Correio da Cidadania

Pedro Simon: ‘Nasce um novo PT, o PT do Lula, do Collor, do Sarney’

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No fim do dia em que o ex-presidente José Sarney teve todas as acusações contra ele arquivadas pela Comissão de Ética do Senado Federal, o Senador Pedro Simon (PMDB-RS) concedeu ao Correio da Cidadania uma amarga entrevista sobre o assunto.

 

Ainda que a maioria da mídia faça sua cobertura sobre o caso quase que exclusivamente do ponto de vista de quem ganhou e quem perdeu espaço, e qual o reflexo para as eleições presidenciais de 2010, Pedro Simon aceitou fazer uma reflexão sobre o que a manutenção de Sarney na presidência do Senado representa.

 

Sem tocar no assunto de quantos pontos a provável candidata petista Dilma Roussef perde, ou qual o reflexo disso para Ciro Gomes, ou como reverbera o caso nas disputas internas do PSDB, Simon demonstra a gravidade do tema.

 

O Senador nos faz lembrar que a continuidade do processo era a via da investigação, da averiguação das acusações contra José Sarney. Mas o processo acabou sendo arquivado sem nenhum grau de apuração além do já feito pela Polícia Federal. De quebra, também foram arquivadas as acusações contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Ou seja, acusações de corrupção (que são baseadas em fatos reais) não são mais do que munição para as negociatas, barganhas e disputas nas mais altas esferas do poder brasileiro.

 

Correio da Cidadania: Em entrevista concedida ao Correio no início de fevereiro, o senhor disse que, apesar de não ter votado em Sarney, estava tranqüilo, pois, se ele voltava a presidir o Senado a esta altura, era pra prestar um trabalho à nação, e não para se acomodar. Diante da atual crise no Senado, tendo Sarney como grande protagonista, o que o senhor diria?

 

Pedro Simon: Eu imaginava, embora não tivesse votado nele e ele tivesse sido eleito por pressão do presidente lula, que ele faria uma boa administração. Afinal, ele estava no final de seu mandato [de senador]. Lamentavelmente, começaram a surgir essas denúncias, que não são campanha da imprensa, foram informações vazadas pela Polícia Federal. E as acusações são gravíssimas, e ele [Sarney] não teve grandeza, não se licenciou, não se deixou nem investigar. É uma desmoralização. E houve muita dificuldade do Lula, que colocou toda a máquina do governo a serviço da defesa do senador José Sarney.

 

CC: Que interesses estão realmente em jogo por trás das denúncias a Sarney?

 

PS: As denúncias foram feitas por conta de uma investigação de longa data que a PF vinha fazendo, e elas começaram a ser publicadas, desde a nomeação do irmão, neto, namorado, até atos secretos. No início a gente aceitava um licenciamento. Mas o senador José Sarney não se licenciou e não aceitou a apuração. Tudo foi arquivado na Comissão de Ética, tudo. O governo tinha maioria [na Comissão de Ética], devia permitir que se abrisse o processo, que se investigasse. Arquivaram tudo.

 

CC: O senhor afirmou que Lula colocou toda a máquina do governo a serviço de Sarney. E como avalia o comportamento do PT nesse processo?

 

PS: O grande vitorioso é Lula, porque foi ele quem bancou tudo. Interviu na bancada do PT, que inclusive está reunida nesse momento. Eles tinham decidido que iam pedir o licenciamento, e o Lula exigiu que a bancada votasse como votou hoje, pelo arquivamento. Nasce um novo PT, o PT do Lula, do Collor, do Sarney.

 

CC: Senador, por que o presidente Lula defende com tanto afinco o senador José Sarney?

 

PS: O Lula acha muito importante a aliança com o PMDB. E com essa trinca, Sarney, Renan e Jáder, ele acha que tem uma garantia de que tem o PMDB com ele [agora e para as eleições presidenciais de 2010]. Agora, o Lula tem uma paixão, uma coisa inexplicável pelo Sarney, que faz com que ele o defenda assim, com tanto afinco, tanta garra.

 

CC: E como fica a situação do senhor agora no partido?

