Correio da Cidadania

Maduro deve sair do poder nos próximos dias

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O país entrou num ponto de não retorno. Nenhum salário, pensão ou “bono” pode superar o aumento dos preços, e menos ainda tolerar o alto custo de vida. Podemos dizer que a Venezuela entrou em uma metástase política, econômica e social.

Os saques a caminhões cheios de comida, a centros de armazenamento do governo ou privados, assim como a supermercados ou pequenas vendas, ainda que o governo com sua chantagem do controle comunicativo oculte, através de meios públicos ou dos poucos “privados” que existem no país no âmbito de televisões e rádios, podem ser vistos nas redes sociais.

Estas, mostram como desde Zulia até Bolívar, passando por Barinas, Portuguesa, Apure e Guárico, ou em Sucre, Anzoátegui, Monagas ou Delta, retornando até os andes venezuelanos, que um povo faminto invade fazendas para sacrificar gado ou que em um desses estados se assassinou um “constituinte”. Ou pior, ficamos sabendo que morrem jovens fugindo pelo alto mar do pesadelo econômico e social, a prova mais contundente de que a Venezuela não existe como República, que sua “constitucionalidade” foi convertida em prostituição jurídica, e quem a governa fez do Estado uma bazófia política.

Mas não é tudo. A tropa militar, essa que não tem hierarquia de “maior general” ou “alta oficialidade”, exige a presença até do ministro da defesa em seus espaços de trabalho porque a comida é de má qualidade ou se “distribui” em rações insuficientes, o que também se aplica para os corpos civis e policiais do país, que, ademais, trabalham sem unidades de investigação, sem transportes, sem dotação de materiais laborais nem uniformes. Isso também evidencia que as “instituições” estão quebradas em todas as suas áreas operativas.

Insólito fica quando um trabalhador, ao ver esgotado precisamente os canais “institucionais” para denunciar, por exemplo, que sua renda (“quinzena salarial”) nem sequer dá pra comprar um detergente que permita lavar seu “uniforme”, tem como resposta de um hierarca daqueles que são distinguidos pelos “soles” o chute (demissão, apesar da “imobilidade laboral”). Neste caso, no Metrô de Caracas (1), porque segundo o milico se alguém denuncia publicamente que tem fome ou necessidades está violando “a moral” e “bons costumes” de uma empresa do “Estado”. Um neofascismo, no limite.

A hiperinflação que este governo originou também liquidou com o próprio governo em sua estrutura orçamentária. Por essa razão colapsaram a educação, a saúde, os serviços públicos. Ou seja, é impossível que exista o programa de alimentação escolar, e tampouco dar de comer aos hospitalizados, assim como poder executar trabalhos de infraestrutura física em escolas, universidades ou centros assistenciais, e menos ainda manter adequadamente a geração de eletricidade ou distribuição de água, no meio de uma telecomunicação caótica, porque nenhuma empresa, salvo que seja paga em dólares, poderá levar a cabo construções, remodelações ou manutenções, porque simplesmente o que hoje custaria em bolívares, amanhã valeria uma quantidade superior indeterminada em moeda nacional, diante da liquidação depreciadora do bolívar.

Os orçamentos só se convertem em enteléquias e aqueles que os executam o fazem para comprar divisas no mercado paralelo com o propósito de que “empresas de maleta” continuem saqueando a nação em cumplicidade com funcionários corruptos.

Foi tal a destruição da Venezuela que inclusive a PDVSA deixou de produzir gasolina e lubrificantes, o que leva a uma permanente escassez desses vitais insumos para o deteriorado transporte público, assim como o envelhecido parque automotivo, o que também terminará por desestabilizar ainda mais o mínimo traslado de alimentos e pessoas que existe no país.

Ante essa inolcutável verdade, o madurismo inventa uma moeda que resolveu chamar de “petro”, e cuja melhor construção em suas siglas se define como: Prostituição de um Estado Totalitário Repressivo e Ostracista, porque é ali onde podemos sintetizar o significado e os significantes de um governo violador de direitos humanos, cuja desesperação por se manter no poder não poderá salvá-lo, nem essa mal chamada “criptomoeda”, e menos ainda a impressão de milhões de “carnês da pátria” com a finalidade de extorquir pela fome o voto dos venezuelanos. E nem sequer se ocorresse um milagre e o barril do petróleo voltasse a passar dos três dígitos em seus preços no curto prazo haveria solução.

