Ponto sem volta

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Roberto Malvezzi
14/04/2009

 

Cresceu o debate entre os cientistas do clima sobre uma questão essencial: eles devem dizer claramente que, se a humanidade continuar emitindo tantos gases na atmosfera, o aquecimento global chegará a um ponto em que não haverá mais volta e o desastre será completo? Há uma divisão entre os cientistas. Há quem afirme que é preciso dizer claramente, só assim a humanidade reagirá. Outros dizem que não, porque, uma vez sem esperança, não haverá porque reagir. O fato é que já está dito.

 

Sempre me recordo de umas conversas por e-mail com o jornalista e amigo Henrique Cortez, do Ecodebate. Num acordo comum, nos demos 1% de esperança. Ele porque se diz um "cético esperançoso". Eu "porque ainda estamos vivos e creio que Deus existe". Portanto, por razões diversas, não nos entregamos cem por cento ao desespero.

 

Entretanto, se temos 1% de esperança é porque temos que reagir aqui e agora. Ainda mais, é preciso jogar fora os 99% de desespero e nos firmarmos no rabicho da esperança, mesmo que ela seja miúda.

 

A resistência dos pobres, sua capacidade de adaptação, de enfrentar situações adversas pode surpreender, mesmo que tudo indique o contrário. A própria vida, num planeta tórrido, pode surpreender.

 

Sob o calor tórrido desse verão sertanejo, que já emitiu sinais de aquecimento 4 vezes maior que em qualquer outra região brasileira, temos que refazer a esperança, ainda que seja de 1%. Nessa semana, em Uauá, próxima a Canudos, caiu uma chuva de 213 milímetros. Significa 213 litros de água por metro quadrado. Diluviana.

 

Assim, a mudança climática já é realidade. Cair na paralisia do desespero ou na indiferença dos alienados, jamais.

 

Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.

 

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