Síria: tudo o que muda após a ação da Rússia

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Patrick Cockburn
16/11/2015

 

 

 

 

O balanço das relações de poder militar na Síria e no Iraque está mudando. Desde quando os russos iniciaram uma ofensiva de ataques aéreos no final de setembro, a moral do exército sírio foi reacendida, quando já demonstrava sinais de fraqueza e melancolia. Com o apoio do poder aéreo russo, o exército sírio fechou o cerco numa ofensiva em torno de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, na tentativa de recuperar o território perdido na província de Idlib. Comandantes da infantaria do exército sírio passaram a transmitir coordenadas de 400 a 800 alvos diários a forças russas, sendo que apenas uma pequena proporção destes está sob ataque imediato. As chances de o governo de Bashar al-Assad cair – uma probabilidade mais remota do que muitos sugeriram – estão desaparecendo. Não significa que ele vá ganhar.

Por outro lado, o drama da ação militar russa provocou uma onda retórica à la Guerra Fria pelos líderes ocidentais e os meios de comunicação, distanciando-se dos desdobramentos mais significativos da guerra na Síria e no Iraque. O mesmo equívoco cometido ao longo da campanha aérea norte-americana no último ano — começou no Iraque, em agosto de 2014, para ser estendido mais tarde à Síria – para enfraquecer o Estado Islâmico (ISIS) e outros grupos da Al-Qaeda. Até outubro, a coalizão liderada pelos EUA tinha realizado 7.323 ataques aéreos, a grande maioria deles pela força aérea norte-americana, que fez 3.231 ataques no Iraque e 2.487 na Síria.

 

Entretanto, a campanha mostrou-se incapaz de conter o ISIS, que capturou, em maio, Ramadi no Iraque e Palmyra na Síria. Nesse ínterim, houve muito menos ataques contra o ramo sírio da al-Qaeda, Jabhat al-Nusra, e o grupo islâmico extremo Ahrar al-Sham, que dominam a insurgência no norte da Síria. O fracasso dos EUA é tanto político quanto militar: ele precisa de parceiros em terra para lutar contra o ISIS, mas a sua escolha é restrita, pois os grupos realmente engajados no combate contra os jihadistas sunitas são majoritariamente xiitas – o próprio Irã, o exército sírio, o Hezbollah, as milícias xiitas no Iraque. E os EUA não podem oferecer-lhes cooperação militar completa, porque isso iria alienar os Estados sunitas – base de poder norte-americano na região. Assim, Washington só pode usar sua força aérea para dar suporte aos curdos.

 

Agora, os EUA enfrentam o mesmo dilema no Iraque e na Síria que enfrentaram em 11 de setembro, quando George Bush declarou guerra contra o terror. Na época, divulgou-se que 15 dos 19 sequestradores eram sauditas, e que Osama Bin Laden era um saudita que recebia dinheiro para as operações por meio de doadores sauditas. Mas os EUA não queriam perseguir a Al-Qaeda à custa de suas relações com os Estados sunitas. Por isso que silenciaram a critica à Arábia Saudita e invadiram o Iraque; da mesma forma nunca lidaram com o apoio que o Paquistão dava ao Talibã, o que abriu margem para que o grupo se reagrupasse depois de perder a força em 2001.

 

Washington tentou amenizar o fracasso de sua campanha aérea, oficialmente chamada de Operation Inherent Resolve, fazendo afirmações exageradas de sucesso. Ao divulgar os mapas à imprensa demonstrando que o ISIS tinha perdido entre 25% e 30% de seu território, deixava-se de lado as partes da Síria em que o ISIS foi avançando. Tamanha foi a distorção e manipulação da inteligência por parte do US Central Command que, em julho, mais de cinquenta analistas assinaram um manifesto contra a distorção oficial que estava ocorrendo no campo de batalha. A Rússia, por sua vez, tirou vantagem do fracasso estadunidense na repressão aos jihadistas.

