Jânio, Collor e Protógenes

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Gilvan Rocha
10/09/2009

 

Duas grandes inverdades estão profundamente arraigadas na cabeça de pessoas letradas, bem letradas e iletradas. A primeira delas é repetir até a exaustão que o sistema sócio-econômico vigente é bom desde que bem administrado. Assim sendo, o que existiria de ruim seriam maus governos e isso é uma deslavada mentira.

 

Quem propaga essa mentira? A direita oficial representada diretamente pela burguesia e a direita oficiosa, representada por uma "esquerda", ou melhor, por uma direita travestida de esquerda.

 

Outro discurso que é inoculado na cabeça do povo, seja ele "informado" ou nem tanto, é a de que todo desconcerto que amargamos deve-se à corrupção. E em função da corrupção que falta o leite, o pão, o transporte digno, a moradia, o emprego, os baixos salários... Ora, a corrupção é inerente à propriedade privada. Ela é um cancro que aprofunda as mazelas sociais, causando profundos danos. Mas esse cancro, a corrupção, é filha direta do capitalismo. Aí sim é onde está a matriz dos males sociais.

 

Explorando esses dois discursos, muitos picaretas já se deram bem. Dos mais renomados, podemos citar Jânio Quadros e sua vassoura, que haveria de varrer a corrupção no país. O segundo mais notável foi Fernando Collor, o "caçador de marajás", que haveria de transformar o Maracanã num grande presídio de corruptos.

Gloriosamente consagrados nas urnas, esses dois se revelaram "bons" pilantras. Recentemente, alguns setores da esquerda "mais avançada" chegaram a pretender filiar o ex-delegado Protógenes Queiroz, com o objetivo de caçar votos, uma vez que esse delegado havia prendido, soltado, prendido e soltado o banqueiro Daniel Dantas. Que belo slogan nós teríamos: "Vamos moralizar o Brasil com o delegado Protógenes varrendo a corrupção, e assim sobrando leite, pão, casa, escola, segurança para todos"

 

Episódios dessa natureza deixam-nos tristes. Não será com a "esquerda" desse tipo que o capitalismo haverá de ser derrotado. Nem com Protógenes, nem com outras migalhas políticas apontadas inveridicamente como avanços, como é o caso do socialismo constitucional do século XXI que, no máximo, poderia ser chamado de menos desastroso!

 

Gilvan Rocha é Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.

Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

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