As escolas norte-americanas

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Ronald Barata
02/10/2013

 

 

Além das intervenções militares, “cooperação” econômica, avassaladora atuação das grandes empresas de mídia, corrupção etc., o imperialismo norte-americano tem duas importantes escolas atuando na América Latina.

 

A primeira, a Escola das Américas. Em 1946, era sediada no Panamá, como “Centro de Adestramento Latino-Americano – Divisão da Terra”. Em 1950, mudou o nome para “Escola Caribenha do Exército dos Estados Unidos”, permanecendo no Panamá até 1964. Foi chamada por um jornal panamenho de “Escola de Assassinos” e por um ex-presidente do país, Jorge Illuaca, de “a base gringa para desestabilização da América Latina”.

 

Em 1963, adotou a denominação de “Escola das Américas”. Foi responsável direta por todos os golpes que implantaram ditaduras no continente. Somente nesse período, preparou 60 mil militares e policiais de 23 países. Inclusive ex-presidentes, como os generais argentinos Roberto Eduardo Viola e Leopoldo Galtieri, Hugo Banzer, da Bolívia, e Manoel Noriega, do Panamá, que acabou derrubado por ordem de Bush, por comandar o tráfico de drogas para os EUA.

 

Hoje, a Escola está sediada em Fort Benning, Columbus, Georgia – EUA. Quase todos os seus formados foram acusados de crimes contra a humanidade, em vários países.

 

Sustentada pelos EUA, promove cursos para militares de um país, em outros países. Ensina espionagem e contra-espionagem, técnicas de contra-insurgência, guerra psicológica, terrorismo, interrogatório e tortura, desaparecimentos etc. Formou muitos militares e policiais brasileiros.

 

Promove a “Doutrina de Segurança Nacional” dos EUA que, aqui no Brasil, pontificou no período da ditadura de 1964.

 

A outra escola é o IADESIL –Instituto Americano para Desenvolvimento do Sindicalismo Livre, com sede em Washington. Promove cursos para dirigentes sindicais. Sem disfarces, esses cursos são diretamente preparados pela CIA (Central Intelligence Agency), organização de espionagem e contra-espionagem do governo dos EUA.

 

Possuía um escritório no Rio de Janeiro, na Avenida Graça Aranha. Em 1963, instalou-se em São Paulo, atuando pela derrubada do governo João Goulart. É um organismo da CIOLS (Confederação Internacional das Organizações Livres), mas é mantida pelos norte-americanos da AFL-CIO (American Federation of Labor-Congress of Industrial Organizations), a maior central sindical dos EUA (12 milhões de sindicalizados).

 

Tanto o Iadesil como a AFL-CIO ministram cursos contrarrevolucionários de “liderança” sindical, desenhados sob medida para parecerem de esquerda, mas, na verdade, servem à política traçada pelo sistema dominante. Também sustentam várias ONGs. A CUT filiou-se à CIOLS em 1992.

 

Na atual conjuntura, com uma ofensiva imperial contra a América Latina progressista, esse centro de aperfeiçoamento de pelegos é tão importante quanto a atuação das grandes empresas de mídia. O norte-americano Noam Chomsky, filósofo e ativista político estadunidense, afirma que a América Latina é uma das únicas regiões do mundo onde há resistência real ao poder do império. Declara que há movimentos caminhando para uma verdadeira independência, onde, historicamente, os EUA derrubavam um governo após o outro.

 

Agora já não podem fazê-lo, diz Chomsky.

 

Os EUA reativaram a IV Frota que atua no Atlântico Sul e instalaram várias bases militares em alguns países satélites. Só na Colômbia, colocaram sete bases militares.

 

Ronald Barata é bacharel em direito, aposentado, ex-bancário, ex-comerciário e ex-funcionário público. Também foi militante estudantil e hoje atua no Movimento de Resistência Leonel Brizola. Autor do livro O falso déficit da previdência.

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