Fórum Social Mundial

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Grupo São Paulo
18/03/2009

 

O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma resposta da sociedade civil ao reinado absoluto do "pensamento único". Seu surpreendente e extraordinário êxito deu alento novo à esquerda mundial, derrotada pelo neoliberalismo no final do século XX.

 

O Fórum provou que há um enorme espaço de diálogo para unir os mais diversos setores da sociedade que se sentem oprimidos, quer por preconceitos quer pela dominação econômica, ideológica e política.

 

A condição desse diálogo é a sua total liberdade e a ausência de qualquer instrumentalização. Por isso, estabeleceu-se como regra que o Fórum não tomaria decisões por maioria de votos; não pressionaria por consensos em torno de estratégias de ação; não admitiria a participação de governos ou partidos políticos, senão como convidados.

 

Estamos falando dos primeiros anos do século XXI, quando a crise que se abateu sobre o mundo capitalista já se prenunciava, mas ainda não havia desabado sobre a economia e sobre o Estado Democrático de Direito. Quando os sintomas tornaram-se mais agudos, importantes setores do Fórum questionaram a regra da ausência de proposta unitária, com o argumento de que, para não cair no vazio, a promessa de "um outro mundo possível" precisava acrescentar uma "alternativa" concreta ao despotismo do capital.

 

Setores igualmente importantes resistiram a esse movimento alegando que uma clara opção ideológica ou política levaria a esquerda a novamente falar consigo própria.

 

Agora, em 2009, forte crise abateu-se com toda virulência sobre a economia mundial e alterou substancialmente a realidade que deu origem ao Fórum. De lá para cá, também o Estado Democrático de Direito, violado em 2001 pelo Patriot Act, editado pelo governo Bush, vem sendo minado tão gravemente quanto no período de auge do fascismo.

 

A necessidade de propor uma alternativa tornou-se mais clara e mais urgente. Neste clima, o Fórum realizou-se em Belém do Pará nos últimos dias de janeiro.

 

A divergência de fundo não foi totalmente dirimida, mas, revelando um significativo amadurecimento político, os dois grupos encontraram uma solução de compromisso. Os "tradicionalistas", se quisermos chamar assim os que defendem o Fórum exclusivamente como um espaço amplo de debate, aceitaram proposta de realização de uma Assembléia voltada para a aprovação de manifesto claramente fundado na ideologia socialista – a Assembléia das Assembléias. Dessa Assembléia participaram aqueles que, militando no feminismo, no ecologismo e em outras diversas frentes de luta, aceitam uma proposta de caráter socialista.

 

Por outro lado, os que propuseram a fórmula da Assembléia das Assembléias demonstraram-se abertos a examinar novas configurações da proposta socialista, a fim de evitar o dogmatismo e o autoritarismo que a distorceram no século XX. O teste desse avanço dependerá do apoio efetivo dos participantes do Fórum na concretização do calendário de lutas de 2009.

 

Marietta Sampaio, Carla Dozzi, Andrea Paes Alberico, Carlos Alberto Cordovano Vieira e Thomaz Ferreira Jensen, do Grupo de São Paulo - um grupo de 12 pessoas que se revezam na redação e revisão coletiva dos artigos de análise de Contexto Internacional do Boletim Rede, editado pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, de Petrópolis, RJ.

 

Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

Artigo publicado na edição de fevereiro de 2009 do Boletim Rede.

 

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