Correio da Cidadania

A farsa da pacificação do Estado do Rio de Janeiro

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O estado do Rio de Janeiro vive uma verdadeira guerra civil, um estado de sítio, que desmascara a demagogia e a incompetência do governador reeleito Sergio Cabral (PMDB) e seus subordinados. Para ganhar a eleição divulgaram amplamente que a cidade e o estado estavam pacificados, que tinham através das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) acabado com o tráfico e, consequentemente, com a violência.

 

Neste exato momento helicópteros da Polícia Civil e da Polícia Militar sobrevoam a cidade e as comunidades do Complexo do Alemão e a de Manguinhos, tentando encontrar os culpados por esta situação. As escolas estão suspendendo as aulas e os trabalhadores estão voltando mais cedo para as suas casas. No centro da cidade, as pessoas interrompem mais cedo as suas atividades. Neste momento, ônibus estão sendo incendiados, e rodovias bloqueadas por traficantes, que saqueiam os veículos e logo em seguida ateiam fogo. Nos últimos dias, mais de 40 veículos, entre ônibus e carros de passeio, foram incendiados, dezenas de bloqueios de estrada, para em seguida ser praticado o saque aos motoristas.

 

Em vários pontos do estado, o governador aliado de Lula tenta, através de blitz, inibir a ação dos traficantes, todos os policiais que exerciam funções internas, médicos, mecânicos, funcionários burocráticos, todos foram convocados para atuarem nas ruas das cidades como se o problema da violência fosse resolvido numa ação de guerra. Todas as medidas até agora adotadas pelo setor de segurança do estado falharam, e o que predomina é o pânico, a insegurança e a falta de uma política que de fato enfrente a violência e a insegurança.

 

Neste momento, a imprensa, em particular a Rede Globo, aproveita a situação para aumentar sua audiência, alardeando o caos em que se encontra a cidade e o estado, mas não fala que tudo isso se explica, por um lado, em função da miséria que vive uma parte da população, que é condenada a viver nos morros da cidade em barracos, sem empregos e com salários insignificantes, reprimida pela polícia fascista e corrupta de Sergio Cabral, pelo tráfico ou pela milícia. Por outro lado, a conivência do Estado com os grandes empresários, que têm ligação com o tráfico internacional de drogas e de armas. Estes senhores, quando são pegos, alegam que são colecionadores de armas.

 

Neste momento, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que quem passar na frente do Estado vai ser atropelado. Os policiais traduzem as ordens do Estado e dizem que vai morrer muita gente. Treze pessoas já morreram, demonstrando qual é a política destes senhores fascistas. Vão exterminar os pobres, negros e jovens e vão dizer que são traficantes. Um bom exemplo a partir do qual não devemos confiar nestes governantes foi a instalação das UPPs na área da Tijuca - o morro do Borel, Formiga, Casa Branca, Macacos, Morro da Liberdade, Turano, Salgueiro, todos com grande presença do tráfico, com centenas de traficantes fortemente armados, foram ocupados após acordo do governo com os traficantes, que garantiu a saída de todos, com seu armamento de guerra, antes da ocupação.

 

Uma vergonha. Esta manobra do governador e de todos os seus aliados foi comemorada por Sérgio Cabral, Lula e Dilma, e seu secretário de Segurança, que divulgaram amplamente que tinham acabado com o tráfico e pacificado a cidade e o estado sem dar um tiro. Disseram que os traficantes fugiram assustados. Com este discurso, ganharam as eleições de outubro. Quem não lembra da candidata Dilma dizendo na televisão que iria exportar estes exemplos do Rio para o resto do país? Na verdade, o que ocorreu foi um grande acordo do Estado com os traficantes, que se deslocaram para outras regiões da cidade e do estado, preparando a região da Tijuca e da Zona Sul para receber os turistas e os investimentos da Copa do Mundo e para as Olimpíadas.

 

O governador e seus aliados andam de carro blindado, com escolta de seguranças, de helicóptero, enquanto nós trabalhadores ficamos vulneráveis nos ônibus, que estão frequentemente sendo incendiados. O governo aproveita esta situação para criminalizar a pobreza, estão preparando um verdadeiro extermínio nas regiões mais pobres. Está sendo preparada a invasão do Complexo do Alemão e de Manguinhos. Sabemos que quem vai pagar são os trabalhadores e a juventude, com o pretexto de atacar os traficantes, sabemos onde vai dar essa política. Se for negro e pobre, atira e depois verifica quem é.

