Correio da Cidadania

PPL: novo partido de esquerda?

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Reunido no último fim de semana no centro da cidade de São Paulo, o Comitê Central do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) deliberou a respeito do futuro da organização que, após mais de 30 anos, enfim deixa o PMDB. Ao contrário do que se chegou a cogitar (suposição razoável, aliás, haja vista o exacerbado lulismo que ultimamente tem caracterizado o movimento), não houve proposta de entrada no PT, mas sim o encaminhamento para a busca das 500 mil assinaturas necessárias para a criação de um novo partido até junho de 2009, prazo para que este possa disputar eleições já em 2010.

 

Chamado Partido Pátria Livre (PPL), referência ao Hino da Independência, a agremiação seria uma forma, segundo seus idealizadores, de avançar na construção de uma frente nacional-desenvolvimentista, cujo líder é o presidente Lula e cujos partidos de sustentação seriam mesmo PT e PMDB, juntamente com o restante da base do governo federal. Criando uma nova legenda, o MR-8 pensa poder conseguir mais espaço e ter mais peso nas negociações políticas, em vez de se tornar mais uma corrente interna no PT.

 

Contra a entrada no Partido dos Trabalhadores pesa também a forma como este costumava se organizar. Uma das coisas mais importantes introduzidas pelo PT na política brasileira, a democracia interna e a participação ativa da base – embora essas coisas hoje não funcionem bem assim – não são tão bem vistas pelo MR-8. Estes, de tradição stalinista, consideram essa estrutura, com livre organização interna em correntes e tendências, uma bagunça. Preferem um centralismo democrático em que a direção determina a linha e a base segue à risca.

 

Em seu manifesto de lançamento, datado do dia 7 de dezembro, o pretenso partido reafirma seu compromisso com a visão etapista de revolução, apontando ser necessária a aliança com a burguesia nacional não-monopolista para promover a libertação nacional e derrotar os monopólios internacionais. E, assim, ajudar a jogar terra na cova onde se meteram o imperialismo estadunidense e a ideologia neoliberal por ele sustentada.

 

O PPL surge, sempre de acordo com o seu manifesto de lançamento (intitulado "Carta ao povo brasileiro", pasmem), como um partido "de esquerda". Não faltou, é claro, uma alfinetada, ainda que sem referência nominal, naqueles que fazem oposição de esquerda ao governo Lula: PSOL, PSTU e PCB. Há as seguintes colocações: "fora dela (a tal frente) o que existe é o retrocesso" e "os setores que se pretendem à esquerda do governo Lula (têm sido levados) ao vexatório papel de linha auxiliar das viúvas do neoliberalismo encasteladas no PSDB e no DEM", estes últimos efetivamente citados.

 

Em um dos cinco princípios que servirão de alicerce para a futura sigla, há o compromisso com um "horizonte socialista". Se depender do pragmatismo do MR-8, é possível que não haja ser humano para contar história quando chegar tal momento, pois o capitalismo atualmente nos arrasta ao precipício. Para aqueles que imaginam que os "revolucionários" do MR-8 estão rompendo brigados com o partido ao qual ainda pertencem, esqueçam. Sem radicalismos, companheirada. O manifesto é encerrado com um parágrafo que faz média com o PMDB, aquele de José Sarney, Renan Calheiros, Orestes Quércia, entre outras tantas figuras bastante conhecidas pelos brasileiros. Para o MR-8, foi uma "honra" permanecer por lá durante todo esse tempo.

 

Em recente debate sobre a crise financeira global e também em sua coluna no jornal "Folha de S. Paulo", Cesar Benjamin – editor da Editora Contraponto e, por acaso, ex-militante do MR-8 – afirmou que as turbulências na economia mundial poderão ter sérios impactos no Brasil. O que pode trazer conseqüências para o jogo político-partidário brasileiro que hoje parecem inimagináveis, como uma aliança entre PT e PSDB, por exemplo, em defesa dos interesses nacionais (o que contaria com o apoio entusiasmado do tal PPL, nacionalista acima de tudo).