 

Todavia, a grande disputa de poder é apenas um dos confrontos que ocorrem na Síria, e a fixação na intervenção russa obscureceu outros acontecimentos importantes. O mundo não tem prestado muita atenção, mas a luta regional entre xiitas e sunitas intensificou-se nos últimos meses. Não há duvidas de que os Estados xiitas em todo o Oriente Médio, nomeadamente o Irã, o Iraque e o Líbano, estão em uma luta até o fim contra os Estados sunitas, liderados pela Arábia Saudita e seus aliados locais na Síria e no Iraque.

 

Líderes xiitas descartam a ideia, muito favorável a Washington, de que uma oposição sunita considerada moderada, não-sectária, estaria disposta a partilhar o poder em Damasco e Bagdá: eles acreditam que se trate de propaganda divulgada pela mídia na Arábia Saudita e Catar. Quando se trata de manter Assad no comando em Damasco, o crescente envolvimento dos poderes xiitas é tão importante quanto a campanha aérea russa.

 

Pela primeira vez unidades da Guarda Revolucionaria Iraniana foram mobilizadas na Síria, principalmente em torno de Aleppo, e há relatos de que milhares de combatentes do Irã e do Hezbollah estão esperando para atacar pelo norte. Vários comandantes do alto escalão iraniano foram mortos recentemente nos combates. A mobilização do eixo xiita é significativa, porque, embora os sunitas sejam mais numerosos que os xiitas no mundo muçulmano, na faixa dos países diretamente envolvidos no conflito – Irã, Iraque, Síria e Líbano – há mais de 100 milhões de xiitas, que acreditam que a sua própria existência está ameaçada se Assad for derrubado – comparados aos 30 milhões de sunitas, que são maioria apenas na Síria.

 

***

 

Além da rivalidade Rússia-EUA e da luta entre xiitas e sunitas, há uma terceira questão que se desenvolve a passos rápidos no conflito. Estamos falando da luta separatista dos 2,2 milhões de curdos, 10% da população síria, que buscam fundar um pequeno Estado no nordeste da Síria, que os curdos chamam de Curdistão sírio. Desde a retirada do exército sírio de três enclaves, no verão de 2012, os curdos têm sido extraordinariamente bem-sucedidos militarmente. Passaram a controlar uma área que se estende por 400 quilômetros entre os rios Tigre e Eufrates, ao longo da fronteira sul da Turquia.

 

O líder mulçumano curdo-sírio Salih disse-me em setembro que as forças curdas pretendem avançar a oeste do Eufrates, reconquistando a última fronteira mantida pelo ISIS com a Turquia em Jarabulus, para estabelecer a ligação com o território curdo sírio em Afrin. Tal ofensiva é vista com total temor por parte da Turquia, já que de repente ela pode encontrar-se cercada por forças curdas apoiadas pelo poder aéreo dos Estados Unidos ao longo de sua fronteira ao sul.

 

Os curdos sírios afirmam que suas Unidades Populares de Proteção (YPG) reúnem cerca de 50 mil homens e mulheres (embora no Oriente Médio aconselhe-se dividir pela metade todas as reivindicações militares). Eles são a única força que tem afastado rapidamente o ISIS, inclusive na longa batalha de Kobane que terminou em janeiro. O YPG possui armamentos leves, mas são altamente eficazes quando coordenam seus ataques junto com aviões norte-americanos. Os curdos podem estar exagerando na força de sua posição: o Curdistão sírio é a parte mais segura da Síria, na costa do Mediterrâneo, mas a insegurança latente no resto do país é tão crônica que morteiros são lançados diariamente pela oposição nas regiões centrais sob o poder do governo, em Damasco.

 

As linhas de frente são muito longas e têm inúmeras brechas, onde o ISIS infiltra-se e lança ataques repentinos. Quando em setembro viajei de Kobane para Qamishli, outra grande cidade curda, no que a princípio parecia ser uma estrada segura, fui parado em uma aldeia árabe onde as tropas do YPG disseram que estavam realizando uma busca de cinco ou seis soldados do ISIS, que tinham sido vistos pela área. Alguns quilômetros mais adiante, na cidade de Tal Abyad, onde o YPG havia capturado agentes do ISIS em junho, uma mulher correu para fora de sua casa acenando para o carro da polícia e dizendo que ela tinha acabado de ver um soldado do ISIS com roupas pretas e barba correndo pelo seu quintal. A polícia disse que ainda há membros do ISIS escondidos em casas abandonadas pela cidade.

