberto “biombo” Carvalho.

Analisemos a proposta do governo: São R$400 Milhões de crédito imediato com assentamento de menos de 10% dos que estão acampados, CONTRA o pagamento de 10% do devido pelos agricultores. Façam as contas e estão a trocar 6 POR MEIA DÚZIA. Os 10% das dívidas, que abrirão a porteira para novo financiamento, beiram o dinheiro “disponibilizado” pelo governo, como “dinheiro novo”. E ainda terão de refinanciar os outros 90% da dívida, sobre projetos que não prejuízo, e por isso o não pagamento, eu sei bem porque e se me escreverem, eu explico, com exemplos.

2) Sobre “organizar os Assentados” e “onde eu luto” e sobre as perguntas sobre o que faço da vida, respondo no http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4753089P5, Currículo Lattes, aliás só constando minhas atividades até 2003. De lá para cá, mais que dobrei minhas intervenções, já tendo em minha vida trabalhado em mais de cem assentamentos, comunidades de agricultores e quilombolas, tendo projeto completo e acabado (executado em vários lugares). Atualmente desenvolvo projeto em agricultura familiar orgânica no Centro Oeste do País. Mas, não é disso que trata o artigo que escrevi, aliás meu projeto vem “avec” Modelo Inspeção e Vig. Sanitária (também de minha lavra), que rompe as amarras draconianas das leis atuais, possibilitando o acesso de quem tem pouco capital para também se apropriarem do que chamamos Meios de Produção, que é a alavanca para o Progresso.

3)Pena que quem me perguntou o que faço da vida, também não enviou os seus currículos. Vai ver que são os “críticos do crítico”. Paciência!
Ah! Como vêm, meu lugar de luta é o mesmo do meu trabalho....NA BASE.

4) Sobre ser chamado de “ Intelectual”, lembrei logo dos fascistas, dos nazistas, dos stalinistas, maoístas e etc., que sempre detestaram quem PENSA, ainda mais com a própria cabeça a digerir o que apreendeu do mundo. Ah! Os neoliberais também detestam esta categoria de Pensantes. Mas, vindo de onde vim, me chamar de intelectual é um elogio, pois fui criado por gente do ramo, e nunca os alcancei. Mas, obrigado pelo elogio!

5)Espero que o debate siga, atendo-se aos fatos colocados na mesa. Ah! Sou bom cozinheiro, atualmente invisto em pequeno laticínio orgânico, trabalho, escrevo, e estou muito bem casado. Maiores informações sobre mim, no . Também tenho referências a dar. Mas, como se diz na roça, sou um cara “runho à bessa”. Mas lembro que o que vai no artigo é que deve ser contestado, não eu.

6) Ah! Sobre o novo assassinato de trabalhador rural em luta, lá em Marabá (PA), nem uma notícia nem protesto, né? É que R$ 400 Milhões (tirados dos endividados) cala a boca de muita gente. Divulgo atualmente o cartaz “PROCURA-SE a Sec. de Direitos Humanos Maria do Rosário VIVA ou MORTA”. Pessoalmente acho que já morreu e não sabe....ainda.
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0 #8 RE: MST: apoiar o governo ou lutar pela terra?renato machado 27-08-2011 11:50
Depois de FHC não poderia ter surgido nada melhor para as corporações , o agronegócio e o grande empresariado brasileiro do que a eleição de Lula. Ganham rios de dinheiro e leis que lhes favorecem e ao mesmo tempo não se preocupam com a oposição dos grandes movimentos sociais , pois estes são mantidos cooptados e sobre o cabresto. Uma boa parte da elite sindical que logo após a vitória em 2002 , correu para comprar bons ternos e boas gravatas ,e garantir suas cotas em milhares de cargos e funções que ocupariam , fizeram o que sempre almejaram – viver como seus patrões. O problema que foi às custas de mentiras , traições e muito cinismo. Mas um grande parte dos que hoje atacam ferozmente esses governos cochilavam , enquanto o ovo da serpente dentro do próprio PT se criava. Deve ser feito uma ressalva á centenas de figuras históricas anatacáveis dentro do próprio PT que disseram muitas vezes – Se é prá ganhar eleição desse forma , prá que ganhar ?
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0 #7 ParabénsMarco Correa 26-08-2011 15:33
Curto e grosso. Outro exemplo que tem que ser detalhado é a posiç~çao doMAB, que apoiou a barrageira Dillma e manda carta desejando um bom governo para a presidente do Sarney. è muita incoerência junta.
Saudações
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0 #6 MUITO BOMAndré Nunes 26-08-2011 09:06
Ao autor, parabéns pelo texto!! MST: Abandone o peleguismo ou estará fadado ao fracasso!!
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0 #5 RE: MST: apoiar o governo ou lutar pela terra?Cleber Buzatto 25-08-2011 22:28
Oh, Raimundo. Onde mesmo você luta?
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0 #4 RE: MST: apoiar o governo ou lutar pela terra?Antônio 25-08-2011 20:19
tem muitos pobres no campo. o MST organiza 1%. o raymundo poderia, ao invés de dizer pro MST o que o MST deve fazer, ele próprio ir oganizar os outros 99% que não estão organizados.

Ah... esqueci... ele é um "intelectual", um militante virtual.
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0 #3 MST é sigla de barganha?Julio de Castro 25-08-2011 19:26
Infelizmente, o processo de definhamento político do MST é irreversível. E qualquer medida para redimí-lo àquele heróico movimento de massa, que tanto sacudiu as velhas estruturas do Latifúndio nos anos de 1980, com essa mesma direção carcomida pelo método lula de cooptação é inútil.

Organização popular que tem em seus quadros mercadores, mercenários e jagunços,consentidos por Dom João Pedro Stédile, observado na direção do MST em Minas Gerais... com indicações de oportunistas até em governos reacionários do DEM e do PSDB, que respeito têm eles por nossos mártires do campo?

Em São Paulo, no Pará e em poucos estados, há ainda corajosos e resistentes lutadores pela soberania Popular erguendo a bandeira do MST; talvez, à rebeldia em face das "orientações" de Dom João Pedro Stédile.

José Sarney, esta figura execrável do tudo-pode em nome da "governabilidade", também tece rasgados elogios à direitona do MST; sendo tratado por "companheiro" na Direção Nacional do Movimento.

E depois, se a presidenta Dilma Rousseff tentar "pular fora" do conlúio PT-PMDB, ao menos reafirmar a Reforma Agrária sob o controle dos trabalhadores, enfrentará fortes pedidos de "impeachment" por ex-aliados no Congresso. Corrupção a dar com pau é o que não falta nesse governo. Dilma está para o lulismo como Celso Pitta esteve para o malufismo.
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0 #2 A foto diz tudoTita Ferreira 25-08-2011 09:12
A foto no link abaixo
http://img708.imageshack.us/img708/3885/mstdilma.jpg
corrobora imensamente com as palavras do Raymundo
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