Ordem é ninguém passar fome e Progresso é o povo feliz

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Otto Filgueiras
05/05/2015

 

Mesmo que o horizonte socialista ainda esteja distante, é fundamental não perder de vista os valores fundamentais do socialismo. E ter no posto de comando a necessidade de voltar a estatizar as empresas públicas privatizadas desde os tempos do ex-presidente Fernando Collor de Mello e estatizar as grandes empresas e bancos públicos que continuam privados.

 

Precisamos continuar defendendo a ampla liberdade para as mulheres, o direito ao aborto, o direito de gays e lésbicas, contra a homofobia e pelo fim da Polícia Militar em todo o Brasil. Ter um serviço de saúde, educação e transporte público decente, totalmente gratuito e universal.

 

E punição para os facínoras de ontem e de hoje. Cadeia para Jair Bolsonaro e Carlos Alberto Brilhante Ustra, que terão julgamentos justos. Julgamentos que não deram às suas vítimas, assassinadas nas masmorras da brutalidade.

 

Vamos lutar e o socialismo vai finalmente triunfar em um ou em muitos países. Sabemos que o socialismo ainda não deu certo economicamente. Temos claro que precisamos de um socialismo não estalinista, mas marxista. O socialismo de esquerda marxista.

 

Temos de continuar criticando o esquerdismo, o militarismo, o doutrinarismo e o positivismo, principalmente nas organizações e partidos de esquerda. Estamos de acordo com Ademar Bogo, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), poeta, compositor e cantador de moda de viola, de que Ordem é ninguém passar fome e Progresso é o povo feliz. Mas nem por isso podemos concordar que a tese dos positivistas influencie a esquerda, particularmente a esquerda revolucionária.

 

A violência sanguinária recente da PM do governador tucano Beto Richa contra os professores do Paraná repete o que já acontece em vários estados do Brasil e contra pobres e negros nas periferias das cidades. A repressão é a resposta dos neoliberais à crise capitalista. E vai continuar.

 

Por isso não basta apenas dizer que é “meia sola” o partido não aceitar contribuições financeiras de empresas e deixar o caminho livre para seus parlamentares fazerem isso.

 

É preciso mais. O povo trabalhador tem o direito de reagir. Não dá mais para ser espancado e responder apenas com denúncias das atrocidades ou fazer passeatas de protestos como se estivesse desfilando em passarelas da fama.

 

Precisamos dar o exemplo e ter um programa socialista em alternativa ao capitalismo monopolista. Por enquanto até aceitamos uma espécie de NEP na República Popular da China.

 

Sabemos que até o socialismo triunfar teremos que conviver com o capitalismo, mas não admitimos que sindicalistas viajem às expensas dos capitalistas e com direito a deitar com prostitutas. Entendemos que tudo isso é usado pela direita e extrema-direita para cooptar e desmoralizar lideranças de trabalhadores.

 

Não podemos fazer manifestações de 1º de Maio com artistas profissionais, repetindo o que fazem os pelegos da Força Sindical. Assim como de pouco adianta espernear para ter o direito de participar de atos públicos e falar para pouca gente.

 

O sistema capitalista é inviável, ele mesmo provoca suas crises, sempre de superprodução para continuar explorando e aviltando mulheres, homens, velhos e crianças.

 

Precisamos avançar, mesmo sem a certeza na frente e a história na mão.

 

 

Otto Filgueiras é jornalista e está lançando o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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