 

PS: Minha situação fica igual, continuo meio isolado. O partido não está todo com o Lula, tem muita gente namorando o Serra, a Marina [Silva]. A situação do Sarney com o Lula é forte. Eu estou isolado.

 

CC: A seu ver, qual é o significado para a sociedade da permanência de Sarney na presidência do Congresso?

 

PS: É uma bofetada na cara da sociedade. Pesquisa da Folha de S. Paulo indica que 73% das pessoas acham que Sarney tinha que ser afastado, e hoje se arquiva tudo. É uma profunda tristeza.

 

CC: Com o atual estado de coisas do Senado, o que o senhor pensa acerca do fim do bicameralismo, com a extinção do Senado, conforme vem sendo aventado por vários políticos, estudiosos e intelectuais?

 

PS: A principal conseqüência é essa, vai crescer esse movimento. Com tudo isso, discute-se a necessidade de existirem duas câmaras. Com a vitória do Sarney, essa idéia do fim do bicameralismo vai crescer mesmo. Claro, trata-se de um conteúdo importante. Eu acho, no entanto, que o Senado tem um papel importante, é importante sua presença. Mas esse é um assunto muito complexo, eu não gostaria de comentar muito sobre isso agora, porque é um tema que exigiria uma outra boa e longa discussão.

 

Rodrigo Mendes é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.

 

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Comentários   

0 #15 Elenice 20-09-2009 11:25
Nenhum senador representa mneus interesses, nenhum.
Eu enxergo aquela casa como uma instituição onde os senhores cuidam de seus interesses, do interesse do grupo social aos qual pertencem e cuidam também dos interesses das empresas, instituições e corporações que representam, desconsideram a soberania popular.
O dia que os cidadãos brasileiros tiverem acesso e informações sobre seus direitos e garantias individuais consagrados na Constituição Federal é o início de uma provável mudança.
O dia que a população deixar de assistir novelas, e programas televisivos mentirosos e desqualificados, será a continuação de uma possível mudança;
O dia que a população deixar de votar no inimigo é a mudança, com justiça social.
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0 #14 NarcisosRaymundo Araujo Filho 14-09-2009 17:51
Não ataco principalmente a reação tradicional, pois estes, derrotamos facilmente nas urnas. Mais de uma vez isso ficou provado. O problema é a traição entreguista de quem subiu ao poder com discurso mudancista, e entrega o país, tal e qual um FHC qualquer.

Desafio qualquer um destes a apontar uma só polítivca de Lulla que não tenha características neoliberais e apoio da burguesia brasileira e internacional. E não me venham com as críticas periféricas que a mídia corporativa faz, mas sem reclamarem do régiopagamento da dívida, com o escorchante superávite primário, a entrega do petróleo, da amazônia e do cerrado, o apoio ao agronegócio, a paralização da reforma agrária e outros quetais.

De minha lavra, não encontrarão um só artigo defendendo estes pedros Simons da vida. Ms, tento atacar quem realmente está no poder. E este têm nome: Lulla e os apoiadores do lullopetismo entreguistas.

Aguardo os artigos que solicitei, destes que agora acham que a corrupção é coisa de udenista. Há pouco tempo eram adeprtos do Fora FHC, por quel motivo? CORRUPÇÃO.

Ou já se esqueceram o que diziam e escreviam, tal e qual FHC?
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0 #13 ????Sergio 08-09-2009 09:05
Hahahaha!!! Santa hipocrisia. Quando leio esse tipo de reportagem me remeto aos jornalões tradicionais com o falso moralismo de sempre. Na maioria das vezes, chego a imaginar que é "possível" construir um capitalismo sem roubos e outras "mazelas" que convivemos no dia a dia. E viva a república. Quem sabe a gente chega lá.
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0 #12 E o PMDB do Pedro Simon?Patrick 28-08-2009 05:23
O PMDB-RS é o PMDB do Pedro Simon, do Eliseu Padilha e da Yeda Crusius, sobre quem o senador gaúcho mantém silêncio absoluto.
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0 #11 O FALSO MORALISMO E OS PAPAGAIOS DO SIMOjose justino de souza neto 27-08-2009 17:20
Quanto ao Virgilio (corrupto confesso), nada.