 

Meia hora mais tarde, estávamos passando por Ras al-Ayn, território mantido há dois anos pelos curdos, quando ouvi um barulho e pensei que havia disparos a nossa frente. Mas acabou por ser um homem-bomba em um carro: ele tinha explodido a si mesmo próximo a um posto de controle, matando cinco pessoas. Ao mesmo tempo, um homem em uma motocicleta detonou uma bomba em um posto em que havíamos passado minutos antes, matando apenas a si mesmo. O YPG pode ter expulsado o ISIS destas áreas, mas não para muito longe.

 

Inúmeras vitórias e derrotas no campo de batalha na Síria e no Iraque foram anunciadas ao longo dos últimos quatro anos, mas a maioria delas não foi, em nenhum momento, decisiva. Entre 2011 e 2013 muito se disse no Ocidente, e em grande parte do Oriente Médio, que Assad seguia a mesma trajetória que resultou na queda de Kadafi (ex-presidente da Líbia). No final de 2013 e ao longo de 2014, ficou claro que Assad ainda controlava áreas muito povoadas. Mas, em maio ultimo, com os avanços jihadistas no norte e no leste da Síria, restabeleceu-se a propaganda do desmoronamento do regime. Na realidade, nem o governo, nem os seus opositores entrarão em colapso: por todos os lados há adeptos que irão lutar até a morte. É uma verdadeira guerra civil.

 

Há alguns anos atrás, em Bagdá, um político iraquiano disse-me que “o problema no Iraque é que todas as partes são ao mesmo tempo muito fortes e muito fracas: fortes demais para serem derrotadas, mas muito fracas para vencer”. O mesmo se aplica hoje na Síria. Mesmo se um lado sofre uma derrota temporária, seus aliados estrangeiros irão sustentá-lo. O ISIS foi resgatado pela Arábia Saudita, Catar e Turquia em 2014; este ano, Assad está sendo salvo pela Rússia, Irã e Hezbollah. Todos têm muito a perder: a Rússia precisa de um sucesso na Síria, depois dos vinte anos de retiro. Ao mesmo tempo, os Estados xiitas não vão permitir que haja um triunfo sunita.

 

Vai ser difícil resolver o impasse militar. O campo de batalha é muito grande, com linhas de frente que se estendem desde o Irã até o Mediterrâneo. A entrada da força aérea russa resultará em um novo equilíbrio de poder na região? Será essa força mais eficaz do que os norte-americanos e seus aliados? Para que o poder aéreo seja efetivo, mesmo utilizando misseis de precisão, ele precisa de um parceiro militar altamente organizado em terra para identificação de alvos e afinação das coordenadas para os planos de voo. Esta aproximação funcionou para os EUA quando apoiaram a Aliança do Norte contra os talibãs no Afeganistão em 2001, bem como os peshmergas iraquianos contra o exército de Saddam no norte do Iraque em 2003. A Rússia espera agora ter o mesmo sucesso através de sua cooperação com o exército sírio. Há sinais de que isso pode estar acontecendo.

 

Mas o apoio aéreo russo não será suficiente para derrotar o ISIS e outros grupos do tipo al-Qaeda, já que anos de luta contra os EUA deram aos jihadistas no Iraque e na Síria uma competência militar formidável. Suas táticas incluem múltiplos ataques coordenados por terroristas suicidas, às vezes dirigindo caminhões blindados que carregam várias toneladas de explosivos, bem como o uso de massa de IEDs (minas caseiras) e outras armadilhas. O ISIS dá ênfase ao treinamento prolongado, bem como ao ensino religioso. Seus atiradores de elite são famosos por permanecerem imóveis por horas em busca de um alvo. Além disso, o ISIS age como uma força de guerrilha, contando com ataques-surpresas e diversificando ataques para manter seus inimigos perdidos.

