Correio da Cidadania

“Vamos levantar a Pátria que eles colocaram de joelhos”

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Luiza González e Andrés Arauz, candidatos à presidência e à vice do Equador no comício de encerramento na capital (LWS-ComunicaSul)

“Nós sabemos como levantar esta pátria que eles colocaram de joelhos, sabemos como reconstruir o Equador, pois temos experiência, conhecimento, capacidade e equipe”, afirmou a advogada Luisa González, candidata do movimento Revolução Cidadã à presidência do Equador, na noite desta quarta-feira (16), no encerramento de campanha em Quito, no bairro Solanda, na zona Sul da capital.

Segundo Luisa, “já fizemos muito do que propõem os demais candidatos na década em que a Revolução Cidadã (2007-2017) ganhou. Tudo o que propõem é aquilo que eles mesmos destruíram”.

Aclamada pela multidão, a candidata defendeu que “este é o momento de retomarmos o controle do país, retomá-lo de uma direita neoliberal que o destroçou e retirou nossos direitos. Vamos devolver os sonhos que nos roubaram aos nossos filhos, aos nossos idosos, aos homens e mulheres que precisam de emprego, saúde, aos jovens que necessitam de oportunidades, educação e investimento”. Na campanha de 2017, explicou Luisa, “ninguém pedia estradas, pois havia estradas de primeira, éramos o segundo país em malha rodoviária da América Latina, um exemplo. Falávamos que éramos do Equador com orgulho e hoje nos conhecem pelas estatísticas de morte”.

“Dizem que ‘a segurança é o primeiro’, mas não é só isso. Vamos trabalhar a segurança, é claro, depurando a força pública, assim que se vá este governo corrupto que se deixou infiltrar pela máfia, pelo tráfico e pelo crime organizado. E vamos também fortalecer a força pública, dar-lhes também dignidade, pois não é possível que um policial durma no chão, pois não há nem um colchão para que ele possa descansar; que saiam a patrulhar em veículos destroçados. Teremos uma força pública depurada, para nos garantir a vida. E temos que trabalhar com a Justiça para que não haja impunidade, para que todo aquele que cometeu um crime sinta o peso do Estado e da lei e vá preso. Assim vamos retomar o controle do país”, apontou.

Mas não se trata apenas de segurança, ponderou Luisa, “necessitamos pensar nas crianças que precisam ir para a escola, em nossos jovens que não têm acesso à educação, a bolsas de estudos, que precisam de vagas nas universidades, de um programa de empregos. Tudo isso tem que ser feito ao mesmo tempo. Eu vou tomar medidas imediatas: vamos declarar emergência na segurança e também emergência na saúde, vamos colocar medicamentos nos hospitais, vamos devolver os médicos a seus postos de trabalho, porque vamos garantir a vida de nossa gente. Não é possível que uma mãe nos morra nos braços porque não temos dinheiro para comprar uma receita. O Estado tem que funcionar, as pessoas não podem morrer nas portas do hospital”, acrescentou.

Luiza condenou o reiterado apelo à violência: “Vamos liberar o porte de armas, eles dizem. E aí convertem a segurança em um privilégio, pois quem pode comprar armas? Aliás, quem quer mais violência? Cuidado, falar somente de armamento, queridos equatorianos, é pensar um futuro em que, ao invés de fazer universidades, ao invés de fazermos a extensão do metrô, vamos fazer cemitérios e cadeias. Esse não é o Equador que merecemos! Esse não é o Equador que queremos! Esse não é o Equador em que vamos viver”.

“Eu lhes pergunto, mulheres da minha pátria. Há sete candidatas à vice-presidência da República. Sete. Onde estão? Quando vocês as viram visitando o país, reunindo-se com sindicatos, com as mulheres? Quando vocês a viram? Nunca! Estes senhores desprezam as mulheres, invisibilizadas como ficamos nestes seis anos. É isso que vocês querem para as suas filhas? Para as suas irmãs?”, questionou.

Arauz conclama a luta pelo bem viver

Candidato a vice-presidente, o economista Andrés Arauz, iniciou sua intervenção saudando “a bela, valente e firme militância do movimento Revolução Cidadã, que é um projeto que nasce das entranhas da luta do nosso povo. Nunca devemos esquecer porque estamos aqui, que é para lutar e conquistar o tão desejado Bem Viver”, frisou o ex-ministro de Conhecimento e Talento Humano do governo de Rafael Correa.

Arauz recordou que, desde 1999, o país foi mergulhado em uma profunda crise. “Uma crise seguida pelo aumento terrível da pobreza, da migração forçada e a destruição da nossa sociedade”, condenou. Segundo o dirigente, foi junto à cidadania, com as organizações sociais que “se construíram amplas alianças conformando um bloco histórico com essa força popular de mulheres, estudantes, profissionais, trabalhadores, camponeses e pescadores, de todos os que haviam sido excluídos”. Assim, recordou, “percorremos a Pátria e quando diziam que íamos ser uma força insignificante em 2006, o povo equatoriano se pronunciou com contundência e demonstrou que se podia alcançar a dignidade”.

Defendendo o legado do ex-presidente Rafael Correa, Arauz enfatizou não estar ali “para respeitar o velho regime da partidocracia, dos filhinhos de papai, das oligarquias e dos banqueiros que destruíram o nosso país”. Para seguir em frente, acrescentou, “é necessário dar prioridade ao sistema produtivo, democratizar o Estado, transformar as instituições e as relações de poder na sociedade”.