Quanto ao Tasso, que um jornalista udenista (lacerdista, original, não os neo-udenistas da esquerda festiva ou da direita hidrófoba), já chamou de corrupTASSO uma infinidade de vezes, nada também. Aliás, o jatinho já foi consertado com as peças de contrabando?

Quanto ao Agripino, aquele que considera como virtude a delação de companheiros e que, para ele, se o cidadão não contar a verdade sob tortura é porque não passa de um mentiroso, nada também. É uma virgem impoluta e o exemplo de honestidade, caráter e honra.

Esses aí em cima, e nem vou me aprofundar com a hipocrisia do entreguista Simon com sua corrupção explícita e assassinatos covardes do pessoal do MST na própria casa(RGS), e mais outros tucanos e pefelistas corruptos são menos importantes que o Sarney para os neo-hipócritas e neo-golpistas.

As virgenzinhas neo-udenistas descobriram agora que o Sarney é outro coronelão. Descobriram agora porque a mídia esgôto e seus papagaios no Senado não aceitam seu apoio ao Governo. Então, tá!

A hidrofobia anti-petista é comovente. São como cães que latem, babam e fingem atacar a caravana que vai passando tranquilamente. Enquanto isso, os corruptos históricos e coronelões lobistas da UDR e da FIESP se reunem em restaurantes de Brasilia, ou até em Nova York para prestar contas aos patrões daqui e do Departamento de Estado sobre os próximos passos que darão para a retomada do Estado e a continuação da doação do patrimônio público.

Como disse o Azenha: "É o pré-sal, estúpido!"
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0 #10 A ADEG InformaRaymundo Araujo Filho 26-08-2009 08:17
Entram no gramado Collor, Renan e Sarney, substituindo Delúbio, Zé Dirceu e Gushinken.

Como diria o velho e sábio João Saldanha: "Meus amigos...Vida que segue..."
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0 #9 Vergonha NacionalJoão Batista de Jesus Felix 26-08-2009 08:04
O que aconteceu no senador foi um soco no estômago da nação, assim como o fim do PT ideológico, a partir desta data passaremos a conviver com o PT da dança da impunidade e da corrupção desemfreada.
LAMENTÁVEL.
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0 #8 entrevista com Pedro SimonESDRAS 24-08-2009 16:42
QUAL SERÁ O PRÓXIMO ESCANDALO ENVOLVENDO O CONGRESSO NACIONAL,COM A CONIVENCIA DO PT E DO LULA?

CHEGA DE CORRUPÇÃO!!!!
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0 #7 Senador Aloízio Mercadante amarelouJulio César Cardoso 24-08-2009 12:19
O senador Mercadante faz tipo no Senado. Deveria ter palavra e cumprir com a sua decisão de renunciar a liderança da bancada do PT. Demonstrou ser um senador lero-lero, obediente ao rei Lula, o qual faz de seus acólitos verdadeiros atores mambembes ou fantoches, que não têm discernimento próprio. Antigamente, o fio de bigode merecia respeito, seriedade e cumprimento de palavra.
É assim que se comportam os nossos senadores da República: sem seriedade. Por isso o questionamento da sociedade, que não é beócia como alguns senadores arguem, acerca da continuação do Senado Federal, dispendioso, cheio de político lero-lero e sem credibilidade.
Julio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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0 #6 lula e o senadobraz augusto 24-08-2009 06:24
na minha opinião o lula depois de saber de tanta corrupção(na outrea crise ele diz que não sabia), nesta ele soube e soube muito bem, e ao intervir de forma decisiva no processo, lula nada mais fez que dizer em todo poder publico a corrupção é assim mesmo e temos que defendê-la inclusive pedidno que todas as prefeituras, governos legalizem
suas corrupção formando, criando a SECRETÁRIA MUNICIPAL E ESTADUAL DE DEFESA DA CORRUPÇÃO, onde com certeza uma funcinário que não roubar vai ser dispensado da função.
é isso aí.
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