Algema é...

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Gilvan Rocha
30/07/2008

 

...pulseira para pobre. Rico não deve usar, se não o presidente da República se irrita e, junto com ele, irritam-se ministros do Supremo Tribunal Federal, senadores, deputados, criminalistas. Logo se cogita mudar a legislação para evitar possíveis constrangimentos aos ladrões de colarinho branco, principalmente os banqueiros.

 

Diante do episódio Daniel Dantas, Naji Nahas e outros bandidos do mesmo naipe, três delegados da Policia Federal foram afastados das investigações de forma desavergonhada. É verdade que, diante da repercussão negativa que teve essa medida despudorada de exclusão dos principais investigadores, o governo recuou e chamou os afastados de volta. Mas a emenda não foi suficiente para ocultar os privilégios desfrutados pelos bandidos ricos.

 

Muitos argumentam que o Brasil é um país de tradição elitista. Dizem com freqüência que não somos um país sério, como teria dito o ex-presidente francês General Charles de Gaulle. Existem, também, os que imputam nossas mazelas sociais como decorrentes de um presumido atraso cultural. Lembremos, no entanto, que a culta e letrada Alemanha e a não menos culta Itália produziram uma monstruosidade histórica chamada nazi-fascismo. Tentam, de formas não fundadas, explicar o comportamento ostensivamente discriminatório praticado pelas mais diversas instituições, particularmente pelas polícias e pela justiça. Ora, tal comportamento discriminatório é decorrência natural da divisão da sociedade em classes e camadas sociais, e essa divisão é, simplesmente, multimilenar.

 

É evidente que nos países miseráveis, pobres e emergentes que formam a maioria, as fraturas do sistema capitalista ficam mais a nu e isso leva a que se observem diferenças quantitativas entre os países periféricos e os países ricos. Mas é tudo uma questão de maior ou menor grau, pois a questão de fundo continua a mesma: pobre é pobre e sofre todos os rigores dessa circunstância, enquanto aos ricos cabem os privilégios, inclusive a impunidade e os mimos.

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos - CAEP

 

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