Correio da Cidadania

Ditabranda e ditadura

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O Golpe de Estado de 1964, no Brasil, apesar de ter sido o episódio histórico talvez de maior importância na nossa história recente, nunca foi discutido da forma devida. Pouco se escreveu e esse pouco tem se revelado de péssima qualidade ou plenamente insuficiente, na medida em que se atém à seqüência de fatos, sem, contudo, analisar a natureza do golpe.

 

Ora, o Golpe de 1964 teve dois momentos. No primeiro instante ele ficou nos limites do bonapartismo, ou seja, foi uma medida de força em nome de todas as facções da burguesia para afastar o perigo de uma insurreição popular, visto que a crescente radicalização das massas trabalhadoras começava a fugir do controle das direções nacionais reformistas, representadas especialmente pelo PCB e PTB, e o exemplo de Cuba, onde um movimento de caráter nacionalista e reformista, sob a bandeira do "pátria ou morte venceremos", por força das massas trabalhadoras, transformou-se numa revolução anticapitalista. O que não era do propósito dos seus românticos dirigentes.

 

O primeiro momento do golpe tinha aos olhos da burguesia um caráter cirúrgico e logo se voltaria para a ordem democrática burguesa, ou seja, para o festejado Estado de direito. Esse era o acordo entre as partes. Mas, com a retomada do movimento de massas, fossem os estudantes e suas passeatas, fossem os metalúrgicos de Osasco e Contagem, fossem as greves dos bancários em Porto Alegre, Guanabara e Fortaleza, causou-se medo às classes dominantes e a extrema direita se aproveitou do momento para perpetrar um golpe dentro do golpe com o Ato Institucional número 5, em 1968. Assim, tivemos uma "ditabranda" na primeira fase, onde os casos de tortura se circunscreveram ao Recife e à Guanabara; e a partir de 1968 tivemos uma ditaduríssima, particularmente no governo do senhor Garrastazu Médici, de triste memória.

 

Ao invés de nos escandalizarmos com os rótulos, ditadura e ditabranda, convinha nos escandalizar com o fato de "esquerda" e direita, num pacto silencioso, buscarem pôr uma pedra sobre esse episódio que, se elucidado, muito poderia auxiliar em nossa caminhada.

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos - CAEP.

 

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Comentários   

0 #6 Manifesto contra a anistia aos torturadoEdmilson Martins 23-10-2010 09:21
Quero assinar o manifesto contra a anistia aos torturadores, terroristas, sequestradores, estupradores, agentes do justiçamento de companheiros arrependidos. Quero saber quem explodiu a bomba em 1968 no quartel do IIº Exército e matou um menino de 18 anos. Quero saber quem metralhou com 21 tiros o jovem capitão inglês convidado para participar das comemeorações do sesquicentenário da independência em 1972. Quero conhecer a fundo as ações de Dilma Vana Roussef, a Estela, e confirmar o quanto suas mãos se sujaram de sangue para tentar implantar no Brasil sua ditadura de modelo cubano. Quero saber quem são, quanto recebem e com isenção de IR, aqueles que cometerem toda sorte de crime sob pretexto de recompor a democracia, mas estavam de olho era no tesouro do País e se enriquecerem, para hoje desfrutarem dos resorts capitalistas do planeta, queimando dinheiro público.
Quero logicamente ver também agentes do estado repressor, que excederam-se em suas ações e eliminaram sem chance de defesa cidadãos brasileiros que lutavam por suas posições ideológicas e que não pegaram em armas.
Quero a anistia isenta, que se esclareçam todos os fatos e verificar se a sociedade até agora enganada pela propaganda distorcida, irá manter sua opinião em favor daqueles que pegaram em armas e felizmente perderam a guerra.
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0 #5 Fomos enganadosEdmilson Martins 04-05-2010 15:34
Fomos enganados por líderes que se lançaram na sociedade como libertadores de uma sangrenta ditadura, mas que a bem da verdade apenas queriam substituir uma ditadura por outra, a Militar pela do proletariado. De ditadura havia pouco a contar, pois num longo período de 20 anos, contamos pouco mais de 200 mortes pelo lado da esquerda armada, que morreram de armas em punho, salvo raras exceções. Mortes essa que se prolongam até hoje nas repartições policiais Brasil afora. Só que naquela época para cada caso desses tínhamos os generais como culpados, atualmente a culpada é a sociedade como um todo; e não os Generais sem farda que hoje se elocupletam do Poder. Fomos enganados por falsos libertadores, que chegaram ao Poder pelas regras democráticas e ainda preservam sua ambição de perpetuar sua ditadura do proletariado, enriquecendo-se às custas do tesouro nacional, com indenizações vultuosas, como um prêmio por terem naqueles idos: matado, sequestrado, justiçado, roubado, estuprado; tudo por conta da panacéia de implantar no Brasil um sistema falido e alienígena, que levou milhões de soviéticos à morte e cubanos a prisões e paredões pelo simples fato de serem contrários às opiniões dos irmãs castristas.
Foi uma pena o STF não ter revogado a lei de anistia. Seria a chance que a sociedade teria de esclarecer os atos terroristas da cúpula que hoje domina os corredores do Planalto central. O que fizeram com o jovem Mario Kozel Filho em 1968 ao entregar para sua mãe uma massa orgânica de pouco mais de um quilo, aos 18 anos de idade, depois da bomba que explodiu num quartel. O que dizer do jovem Lovechi e seu sonho de ser piloto, brutalmente abortado por uma bomba colocada no consulado americano em São Paulo. Revejam seus conceitos amigos e encarem o dilema de Sofia. A história tem que ser recontada sem pré-julgamentos. Que se punam os agentes torturadores do Estado que excederam suas ações, mas que igual remédio se aplique aos enganadores, que se enriqueceram e ganharam celebridade fazendo de suas ideologias e de suas mãos instrumentos induzir jovens inocentes a uma luta fratricida e levar terror a muita gente inocente.
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0 #4 anistiajorge denarde 23-09-2009 19:58
Encontramos inumeras informaçoes e perseguiçoes Politicas em cima dos militares,mas como reclamar se na propria LSM,encontramos paragrafos e incisos dizendo que Militar nao pode se amotinar e nem brigar na justiça em defesa dos seus direitos, o jeito era ficar quieto para nao ser punido cade a democracia ? ...
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0 #3 Não estamos sósRaymundo Araujo Filho 16-04-2009 07:43
É lendo artigos como este do Gilvan rocha, que vemos que não estamos sós, apontando os escândalos das omissões e tergiversações de grande parte do que se dizem "de esquerda".

É um alento, embora saibamos que somos minoritários, neste momento.
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0 #2 Ditabranda e ditaduraEdmílson Martins de Oliveira 16-04-2009 06:44
Concordo plenamente com o Gilvan Rocha. E é lamentável que as mesmas forças políticas que foram perseguidas pela ditadura, hoje façam jogo mole (ditabranda), tentando sufocar o passado, esquecendo, por oportunismo, os atos diabólicos do golpe militar , cujas consequências terríveis, até hoje marcam a nossa sociedade.
Não se pode colocar uma pedra não, há que se apurar toda a verdade e as "tenebrosas transações", para apagar essa mancha que permanece em nossa História.Muitos dos culpados ainda estão mandando, com a conivência e cumplicidade de muitos daqueles que foram vítimas. Céus e terra clamam por justiça.
Edmílson Martins(ex-preso político)
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0 #1 lu 16-04-2009 04:49
leia isso! é cultura!
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