De Cabeças Trocadas

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Raymundo Araujo Filho
05/05/2010

 

Há muito tempo venho denunciando que um dos maiores males do (des)governo Lulla é o de colocar nas escritas e discursos da direita, teses e argumentos que deveriam estar sendo emitidos pela esquerda brasileira, totalmente avacalhada neste momento e transformada em "esquerda" pelo apoio que dá ao (des)governo Lulla. A direita faz isso com facilidade, principalmente porque não tem compromisso com o que escreve ou deixa de escrever, pois, como diz o ditado, "o mingau quente se come pelas beiradas". E com o poder midiático que têm, tornam letra morta o que escreveram ontem, desconectando o escrito com a realidade.

 

Há tempos venho denunciando uma insidiosa artimanha das Organizações Globo, visando o seu desvencilhamento do apoio à ditadura militar. Primeiro foi o acordo fechado com – pasmem - a UNE para entregar à Fundação Roberto Marinho a organização do acervo sobre a ex-gloriosa entidade estudantil. Estarei contribuindo com o acervo, sugerindo uma coletânea das "notícias" veiculadas pelos instrumentos midiáticos desta organização, em minha opinião a maior representante do que conhecemos como "jornalismo marrom".

 

Recentemente, tivemos a repercussão das entrevistas com dois generais da ditadura, Leônidas Pires Gonçalves e Newton Cruz, colocando o jornalista Geneton de Morais, empregado das Organizações Globo, como operador de material com direcionamento crítico às declarações dinossáuricas e fascistas destes dois representantes do que há de pior no Brasil. Sugiro que o jornalista Geneton de Moraes Neto faça uma terceira entrevista. Esta seria com os seus patrões, com a simples pergunta: Por que as Organizações Globo apoiaram a ditadura militar que tinha como "operadores" tão maléficas pessoas, em cargos de alto, alto mesmo, coturno? Aí sim creio que o jornalista teria a sua credibilidade estampada, sem possibilidades de reparos. Por enquanto, o acho apenas um "agente" da "Operação Limpa Barra", provavelmente ordenada ou estimulada por seus patrões.

 

Temos assistido diariamente nos jornais e telejornais desta organização críticas a atos periféricos e sobre as estapafúrdias atuações de ex-esquerdistas em busca de serem confiáveis ao capital internacional, como é o (des)governo Lulla, mas sem que as Organizações Globo emitam uma só crítica às macro-políticas, principalmente a econômica, sob o comando de Henrique Meirelles (ex-Bank of Boston). Muito ao contrário, o principal "analista" econômico da TV Globo é só elogios aos "acertos" da condução macro-econômica nacional que, como todos nós sabemos, em troca de dar migalhas ao povo endivida o país e exonera nossas riquezas como "nunca dantes vimos".

 

No dia 27 de abril, foi estampada na página de Opiniões do jornal O Globo, artigo do geógrafo Demetrio Magnoli, relacionando a construção de Belo Monte com a aproximação ideológica de Lulla do ditador Ernesto Geisel, de tão tristes atos e memória, lembrando que a idéia desta hidrelétrica surgiu no governo do ditador militar, e fazendo um paralelo de Lulla com o ditador, como se nada tivessem com isso.

 

Ora! A vertente ideológica com a qual Demétrio Magnoli se coaduna hoje é toda estruturada justamente no assalto ao país, em seus cofres e riquezas, nas privatizações e na disputa com Lulla e o PT - ou seja, entre entreguistas eméritos - para as alianças políticas. Agora, pelo visto jogando para a platéia e colaborando com a "Operação Limpeza de Barra" das Organizações Globo, emite artigo que vai na mesma linha, e até mais radical do que o exposto na entrevista com o professor Célio Bermann, que relaciona Belo Monte com Sarney (que, aliás, é o mesmo que relacionar com Geisel, como faz Magnoli).

 

A diferença em relação ao entrevistado por Valéria Nader e Gabriel Britto é que o interlocutor tem compromisso com as suas próprias opiniões, coisa que não me parece acontecer com Demétrio Magnoli, que trabalha sob a perspectiva do "barata voa" no jornalismo sem compromisso que articula neste seu artigo, acessível pelo link http://despoluicaoideologica.blogspot.com/2010/04/lula-celebra-geisel-em-belo-monte.html/.

 

Não entendo muito das teorias e crenças que preconizam o Fim do Mundo para breve, mas creio que deve mesmo estar próximo, ainda mais ao ver os pré-candidatos e adversários políticos Serra e Dilma desancarem o MST e brandindo a Lei e a Ordem nos seus discursos unificados contra as "invasões de terras e próprios governamentais". Disseram isso no mesmo dia, no mesmo evento de ruralistas, usando o mesmo chapéu e em cima do mesmo trator. Mais igual não poderiam ser.

 

É por isso que as Organizações Globo têm espaço para se desvencilhar de seu passado de apoio ao fascismo da ditadura militar brasileira. De Cabeças Trocadas para a Dança das Cadeiras, é questão de tempo.

 

Para tudo ficar como está.

 

Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e não gosta de brincar em serviço.

 

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