Solidariedade e vida

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D. Demétrio Valentini
14/03/2008

 

Este domingo assinala o início da Semana Santa, com a bênção dos Ramos. E conclui a Campanha da Fraternidade, com a coleta da solidariedade, motivada pelo tema deste ano.

 

Existe uma confluência de caminhos, entre quaresma, fraternidade, solidariedade e páscoa, como rios que convergem para um mesmo estuário. Esta convergência ficou mais clara neste ano, com o tema da vida. Pois a páscoa é a festa da vida.

 

A coleta conclusiva da Campanha da Fraternidade foi chamada de "coleta da solidariedade", para enfatizar a importância de traduzir em gestos efetivos os sentimentos de fraternidade que são despertados pela campanha. A solidariedade passa a ser o nome prático da fraternidade. Como diz o hino deste ano, "vai, transforma tua fé em caridade", neste final de semana, somos chamados a demonstrar nossa fraternidade pela solidariedade efetiva de nossa colaboração.

 

O resultado da campanha, em termos financeiros, costuma ser inexpressivo se olhamos os números da coleta e se pensamos nas grandes necessidades levantadas pelo tema. Para entender esta situação, é bom ter presente que a solidariedade despertada pela campanha, em grande parte, não é contabilizada. Pois, em sua maioria, os "projetos sociais" são mantidos com recursos arrecadados de maneira comunitária, em milhares de comunidades espalhadas pelo Brasil, e repassados diretamente aos respectivos projetos.

 

É esta a experiência que a Cáritas Brasileira pode testemunhar. Ela foi incumbida pela CNBB de administrar os resultados da "coleta da solidariedade", que são depositados no "Fundo Nacional de Solidariedade". Na prática, com os recursos deste fundo é possível apoiar apenas alguns projetos estratégicos, sempre que possível dentro da motivação do tema de cada ano. Enquanto isto, os projetos sociais continuam dependendo da solidariedade concreta e contínua das comunidades onde eles estão inseridos.

 

Neste contexto, cabe ressaltar duas constatações importantes. A primeira diz respeito à grande desigualdade de nosso país, geradora das situações de miséria. A segunda se refere à pouca divulgação da caridade praticada, desperdiçando possibilidades de despertar novas colaborações.

 

A Cáritas Brasileira se encontra no meio deste fogo cruzado. Na busca de recursos fora do país para apoiar projetos sociais, recebe com freqüência crescente a advertência de que esses recursos deveriam ser encontrados em nosso próprio país, que não é pobre, é simplesmente desigual.

 

De fato, a constatação é pertinente. Como organismo da Igreja incumbido de despertar a solidariedade, a Cáritas precisa sempre voltar suas atenções para dentro do Brasil, incentivando a organização de cáritas locais, seja de âmbito diocesano como paroquial. Esta aliás é uma das metas do mandato da diretoria que está iniciando este ano. Cada vez a solidariedade precisa assumir o rosto dos problemas existentes em cada localidade, onde é possível despertar a motivação de solidariedade das pessoas envolvidas com estes problemas. Sem esquecer que a luta por políticas públicas será sempre uma bandeira indispensável da Cáritas e de todos os que querem promover a solidariedade. É missão inalienável da política estruturar a solidariedade e garantir sua efetiva realização.

 

Ao mesmo tempo, a Cáritas Brasileira se dá conta de que é preciso divulgar mais as múltiplas iniciativas de solidariedade existentes no país. Pois sua divulgação desperta e canaliza a generosidade de pessoas que gostariam de colaborar, mas não sabem como. Existe um meio de campo importante, que é preciso administrar com agilidade e competência, para o bem daqueles que estão esperando por nossa ajuda.

 

Neste ano, a Diocese de Jales procurou divulgar um pouco mais as diversas iniciativas sociais promovidas nas comunidades. Assim, quem quiser colaborar, pode ter a certeza que sua ajuda será bem valorizada.

 

D. Demétrio Valentini é bispo da Diocese de Jales (http://www.diocesedejales.org.br/).

 

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