Os patrioteiros

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Gilvan Rocha
16/10/2009

 

No dia 6 de outubro passado, tivemos um evento digno de júbilo. Depois de 37 anos, conseguimos sepultar os restos mortais do guerrilheiro Bergson Gurjão. Foram anos de torturas e de ansiedade. Não sabíamos o paradeiro daquele que se imaginara ter se sacrificado por uma boa causa, a libertação nacional.

 

Ora, para os comunistas, a grande causa é a libertação da humanidade dos grilhões do capitalismo. Pátria é um truque usado pela burguesia para enganar o povo. O que ela nos costuma chamar de nossa pátria é a pátria deles, pois as terras são deles, assim como as fábricas, as minas, os grandes transportes, os grandes comércios, os bancos, enfim, a vida fácil de privilégios e segurança. O que resta ao povo é uma pátria sem emprego, de baixa renda, com a fome, transportes carentes, isto é, quando os tem.

 

E eles nos induzem a amar a "nossa" pátria que só merece ser amada por eles que se locupletam de suas vantagens e submetem o povo às mais dantescas necessidades.

 

O pior é que esse truque sempre vem dando certo, sobretudo nas guerras. Eles colocam pobres, trabalhadores para se matar entre si, em defesa da pátria que é deles, dos ricos, esquecendo a grande lição do Manifesto Comunista de que "o proletariado não tem pátria".

 

O pior, o mais grave, é que a burguesia faz com que, num triste gesto, os patrioteiros de ontem sejam cooptados pelo grande capital, com festas e charangas, convertendo-os em ilustres senadores da República – deles. Modestos professores convertidos em deputados federais, na Câmara Federal. Quase governadores de São Paulo, diletos representantes do mensalão, cujo objetivo era se perpetuar no governo como porta estandarte da patriotada.

 

Tranqüilize-se a burguesia. Que durma em paz. O capitalismo com uma esquerda dessa natureza deverá dormir o sono plácido da eternidade deitado em berço esplêndido.

 

Correm nos olhos revolucionários as lágrimas de desespero em ver a hegemonia absoluta do capitalismo reinar sobre a face da terra com o empenho sagrado desses patrioteiros que, equivocados ou não, são cúmplices de tão dramático espetáculo.

 

Gilvan Rocha é presidente do CAEP - Centro da Atividades e Estudos Políticos.

Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

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