 

Nos últimos três anos, descobri que a melhor maneira de compreender o que está realmente acontecendo na guerra é visitar os hospitais militares. A maioria dos soldados feridos, testemunhas oculares da luta, demonstra tédio por suas convalescências e ânsia para falar sobre as suas experiências. Em julho, eu estava no Hospital de Ensino de Hussein, na cidade sagrada xiita de Karbala, onde uma das alas foi reservada para os combatentes feridos da brigada xiita conhecida como Hashid Shaabi. Muitos tinham respondido a um chamado às armas feito pelo grão-aiatolá Ali Sistani depois de o ISIS ter capturado Mosul no ano passado.

 

O coronel Salah Rajab, o vice-comandante do batalhão Habib da brigada Ali Akbar, que estava deitado na cama depois de ter sua perna direita amputada, lutava em Baiji City, uma cidade no Tigre perto da maior refinaria de petróleo do Iraque, havia 16 dias, quando um morteiro caiu perto dele, deixando dois dos seus homens mortos e quatro feridos. Quando lhe perguntei quais eram as fraquezas da brigada Hashid, ele disse que estavam entusiasmados, mas mal treinados. Podia falar com alguma autoridade: era um soldado profissional que se demitiu do exército iraquiano em 1999. Queixou-se de que seus homens teriam no máximo uma formação de três meses, quando precisavam de seis meses, já que cometeram erros cruciais, tais como falar demais em seus telefones celulares e rádios, no campo de batalha. O Estado Islâmico monitora todas essas comunicações e usou informações interceptadas para infligir pesadas perdas. O maior problema para a Hashid, que possui um agrupamento com cerca de 50 mil homens, é a falta de comandantes experientes capazes de organizar um ataque sem sofrer baixas importantes.

 

***

 

Omar Abdullah, um jovem de 18 anos que serve a milícia voluntária, estava em outra cama na mesma ala. Ele havia treinado por 25 dias antes de ir lutar em Baiji, onde seu braço e perna foram quebrados na explosão de uma bomba. Sua história confirma, segundo o coronel Rajab, o entusiasmo de milicianos inexperientes que acarretam pesadas perdas ao caírem em armadilhas do ISIS. Ao chegar em Baiji, Abdullah disse: “nós fomos alvejados por atiradores de elite e entramos em uma casa buscando abrigo. Havia 13 de nós, e nós não percebemos que a casa estava cheia de explosivos”. Os explosivos foram detonados por um agente do ISIS que mantinha vigilância sobre a casa. A explosão matou nove dos milicianos e feriu os quatro restantes. Soldados experientes também têm sido vítimas de armadilhas como esta. Um especialista em desarmamento de bombas na enfermaria me disse que quando foi analisar uma ponte de madeira de aparência suspeita sobre um canal, um de seus homens pisou em uma mina e detonou uma bomba que matou quatro e feriu três da equipe antibomba.

 

Os tipos de lesão corporal refletem o tipo de combate predominante. A maior parte dos conflitos ocorre em cidades ou áreas construídas, além de envolver combate do tipo “casa-a-casa” em que as baixas militares são elevadas. Soldados sírios, curdos e iraquianos relataram terem sido atingidos por atiradores de elites em seus postos de controle ou feridos por minas e armadilhas. Em maio, eu falei com Javad Judy, um jovem de 18 anos integrante do YPG curdo no hospital Shahid Khavat na cidade de Qamishli, no nordeste da Síria. Ele havia sido baleado em sua coluna vertebral quando seu agrupamento estava patrulhando uma aldeia cristã perto Hasakah, – local controlado pelas milícias do ISIS. “Tínhamos divididos em três grupos para atacar a aldeia”, disse ele, “quando fomos atingidos por fogo intenso de trás das árvores e em ambos os lados”. O jovem ainda estava traumatizado por descobrir que a parte inferior de seu corpo estava permanentemente paralisada.

