Apelo eficaz

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Plínio Arruda Sampaio
06/09/2013

 

 

O massacre que está acontecendo na Síria causa horror. Só de pensar nas milhares de crianças mortas em decorrência do gás sarin, qualquer pessoa fica terrivelmente penalizada.

 

Custa crer que uma pessoa tenha tanto ódio pelo povo do seu próprio país, a ponto de usar meios tão atrozes para vencer a resistência dos que se opõem ao seu poder.

 

O uso de gases mortíferos está proibido já faz muitos anos e sua utilização sujeita o governo que o faz a graves sanções internacionais.

 

Winston Churchill dizia que, na guerra, a primeira vítima é sempre a verdade. Com efeito, ninguém sabe se o verdadeiro motivo da atitude do governo Obama é, de fato, a cessação do massacre ou se a intervenção militar norte-americana visa mesmo é a destituição de um governante que não atua segundo os interesses dos Estados Unidos.

 

Em todo o mundo, as pessoas sentem que é preciso fazer algo e que esse algo não é o que o presidente Barack Obama planeja fazer. Com efeito, todos sabemos que violência atrai violência e que um ataque norte-americano à Síria atrairia certamente violência – violência esta que poderá ter consequências funestas.

 

Aliás, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já declarou que seu país não admite a intervenção norte-americana e que fornecerá ao presidente sírio armas adequadas para repelir os ataques.

 

O papa Francisco se pronunciou sobre a necessidade de não iniciar um massacre. Ele fez um apelo aos cristãos de todo o mundo para que façam um jejum de sete horas (de 14 a 21 horas) no sábado, 7 de setembro, como um gesto de solidariedade às vitimas do bombardeio.

 

Além de correto, o gesto do Santo Padre é corajoso, pois, na verdade, sua proposta constitui uma crítica evidente ao gesto do homem mais poderoso do mundo.

 

É indispensável que todos nós, cristãos, pessoas de fé, agnósticos e ateus militantes, estejamos, de algum modo, sintonizados com esse tipo de apelo. A corrente formada pelo pensamento comum que daí eventualmente resulte pode trazer efeitos positivos, que reforcem a indignação e reação mundial contra a barbárie que se aproxima.

 

Plínio Arruda Sampaio foi deputado federal em 1963/1964 e 1985/1986, além de membro da Assembleia Nacional Constituinte entre os anos de 1987 e 1991. É diretor do Correio da Cidadania.

 

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