 

A criação desse novo partido, ainda que seja algo de certa forma pouco relevante e que talvez nem sequer se concretize, sinaliza que há mesmo espaço para movimentações e rearranjos. O que está por vir não sabemos, mas as surpresas já começam a aparecer.

 

Max Luiz Gimenes, professor de redação da Rede Emancipa de Cursinhos Populares, é militante do PSOL.

 

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Comentários   

0 #11 guarujá, e suas estruturasleonardo marinari neto 22-10-2010 14:30
ACOMPANHO este partido á dois anos aqui no guarujá estou presente em todoas as reuniões, aniversarios do partido, e eventos, e gostaria de parabenizar o presidente pela luta e dedicação,
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0 #10 priscila 23-04-2010 09:41
Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.
e é juntos que vamos fazer a diferença.
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0 #9 PPLTELMO MARINHO 15-02-2010 12:24
A liberdade de manifestação e expressão deve avançar no País. Organizar um Partido Político não deve ser um privilégio das elites. Com o projeto da Reforma Política do ex-ministro Tarso Genro virão os "partidos municipais" que serão sempre "emergentes" se não ultrapassarem as "barreiras" ou cotas eleitorais, na forma da Lei. Aí ficaremos como a Espanha com mais de 800 partidos emergentes, só podendo concorrer nas eleições municipais, mas todos com possibilidades de atingir a MAIORIDADE e nem por isso são extintos.
Viva o Partido Pátria Livre!
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0 #8 PPLDANIEL PEIXOTO RODRIGUES 10-11-2009 12:16
com o pluripartidarismo, sou a favor com a criação de novas legendas, com a chegada do PPL , a democracia brasileira só tem a ganhar, q o PPL tenha nomes fortes para as eleições em 2012 , aqui no Nordeste . Abraços e saudações ........
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0 #7 jaime silveira chaves 06-08-2009 14:51
O partido patria livre - PPL já está registrado?
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0 #6 PPL quem sabe?Edcarlos Pereira dos Santos 03-07-2009 10:09
Assim como o PT e o LULA significou um avanço em termos de política no Brasil, principalmente com relacão a elite hipócrita deste país, acredito que devemos esperar mais um avanço através de militantes em prol do Brasil ser realmente livre.
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0 #5 Mais um...Castilho 02-06-2009 09:47
Penso que será mais um partido, pois PMDB e PT gostam mesmo é de brigar por cargos no governo. E o PPL será mais um, pois nasceu deste mesmo berço. Nacionalismo gerou o nazismo e o fascismo. Podem pegar o PSDB, PT, PMDB, DEM, PPL e jogar tudo no mesmo saco de farinha.
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0 #4 enfim um partido confiavel o PPLmauricio da silva 24-04-2009 19:42
o Max deixa de preconceito, o PPL é um partido que com certeza,sera concretizado, e terá bem mais espressão que o PSTU e PSOL, que de fato se aliam ao DEM e PSDB,em busca de um retrocesso politico, mas que não conseguirão jamais, pois o povo brasileiro tem vocação democratica. o PPL com certeza será um grande partido, com grandes nacionalistas em suas fileiras que saberão transformar o Brasil em um grande pais socialista de verdade.
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0 #3 matias martinez 18-04-2009 16:46
parabenizo a formação deste novo partido, e gostaria de me filiar ao mesmo, bem como formar o diretorio municipal em minha cidade fui filiado ao MDM e posteriormente ao PMDB, mas por não concordar com o rumo que partido está se direcionado, deixei 0 em janeiro pp.
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0 #2 mr8fabio 14-12-2008 22:59
parece que depois de 30 anos grudados no pmdb o mr8 cortou o cordão umbilical..porque tanto tempo assim...?
parece que tal força demora muito em suas analises...porem que bom que surge mais uma força para combater o imperialismo.
obs..poderiam se fundir ao pc dob ,seria mais coerente.
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