Correio da Cidadania

Plínio de Arruda Sampaio, paixão e revolução

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Muita gente não entendeu, muita gente não captou. A juventude captou, porque a juventude pensa no futuro e eu estou falando para o futuro, não estou falando nem para o presente horrível que temos hoje nem para o passado. Jovens, pensem grande. Não acreditem no impossível, o impossível torna-se possível se você quiser (Plínio de Arruda Sampaio).

 

O Brasil perdeu um de seus maiores lutadores. Plínio de Arruda Sampaio foi um homem companheiro e alegre. Os legados políticos e teóricos de sua vida e obra serão um incentivo para cada um de nós. Depois de um mês de luta para viver, ele nos deixou, mas devemos ressaltar suas várias décadas de luta em defesa de um país mais justo. Plínio, sem dúvida, é um nome que está escrito na história de nosso país. Um desses raros imprescindíveis que, com leveza, coragem e determinação, fez da vida um instrumento de luta.

 

Nos distintos tempos históricos e espaços sociais nos quais transitou, a ideia-força que marcou sua atuação junto à Igreja Católica e aos movimentos sociais camponeses foi a de ser uma das vozes sempre defensoras da democracia, da liberdade, da reforma agrária e do socialismo. Em seu primeiro mandato como deputado federal (1963-64), foi relator do projeto de reforma agrária do governo João Goulart. Com o golpe, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio.

 

Nunca deixou de lutar. Entre 1964 e 1970, atuou no Chile. De 1965 a 1975 foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação, trabalhando em todos os países da América Latina e Caribe. Desde então, atuou como consultor da FAO e junto à Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).

 

Plínio ocupou também as trincheiras do Partido dos Trabalhadores, que ajudou a fundar e que representou, como deputado constituinte, no Congresso Nacional. Rompeu com o PT quando o partido já mostrava sua adequação ao sistema e aos poderes dominantes. Saiu para fundar o PSOL, partido ao qual dedicou os últimos anos de sua vida e muito da energia, da criatividade e da generosidade que o moveram ao longo de mais de 80 anos.

 

Em 2010, Plínio nos orgulhou imensamente ao apresentar ao país uma candidatura à presidência que encantou a juventude e mostrou ao PSOL que o caminho da coerência, da firmeza ideológica e da práxis política revolucionária é o que deve ser seguido. Plínio ousou. Defendeu a legalização das drogas e do aborto, fez da sua campanha também um instrumento de divulgação do plebiscito pela limitação da propriedade da terra e de denúncia das desigualdades sociais.

 

Nós, do Ceará, tivemos a oportunidade de dividir com ele diversos momentos naquele ano e, inclusive, festejamos seu aniversário de 80 anos em uma bela noite socialista na Escola do MST. Na memória da nossa militância e dos movimentos sociais que compartilharam conosco a estadia de Plínio, estão a roda de conversa com a população em situação de rua, na Praça da Bandeira, a visita à Comuna 17 de abril, organizada pelo MST, e as conversas com os(as) trabalhadores(as) do Mercado Central e com a militância sindical de organizações parceiras. Eram atividades que ele tinha alegria de vivenciar, apesar do cansaço advindo da idade e da saúde frágil.

 

Seu sorriso nos inspirou. E continuará a inspirar, pois sabemos da necessidade de escrever a história a contrapelo. Com emoção, registramos nosso agradecimento por tanta generosidade e luta. Nosso afeto a sua companheira Marieta e toda à família de Plínio, que, apoiando-nos sempre, também dividiu conosco todos esses momentos. Nossa saudade.

 

E reafirmamos: em seu nome, em nome dos(as) lutadores(as) do passado e do presente, seguiremos lutando em defesa de um mundo justo, igualitário, com terra para todos(as) e livre de opressões e explorações.

 

Plínio Arruda Sampaio, presente! Até quando: sempre!

 

PSOL – Ceará.

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