Sobre provas, convicções e hóspedes indesejáveis

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Sergio Domingues
18/09/2016

 

 

Em 14/09, um grande grupo de crianças e jovens negros circulava por Copacabana. A polícia foi chamada para reprimir um suposto arrastão.

 

Cerca de 40 menores foram detidos. Nada foi encontrado com eles que justificasse as acusações de roubo.

 

A polícia não precisava de mais provas contra o grupo além do racismo que alimenta suas convicções e as dos que a acionaram.

 

A casos como esses correspondem exemplos em que a impunidade preserva criminosos comprovados, mas que têm a cor de pele e a classe social consideradas adequadas.

 

No mesmo dia do “arrastão” de Copacabana, Lula da Silva foi acusado de corrupção pela Operação Lava Jato. Não há provas, disseram os acusadores, só convicção.

 

Os protestos de Lula são legítimos. Mas a perseguição política de que ele é vítima tem motivos muito específicos. Não se trata do que seu governo fez ou deixou de fazer. Mas de suas origens sociais e históricas.

 

Alguém que nasceu na Senzala, liderou greves e presidiu um partido de esquerda jamais conquistará a confiança da Casa Grande. Ainda que nunca tenha faltado docilidade no tratamento que dispensou a seus proprietários.

 

É por isso que a regra que destina tratamento injusto ao andar de baixo abriu uma exceção para fazer o mesmo no andar de cima, desde que os atingidos sejam hóspedes que se tornaram muito inconvenientes.

 

Mas há um crime pelo qual Lula pode ser condenado com abundância de provas. É a convicção de que deverá permanecer ao lado dos que jamais toleraram sua gente.

 

 

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Sergio Domingues é sociólogo e servidor público federal.

Blog: Pílulas Diárias.

 

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