Correio da Cidadania

As perspectivas de um Brasil de párias

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Esses dias, por questões familiares, tenho andado muito no setor de oncologia do Hospital Regional de Juazeiro. Ali vejo pessoas sendo atendidas pelo SUS. Diagnóstico, exames, remédios para tratamento, assim por diante.

 

Qualquer tentativa de ir para a medicina privada se torna impossível para a esmagadora maioria daquelas pessoas e famílias. Tudo é absolutamente caro e inalcançável.

 

O espaço é simples e digno. O atendimento é muito humanizado. As atendentes, enfermeiras e o próprio médico muito gentis. O problema, como sempre, é uma certa lentidão no atendimento, fator que pode ser melhorado com um pouco mais de capricho na gestão.

 

Saio dali e fico pensando como será a situação de pessoas com câncer daqui a 4 ou 5 anos, que dirá vinte anos! O que restará da saúde pública depois da aprovação da PEC 241? O que me faz ferver o sangue é ver, mais uma vez, nomes como do senador Cristóvão Buarque e Marta Suplicy votando a favor de uma perversidade política desse porte.

 

E a educação? Se hoje as escolas são precárias, se ninguém mais quer ser professor pelo baixo nível dos salários, se um país precisa de educação para ser considerado como tal, o que restará da educação desse país daqui a vinte anos?

 

E o saneamento? Fernando Henrique fez um acordo com FMI e Banco Mundial e, por consequência, o Brasil ficou 10 anos sem investir em saneamento. O resultado é que hoje nosso padrão de saneamento é considerado nos mesmos níveis de Londres e Paris, só que em 1400. Congelando os investimentos em 8 bilhões de reais ao ano – é o que foi feito -, vamos levar mais de 60 anos para resolver um problema elementar que torna civilizado um país e um povo. Isso se houver o investimento e se ele for bem feito.

 

Mas duvido que os esmagados se calem e se conformem. A revanche virá. Tal como está, é impossível imaginar esse país em perspectiva, sem pensar numa sociedade de privilegiados e o restante de párias. A diferença brutal desse governo em relação aos anteriores é que eles se propunham a ser mais inclusivos; esse é declaradamente excludente.

 

Uma das bandeiras de luta para os próximos passos é anular, através de um plebiscito nacional, as decisões tomadas pelos traidores.

 

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