 

Para alguns soldados, as lesões não são a única ameaça à sua sobrevivência. Em 2012, no hospital militar Mezze, em Damasco, eu conheci Mohammed Diab, um soldado do exército sírio de 21 anos de idade, que um ano antes, em Aleppo, tinha sido atingido por uma bala que estraçalhou sua perna esquerda. Depois de fazer uma recuperação inicial, ele regressou para sua aldeia natal de Rahiya, na província de Idlib – foi uma estratégia perigosa, pois estava sob o controle da oposição. Ao descobrirem que havia um soldado do governo ferido na aldeia, o ISIS fez Diab como refém por cinco meses; eles ainda venderam sua tala de metal e deram-lhe um pedaço de madeira para amarrar a perna em seu lugar. Finalmente, sua família conseguiu pagar o resgate equivalente a U$ 1.000,00, mas sua perna tinha sido infectada e então ele teve que voltar ao hospital.

 

De certo modo, os soldados e combatentes comentaram ter muita sorte: “pelo menos tínhamos um hospital para onde ir”. Milhares de lutadores do ISIS foram feridos em Kobane, onde 70% dos edifícios foram destruídos por 700 ataques aéreos norte-americanos. Em Damasco, bairros inteiros mantidos pela oposição foram transformados em ruínas pela artilharia do governo. Desde março de 2011, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 250.124 sírios foram mortos e estima-se que mais de 2 milhões foram feridos, numa população de 22 milhões de pessoas. O país está saturado pela violência.

 

Em setembro, fui para a cidade de Tal Tamir próxima a Hasakah City, perto de onde Javad Judy foi baleado. O ISIS havia recuado, mas as pessoas ainda estavam muito aterrorizadas para voltar para suas casas – aquelas que ainda estavam de pé. Uma autoridade local disse que estava tentando persuadir os refugiados a voltar. A relutância dele não é surpreendente: na semana anterior uma mulher árabe, aparentemente grávida, havia sido presa no mercado de Tal Tamir ao falhar em detonar os explosivos atados ao seu estômago embaixo das vestes negras.

 

A intervenção russa na Síria, o envolvimento do Irã e as potências xiitas, assim como a ascensão dos curdos sírios, ainda não conseguiram alterar o status quo daquele antigo conflito no Iraque e na Síria, embora tenham potencial para fazê-lo. A presença russa faz com que a intervenção militar turca contra os curdos e o governo em Damasco menos provável. Mas os russos, o exército sírio e seus aliados precisam conseguir uma vitória altamente simbólica – como, por exemplo, capturar metade do território controlado pelos rebeldes em Aleppo – pois são eles que estão transformando o conflito em guerra civil. Assad não quer de jeito nenhum ter seus atiradores de elite como presa fácil na luta corpo-a-corpo, como aquelas descritas pelos soldados feridos nos hospitais.

 

Nesse sentido, a campanha aérea da Rússia tem uma vantagem sobre a dos norte-americanos: foi lançada com o apoio de um exército regular eficaz. Os EUA nunca se atreveram a atacar o ISIS quando este estava lutando contra o exército sírio porque Washington não queria ser acusado de manter Assad no poder. A abordagem dos EUA deixou-os sem aliados reais em terra, somente os curdos cuja eficácia é limitada fora das zonas de maioria curda. A fraqueza da estratégia dos EUA no Iraque e Síria é fingir que exista uma “oposição sunita moderada” ou que possa ser criada.

 

As denúncias ferozes dos estadunidenses contra a intervenção russa provêm do fato de que as pessoas em Washington reconhecem as vantagens da Rússia naquilo que os EUA não tiveram capacidade de fazer. Enquanto isso, a Inglaterra cobiça aderir à campanha aérea liderada pelos EUA, sem perceber que esta já falhou em seu objetivo principal.

 

 

Leia também:


Acordo nuclear: rendição do Irã e a reação russa na Síria

 

 

Patrick Cockburn é jornalista do livro “A origem do Estado Islâmico”, lançado no Brasil pela Autonomia Literária

Tradução de João Victor Moré Ramos, do Outras Palavras.

Artigo originalmente publicado no The London Review.

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