 

Um programa socialista para enfrentar a violência

 

Não achamos que as UPPs sejam a solução. Não é possível viver sob uma ocupação. Todas as medidas de maquiagem do Estado, os cursos com os caminhões do SENAC nas comunidades (para pouquíssimas pessoas) para ensinar corte e costura e formar cabeleireiro e noções de informática, não garantem o que é o fundamental. As pessoas precisam na comunidade e no país de um bom emprego, com um salário decente. Por isso propomos que o salário mínimo dobre imediatamente. Propomos a construção de boas escolas com muitas vagas e com profissionais da educação tendo um salário decente, e não o vergonhoso salário de 700 reais que paga o estado ao professor. Defendemos a construção de bons hospitais para que os trabalhadores não morram por falta de leito nas emergências. Exigimos que o governador pare imediatamente com a demolição do IASERJ, com o fechamento do Pedro II, hospitais que são fundamentais. Queremos lazer decente, acesso à cultura, e não maquiagem para turista ver. Queremos moradias decentes e com infra-estrutura. Existe um responsável pelas ações que estão ocorrendo no estado e na cidade: é o governador, os prefeitos e o governo federal, que fizeram muito estardalhaço nas eleições e que agora nos deixam nesta situação.

 

Não acabaremos com a violência e com o tráfico sem descriminalização das drogas, sem colocar na cadeia os grandes empresários que traficam as armas e as drogas, sem o confisco de seus bens. Não acabaremos com violência se não tivermos empregos decentes para as nossas famílias. Precisamos dissolver essa polícia e construir uma polícia ligada à população e, principalmente, controlada por ela, com eleições para o comando e para os delegados e com mandato revogável. Exigimos o fim do extermínio dos pobres e negros. Não à invasão e ao extermínio dos moradores das comunidades.

 

Cyro García é presidente do PSTU - Rio de Janeiro.

Página na Web: http://www.pstu.org.br/

 

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Comentários   

0 #6 Conversa fiadaPatricia Jacques Fernandes 09-01-2011 14:20
Parece que ser de "esquerda" no Brasil é siñônimo de "ser do contra" e pronto. Não votei no Cabral e acho que a política de (in)segurança pública dele é péssima. Realmente, a imprensa pouco tem se mostrado compromissada em denunciar e apurar ações equivocadas de alguns policiais. O que tem vez é o espetáculo, o aumento da audiência e o lucro. Agora, achar que o povo precisa é de emprego? O que o povo precisa é de educação, saúde, políticas de habitação e saneamento básico. Condições que as incentive ao empreendedorismo. Será que o articulista já se esqueceu que o pleno emprego é coisa do passado?
Descriminalizar as drogas? Por acaso, algum usuário ou dependente é preso? O que não há é uma política séria de atenção à saúde. Por que ninguém quer implementar o Programa de Redução de Drogas de forma séria?
Não é a descriminalização das drogas que vai acabar com o tráfico. Tem é que meter na cadeia e confiscar os bens dos grandes empresários das drogas, e fazer o mesmo com os políticos e juízes envolvidos com as drogas, o tráfico de pessoas, a exploração sexual e o desvio de verbas públicas.
A corrupção é o mal a ser combatido na sociedade. Ela é fruto da má educação que cria a fantasia de que todos têm direitos, mas poucos têm deveres.
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0 #5 O ESTADO PACIFICADO SIM SENHOR ...HERODOTO CARNEIRO 06-12-2010 13:10
ACABAMOS DE SAIR DE UM PROCESSO ELEITOREIRO E NÃO OBSERVAMOS QUALQUER PROPOSTA POLÍTICA PARTIDÁRIA PARA ACABAR COM A CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO,O PODRE PODER RESPONSÁVEL PELA LEGALIZAÇÃO DO CRIME.

POR QUE ?

O ESTADO DO RJ ESTÁ PACIFICADO SIM;SENHOR.

O POVO DES-AVERGONHADO NÃO POSSUI ESCOLAS,SAÚDE,EMPREGOS DIGNOS,SANEAMENTO BÁSICO,SEGURANÇA PÚBLICA,CULTURA,UNIVERSIDADES PÚBLICAS,GRATUITAS E COM ACESSOS EM TODOS OS NÍVEIS (GARDUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO),LAZER EM ÁREAS PÚBLICAS NÃO DEGRADADAS E POLUÍDAS E ETC.

