Correio da Cidadania

Cunha (e outros) na prisão

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Pessoas que possuem formação superior costumam passar por quatro fases ao serem presas: a da indignação, na qual se consideram injustiçadas; a da depressão, quando se dão conta de que a porta do cárcere não se abrirá por milagre, malgrado seus bons advogados; o período da abnegação, quando o preso se convence de que não deve ficar com a cabeça aqui fora enquanto o corpo está lá dentro; e o da resiliência, quando passa a fazer exercícios físicos e aproveitar melhor o tempo com leituras, artesanato, estudo de seu processo, aprendizado de idiomas ou jogos como xadrez ou baralho.

 

Há quem não supere a fase da depressão. Em meus anos de cárcere, vi companheiros ficarem na cama 18 horas por dia, na expectativa de que o tempo passasse mais rápido...

 

No caso da Lava Jato, o maior sofrimento dos presos consiste em suportar a dor de seus familiares, obrigados a mudar hábitos de vida e a enfrentar constrangimentos; a pressão sobre os advogados, para que encontrem o quanto antes a porta de saída; e a espada de Dâmocles chamada delação premiada: guardo silêncio e suporto os longos anos de condenação ou alivio o meu lado e complico o de outros envolvidos em maracutaias?

 

E há aqueles que, temendo ser presos e conscientes de que têm culpa no cartório, usam seu poder político para fazer aprovar, a toque de caixa, a lei contra o abuso de autoridade, versão hodierna da Lei Fleury aprovada pela ditadura.

 

Leia também:


Quem tem medo de Eduardo Cunha?

 

 

Frei Betto é escritor, autor de “Reinventar a vida” (Vozes), entre outros livros.

 

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