Partidários do movimento Revolução Cidadã no comício em Quito

Quando a Revolução Cidadã era governo, recordou, “começamos a barrar a evasão tributária, dizer que o petróleo e os recursos naturais são dos equatorianos e com essas transformações iniciamos a fazer o que o povo pensava que nunca seria feito”. “Começamos a semear obras em todo o país: hospitais, hidrelétricas, rodovias, portos e aeroportos, unidades educativas, centros infantis, melhoramos as condições dos trabalhadores, dos professores, dos policiais e militares”, disse.

“Foi assim que voltamos a criar um sistema de saúde pública plenamente abastecido de medicamentos. Não podemos esquecer esse capítulo da história. Fizemos isso porque havia gente que tinha clara a prioridade do que tinha que fazer. A prioridade era nosso povo e a clareza e a lucidez revolucionária”, destacou Arauz.

Diante dessas medidas, esclareceu o candidato, é que batemos de frente com “a traição e a manipulação das oligarquias, dos que estão acostumados a tratar de lavar o cérebro da nossa gente, incluindo hoje atos de terror, querendo atentar contra a nossa democracia”. Sobre o recente assassinato do candidato Fernando Villavicencio, Arauz esclareceu que foi um crime para alterar o resultado das urnas, uma vez que “ele iria apresentar denúncias de amplas repercussões”. “Claro que tínhamos uma rivalidade política e que havíamos nos enfrentado pelos meios de comunicação, na Assembleia Nacional, na Justiça, nas urnas, porém sempre respeitando a vida do adversário”, assinalou.

Para o economista, é evidente que o assassinato é resultado da ação das forças mais obscuras com o intuito de retardar o desenvolvimento do nosso país e do continente, “por isso lamentavelmente agiram para sabotar o processo democrático, quiseram suspender as eleições e quando se conhecerem as gravações do Conselho de Segurança Pública do Estado vamos ver que, lamentavelmente, armaram um complô com dimensão transnacional”. Enfatizando a capacidade do Revolução Cidadã realizar as transformações urgentes para o país, Arauz concluiu: “E por isso estamos aqui hoje. E por isso que vocês estão aqui também, não por uma pessoa ou duas, ou por um binômio. Estamos por uma série de ideias, de princípios e valores. Porque nós acreditamos no amor à Pátria, porque nós sabemos como fazer, porque já o fizemos”, destacou.


Ex-presidente Rafael Correa discursou pelo telão (LWS-ComunicaSul)

Rafael Correa é aclamado pela multidão

Perseguido político dos regimes neoliberais que tomaram de assalto o Palácio Carondelet, o ex-presidente Rafael Correa, que encontra-se exilado na Bélgica, foi aclamado pela multidão ao aparecer e discursar ao vivo, no telão, acompanhando o encerramento do ato. “Que triste momento vive a Pátria. Momento de terror. Isto é o que a direita cria, para evitar que pensemos, para nos confundir. Sabiam que podíamos ganhar no primeiro turno. Então, o que fizeram em nove de agosto? Assassinaram a Fernando Villavicencio. Não tenho a menor dúvida de que foi um complô, uma conspiração para prejudicar a Revolução Cidadã. Sabemos quem foi Villavicencio. Um acirrado inimigo que nos ataca há anos. Respondemos com a Justiça, como um país civilizado, como se resolve os conflitos numa sociedade civilizada. Mas algo aconteceu e ele está morto pela mão de sicários. É evidente e isso dizem os vídeos”, explicou o ex-presidente. E enfatizou que este é um complô que tem a cumplicidade da Polícia, “sem excluir a participação da própria CIA”.

Como lembrou Correa, “o levaram a uma camionete vazia e os que conhecem segurança sabem que isto é impossível, que tem que ter pelo menos um motorista esperando, porque é uma pessoa a ser protegida. É uma questão fundamental, mas estava vazia a camionete, porque sabiam que iam disparar. O levam para uma camioneta vazia quando seu carro blindado chegaria momentos depois porque seu condutor disse que havia confundido a porta. E em vez de esperar uns segundos, o fazem entrar sozinho em uma camionete sem blindagem. É demasiado evidente o complô, a conspiração. Desaparece o celular de Villavicencio, o sicário ferido, que podia dizer muitas coisas, em lugar de ser levado a uma clínica, que estava a 100 metros, foi conduzido à procuradoria para que morresse no caminho e assim pudessem silenciá-lo”.

Na avaliação de Correa, Villavicencio, que estava em quarto lugar, “foi morto para que não pudéssemos ganhar no primeiro turno”. “É claro que a Polícia está implicada. Não pode haver tanta inépcia, tanta negligência, e muitos têm confundido isso. Despertaram ódios, despertaram temores, mas temos que superar esse ódio, enfrentar o ódio com amor. Querem convencer que fomos nós? Que somos estúpidos? Se estamos ganhando, a quem prejudica essa morte? É claro que beneficia a direita fascista, aos que querem que continue a situação atual”, concluiu.

No encerramento do ato, ao som da música “O povo unido jamais será vencido”, do grupo chileno Inti Ilimani, milhares de pessoas emocionadas levantaram as mãos fazendo o número cinco, da lista da Revolução Cidadã, e bradaram: “una sola vuelta” [um chamado a vencer no primeiro turno].

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