TUDO ISTO ACONTECENDO SEM QUE HAJA UMA REAÇÃO EM RESPOSTA A CORRUPÇÃO DO ESTADO FRENTE AO ABANDONO E A COBRAÇA DE IMPOSTOS MIL.

LEMBRO QUE OS ARGENTINOS DEPUSERAM TRÊS PRESIDENTES EM CURTO ESPAÇO DE TEMPO AO SEREM DES-RESPEITADOS E ESPOLIADOS PELOS OPORTUNISTAS GOVERNISTAS.

O POVO BRASILEIRO QUER MESMO É SAMBA,FUTEBOL,CACHAÇA,MACONHA E COCAÍNA.

PORCA VERGONHA !
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0 #4 Quem são os culpados?Alexandre 30-11-2010 09:51
Não é só os governadores que são os culpados, mas também nós, trabalhadores, estudantes, enfim governados. Todos nós, governadores e governados, somos culpados pelo estado de coisas que se apresenta hoje. Não adianta somente culpar os governantes, estes têm uma grande parcela de culpa sim, porém nós também, pois somos nós sustentamos os governantes, o tráfico de drogas (consumidores e produtores de drogas), o tráfico de armas (por exemplo, a população foi quem votou a favor das armas no último referendo sobre a questão), portanto, ninguém é inocente. Enquanto o povo e os governantes não fizerem um exame de consciência, não se moralizarem, o socialismo será impossível e utópico, pois não é com uma vanguarda revolucionária ou partido ou movimento que as coisas vão mudar. Só mudar-se-a se todos tiverem vergonha na cara e tomar as rédeas de suas vidas por si mesmas.
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0 #3 alvimar de sousa bispo 30-11-2010 08:29
As polícias - Estadual e Federal - e as tropas militares estão de parabéns por agir de forma coercitiva nestas favelas do Rio de Janeiro. A maioria da população carioca se encontra feliz; pois, hoje, não estão dominadas nas mãos de traficantes, homicidas, terroristas. Estas são pessoas sem escrúpulos, hoje afugentadas, presas. Ações de segurança como essas devem acontecer em todo o país, para combater o tráfico e a corrupção.
Teremos dias melhores na cidade maravilhosa, agora sim MARAVILHOSA.
População carioca fique com DEUS!!
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0 #2 Hemerson 29-11-2010 20:48
Como ex-militante do PSTU fico horrorizado entre a falácia da descritiva desse povo.Jogam pedra sem na janela do vizinho pq é mais fácil,mais no poder, conhecemos muito bem onde vai dar.
Não acreditam em Deus, mais Endeusam Marx e outros , sem mesmo compreender. Se Marx ressuscitasse reveria sua própria obra.
De fato o capitalismo é horrível , jamais seria capaz de aceitar, mais o socialismo ala PSTU, tenha dó.
Sei que esse não é o foco , mais meu amigo, não é fácil viver num lugar desse não e me parece que a população lá não está pensando como vc, que por sinal não deve levar uma vida como a deles não.
Ainda não consegui descobri qual a diferença entre os fundamentalistas religiosos e o PSTU, a diferença está seus deuses.
Creio na premissa ainda que a pior democracia ainda é melhor que qualquer ditadura e é nisso que o tal socialismo acaba, pois conheço pessoalmente o grupo e com certeza adoram, como todos estados socialistas, mamar na teta da vaca do estado. Quem leu Revolução dos Bichos, sabe do que estou falando.
Hemerson
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0 #1 Oposição de esquerda.Dulcinéa Santos Carvalho 28-11-2010 08:22
Deve ser bom ser oposição de esquerda!
Se um dia esta oposição chegar ao poder, vai resolver em 4, 8 ou 12 anos, quinhentos anos de espoliação e opressão.
Mas, se esta oposição chegar ao poder, e se hoje tem mais visibilidade, é porque um governo de esquerda chegou ao poder, mesmo ao preço do "...um passo à frente, dois atrás."
Não li todas as obras dos teóricos marxistas, mas sei fazer a leitura do processo histórico. Já escrevi neste espaço em outro momento: sempre soube perceber uma injustiça e me posicionar contra ela, nas escolas onde trabalhei aqui em Varginha-MG. Muitas vezes, não contei com o apoio dos antigos companheiros, que hoje são esta oposição de esquerda aqui em minha cidade. Gostavam de jogar para a platéia da direita. Acho engraçado certas coisas.
Vou esperar para ver se este meu comentário vai ser publicado. Alguns que enviei não foram.
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