Voto nulo é alternativa democrática a dilema falso

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Duarte Pereira
14/10/2014

 

 

As espúrias alianças do PT com personalidades e partidos de direita não podem ser separadas dos sucessivos escândalos dos governos Lula e Dilma. Por que, então, nos comprometermos com as posições, alianças e métodos desses governos?

 

A alternativa democrática do voto nulo no segundo turno deve ser examinada com seriedade e sem temor.

 

Não identifico diferenças substanciais entre as duas candidaturas. Não há, em ambas, alianças com o grande capital e com a direita conservadora, não estão envolvidas por escândalos de corrupção ativa e passiva assemelhados? Por que, então, continuarmos nos atrelando à cômoda teoria do “mal menor”?

 

Ao advertir para o falso dilema em que estamos enredados, o voto nulo não é, neste momento, o bem menor? Não contribui para elevar a consciência crítica de companheiros para a identidade básica no conteúdo e na forma de ambas as propostas que restaram, identidade básica que as campanhas raivosas tentam desesperadamente encobrir?

 

Com um Congresso Nacional ainda mais conservador, alguém tem dúvida do que vai ser necessário negociar para garantir a famosa “governabilidade” de um eventual governo Dilma, para não falar de um eventual governo Aécio? Como o fortalecimento do desenvolvimentismo capitalista pode aproximar-nos de um socialismo atualizado?

 

A tática não deve servir à estratégia? Que diabo de tática é essa que no máximo nos conduz, há tantos anos, a um social-liberalismo, ao enfraquecimento progressivo das forças de esquerda e de centro e ao crescimento ameaçador das forças  de direita? Se persistimos numa estratégia socialista, não devemos buscar uma nova tática – ampla, mas combativa e mobilizadora, que aproxime as forças de esquerda das forças de centro, mas invista contra as diferentes forças conservadoras e de direita, representativas do grande capital, nacional e transnacional, financeiro e produtivo?

 

Não existem “atalhos” para as verdadeiras transformações sociais, nem militaristas, nem pacifistas conciliadores. Se continuamos querendo essas transformações, temos que voltar, cada um de nós no limite de suas possibilidades, ao difícil e demorado caminho da mobilização, organização e educação política das bases populares e de seus aliados.

 

Duarte Pereira é jornalista.

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