E por que ocorre isso? Todos temos respostas, exceto aqueles fanáticos apartados da realidade, ou aqueles que defendem seus mesquinhos interesses com um governo que se converteu em uma ditadura moderna, violentando até a Constituição que dizem “representar” politicamente, mas que na prática utiliza de todos os seus artigos para defecar sobre eles, com o mais putrefato dejeto, empregando uma pseudolegalidade exercida por prostituídos funcionários que venderam suas consciências na acumulação de milhões dos verdes que tanto dizem rejeitar, mas que, essencialmente, os multiplicam em seus vestuários, casas, banquetes, viagens, motores e veículos de locomoção, prendas, joias e até remodelações, ampliações ou reduções de suas próprias figuras.

A fome explodiu em nível nacional. O madurismo reprime e até detém em “flagrante” quem tenta saquear algum caminhão carregado de carne de frango, omitindo que o roubo se deve a causas famélicas (3), inclusive em centros do governo, e se tornou uma constante no país, que não tolera mais a imensa dor social de que padecem as famílias e seres humanos.

Estamos a ponto de chegar ao capítulo final desta história pelo norte, sul, leste e oeste, por nossos chãos, nossos andes, da capital de qualquer estado até o mais recôndito dos povoados, de maneira simultânea. Quando isso ocorrer, Maduro terá de abandonar em menos de 10 dias o poder e também o país, porque se resistir, junto de suas hostes, terá de assumir com maior severidade o julgamento da história.

A única coisa que pode salvar Maduro de tal desenlace é que na voragem destes dias de desastre coletivo, mas muito desconcerto humano, termine por assumir e se comprometer a promover eleições justas e transparentes, apartando a megalomania que tanto sofrimento e tristeza gerou em nosso povo. A propósito de ser cego, quem tiver olhos que veja.

Notas:
1) https://www.aporrea.org/trabajadores/n319633.html
2) https://www.aporrea.org/economia/n319595.html
3) https://www.aporrea.org/contraloria/n319637.html


Javier Santana é professor e educador. Retirado de Aporrea. Trabalhou na Misión Sucre (projeto de inclusão social do governo entre 2003 e 2012

Retirado de Aporrea.
Traduzido por Gabriel Brito, editor do Correio da Cidadania.

 

Comentários   

+1 #1 Professor Livre-Docente da UnicampALCIDES HECTOR RODRI 08-02-2018 19:15
Não concordo com análise de Javier A. V. Santana. Essa posição, na verdade, é aquela dos EUA, que pretende invadir a Venezuela e a isolar totalmente a escala mundial. No entanto, a Venezuela ainda tem apoio da Rússia e da China, países de grande poderio econômico e militar.
O governo Maduro sofre um cerco internacional violento e um ataque interno de setores apoiados pela burguesia venezuelana e pelo capital internacional. Ocorrem sabotagens nos estoques de alimentos, remédios, e outros bens de primeira necessidade para derrubar o governo Maduro, que ainda é apoiado por amplos poderes populares, por grande parte do exército, e eleições estão marcadas para abril.
Além de tudo isso, a Venezuela possui reservas naturais de grande porte, uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e poderá sair dessa crise econômica, como apontam matérias mais técnicas e menos parciais, por exemplo, do respeitado e insuspeito "Finantial Times".
Maduro não está liquidado como alguns anunciam, e pode resistir aos ataques que vem sofrendo para construir um país melhor para os venezuelanos.
Isto é possível desde que não sofra intervenção externa de forças imperialistas. Como todo processo de luta pelo socialismo, ainda mais na situação atual, evidentemente, trata-se de um trânsito difícil.
Aliás, não foi muito diferente o que ocorreu na própria Revolução Russa, que todos, já em janeiro de 1918, anunciavam o seu fim.
Nesse sentido, a matéria de Javier não condiz com a totalidade dos acontecimentos e anuncia algo que não parece tão evidente como afirma o autor de forma propagandística.
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