Abandono de locais históricos reflete desleixo com São Paulo

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Gabriel Brito
26/10/2009

 

No início de setembro deste ano, o Correio veiculou matéria que tratava das enchentes que assolaram São Paulo no retorno do feriado da Independência. Em questão, estavam os fatores responsáveis pelos transtornos causados pela chuva, refletidos dramaticamente no trânsito da cidade e registrando mortes por deslizamento de terra.

 

Um dos pontos centrais destacados foi o corte de verbas públicas para limpeza e varrição, algo muito repercutido por todos os veículos de comunicação. Apesar do aparente recuo do prefeito Gilberto Kassab ao avisar que descongelaria alguns gastos previstos em tais serviços, a situação pouco mudou e São Paulo continua coalhada de pontos repletos de sujeira ao ar livre.

 

Tradicional centro comercial e urbano, a região do Brás é uma das que mais sofrem com o abandono do poder público em seu entorno, concentrando lixo a céu aberto e toda sorte de entulhos. Conforme atestam fotos enviadas pelo leitor Marcos Anghinoni, uma enorme praça situada ao lado da Av. Prudente de Morais e da estação Brás de trem e metrô está completamente ao relento, situação que já se verifica há anos no local.

 

"A situação é péssima. Barro, lixo de toda espécie, fezes de animais, indigentes, forte odor de urina humana, comércio ilegal de alimentos e cigarros em grandes quantidades de origem duvidosa, sendo muito mal iluminada à noite, quando trabalhadores descem dos ônibus fretados e têm que cruzar a praça para se dirigir à escada rolante de acesso à estação", contou.

 

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Inconformado com a situação, Anghinoni já reportou o quadro aos devidos entes públicos, quais sejam, a Secretaria Municipal de Saúde e a Subprefeitura da Mooca, que engloba a região em sua jurisdição. Sua mensagem chegou ao ouvidor da saúde, Mario Sergio Mendes Cardoso, que também a encaminhou para a respectiva subprefeitura. Por ora, nenhuma providência foi tomada.

 

A estação Brás é parte remanescente da histórica linha "Ingleza", como se chamava popularmente a linha férrea da São Paulo Railway, construída em 1867 para ligar Santos a Jundiaí, sendo um dos pontos marcantes da expansão vivida pela cidade no início do século passado. Atualmente, cerca de 300 mil pessoas passam todos os dias por ali, para trabalhar nas incontáveis lojas e comércios, inclusive e maciçamente ambulantes, da região.

 

No lado oposto da estação, indo em direção ao famoso Largo da Concórdia, o que se vê já é um ambiente mais razoável e transitável, apesar da impressão de abandono causada por diversos galpões e ruas esvaziadas. Na página da subprefeitura da Mooca, hospedada no website da municipalidade, informa-se que o bairro "vem assistindo amplo projeto de revitalização impulsionado e implantado pela subprefeitura".

 

"Há o fato agravante de estas condições estarem ao lado de uma creche municipal, a CEI Vereador Nazir Miguel, onde as mães têm de passar com suas crianças, a maioria de colo, pelo local, que além de tudo é descoberto. Incluo ainda a questão da emissão do monóxido de carbono pelos ônibus, aspirado por adultos e as crianças mencionadas", completa Anghinoni.

 

Tendo sido diminuída a verba pública para limpeza de 948 milhões de reais para 765 milhões nesse ano, a pressão e participação popular nos assuntos de interesse direto da vida cotidiana continuam sendo o melhor caminho para uma cidade mais agradável e respirável.

 

Gabriel Brito é jornalista.

 

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